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OCUPAÇÃO DE TERRA | Fazenda de 120 alqueires em Monteiro Lobato paralisada há mais de quinze anos é ocupada por quarenta famílias

A luta pelo aproveitamento da terra se acirra em Monteiro Lobato. Projetos de utilização comunitária entram em pauta, e a ocupação caminha rumo ao planejamento de uma horta comunitária, criação de animais, reaproveitamento de água além da manutenção de uma área de preservação de 14 alqueires!

terça-feira 7 de junho de 2016 | Edição do dia

Fotos nesta matéria: Lucas Lacaz Ruiz

Formalmente considerada uma região “socioeconômica”, o Vale do Paraíba, localizado próximo tanto a São Paulo quanto Rio de Janeiro e Minas Gerias, concentra, também, parte considerável do PIB brasileiro, tendo em seus domínios a EMBRAER, maior complexo aeroespacial da América Latina, grandes montadoras como Volkswagen, GM e Ford, eletrônicos da LG e Pansonic, a siderúrgica Votorantim, Michelin e a INB – Indústrias Nucleares do Brasil. Na agropecuária, é o segundo maior polo de produção de leite do Brasil, além de produzir mais de 900 sacas de arroz anualmente. E, além das contradições oriundas do complexo industrial, a luta tem se agravado no campo.

Tais contradições têm se expressado fortemente na questão da terra. Em uma região cuja produção ultrapassa os números convencionais, a imprensa não oficial estimam que pelo menos quatro a cada trinta alqueires de terra útil não está sendo utilizada. Em dezembro de 2015, o MST conquistou espaço em Jacareí, ao puxar uma Assembleia Pública na câmara dos Vereadores sobre reforma agrária. Uma importante luta da classe camponesa tem se dado nas últimas duas semanas com a ocupação de uma fazenda de 120 alqueires (tamanho equivalente a mais de 700 campos de futebol) por quarenta famílias. Não obstante a fazenda estaria paralisada, sem cuidados há cerca de 15 anos, como o caseiro da região não é pago já há quase dez anos.

Organizada por Assembleias, as quarenta famílias que ocupam a Fazenda São Sebastião já iniciaram projetos de aproveitamento da terra. Além da proposta de se manter uma horta comunitária e criação de animais, houve a preocupação de se manter pelo menos 14 dos alqueires para a manutenção de uma área de preservação. Outro projeto será o de implementar um sistema de irrigação nas hortas e plantações – de água oriunda das montanhas próximas –, assim como abastecer as casas que atualmente se encontram em estado precário. Após essas demandas básicas serem atendidas, também se colocará bacias de tratamento natural de esgoto. Atualmente, já se mantém uma cozinha comunitária e as famílias estão ainda hospedadas em barracas – e ainda há muito a ser feito.

Por ser organizada pelos novos moradores através de Assembleias, a ocupação da fazenda São Sebastião ainda precisa de auxílio. De doações até auxílio de engenheiros ambientais, todo apoio deve ser dado para o acampamento “Dirceu Travesso “Didi”, ocupação sem-terra do Movimento Luta Popular, ligado à CSP-Conlutas. Para visitar, e auxiliar a ocupação, basta tomar a SP50, até o quilômetro 103. E enquanto isso, nós, do Esquerda Diário, continuaremos a lançar notícias sobre a ocupação e seus andamentos.

A ocupação da fazenda, no Vale do Paraíba, mostra a necessidade de se avançar nas questões da terra, principalmente em uma região historicamente dominada por latifundiários. Já fazia muito tempo que a região não via uma ocupação efetiva dos sem terra. O grito de luta vindo do Vale do Paraíba ecoa com o das escolas ocupadas por todo o Brasil – Ocupar e resistir! Não fraquejar e seguir com força! Os estudantes pela educação, os sem-terra pela produção e todos pela dignidade e empoderamento de nossa classe!




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