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Ásia central | Explodem protestos no Cazaquistão contra o governo e o aumento do preço de combustíveis

O Cazaquistão vive, nesta quarta (05/01), seu quarto dia de protestos contra o aumento do preço dos combustíveis que foi habilitado pelo governo. Apesar da brutal repressão, as manifestações cresceram e se estenderam, se tornando abertamente contra o governo, que decretou Estado de emergência.

quarta-feira 5 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Os manifestantes saíram às ruas do Cazaquistão, nesta quarta, pelo quarto dia consecutivo em meio a uma fúria generalizada com o aumento dos preços-teto do gás liquefeito de petróleo (GLP).

Os protestos estouraram durante o fim de semana na cidade de Zhanaozen, na região ocidental, rica em petróleo de Mangystau, e desde então têm se expandido para o centro regional de Aktau, na costa do Mar Cáspio do país.

O presidente cazque, Kassym-Jomart Tokayev, tentou acalmar os ânimos contra o aumento dos protestos mandando funcionários e membros de sua administração para a região de Aktau.

Em sua conta do Twitter, o governo declarou que “A comissão tem instruções de encontrar uma solução mutuamente aceitável ao problema que surgiu em interesse da estabilidade do nosso país”, no entanto, também esclareceu que “os órgãos encarregados de fazer cumprir a lei receberam instruções para garantir que a ordem pública não seja violada. Os manifestantes devem mostrar responsabilidade e disposição para o diálogo ".

Essas últimas declarações são denunciadas pelos habitantes da região que assinalam que são usadas para se referir a eles como “violentos” e assim possibilitar a repressão brutal que o governo vem realizando.

Com o passar dos dias, as manifestações se espalharam para outras cidades, bem como para um campo de trabalhadores usado por subcontratados do maior produtor de petróleo do Cazaquistão, Tengizchevroil. Segundo relatos, os protestos envolveram milhares de pessoas.

Os manifestantes exigiam que o preço do GLP fosse cortado pela metade dos 120 tenge (US $ 0,27) por litro que custa com o aumento, somando-se à deterioração econômica causada pela pandemia.

Os varejistas concordaram em cortar o preço, mas apenas em um quarto, enquanto o governo disse que mais cortes são impossíveis devido aos custos de produção.

Na terça-feira os protestos têm se intensificado por todo o país, com os manifestantes exigindo a renúncia do presidente, enquanto o governo envia militares fortemente armados para reprimir a manifestação e exige que a operadora de telefonia Kcell faça interrupções na internet para “garantir a segurança”, declarando Estado de emergência na região de Magistau e Almaty até o dia 19 de janeiro, planejando recolher armas e munições da população. Como resposta, os manifestantes organizaram automóveis para enfrentar as forças repressivas, fizeram emboscadas contra carros carregados de soldados e derrubaram estátuas do ex-presidente Nursultan Nazarbaev, que governou o país por três décadas, até renunciar em 2019. Veja as imagens:

A cidade de Zhanaozen foi palco dos maiores protestos no país desde a dissolução da União Soviética em 1991, quando pelo menos 14 petroleiros em greve foram mortos em 2011 pela polícia que reprimiu um protesto contra as condições salariais e trabalhistas.

O presidente Tokayev assumiu o cargo em 2019, pessoalmente escolhido como seu sucessor pelo "líder fundador" do país da Ásia Central, Nursultan Nazarbayev.

Mas Nazarbayev, 81, que governa o Cazaquistão desde 1989, mantém o controle do país como presidente do conselho de segurança e "líder da nação", um título que lhe concede privilégios únicos na formulação de políticas, bem como imunidade de processo.

Esse controle político absoluto, que inclui um Parlamento sem oposição, aliado à repressão e à perseguição policial permanente, tornou raros os protestos públicos no país. Apesar de as manifestações serem consideradas ilegais se os seus organizadores não apresentarem aviso prévio, as atuais manifestações decorrem de forma espontânea há quatro dias, com repressão policial e militar. À isso, se soma o aumento dos combustíveis, e com ele também o aumento dos produtos básicos, enquanto o Fundo Monetário Internacional também exige aumentos de impostos, inclusive o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que incide sobre todos os bens.




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