O incêndio criminoso, e anunciado de antemão, destruiu 4 toneladas de documentos sobre a história do cinema no Brasil. "É como se, de repente, você queimasse todo o arquivo do Ministério da Economia de 1950 pra frente. Não tinha só ’coisa para pesquisador’. Eram todos os dados, o arquivo, que a gente usa, filmes, informações sobre eles", afirmou o cineasta Francisco Martins, diretor da Associação Paulista de Cineastas (Apaci).
sexta-feira 30 de julho de 2021 | Edição do dia
Cineasta Glauber Rocha fazendo uma de suas muitas poses para a câmera
Até agora o prejuízo do incêndio que tomou o galpão da Cinemateca Brasileira, localizado na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo, se mostrou imenso. Não sabemos exatamente tudo o que se perdeu, mas as informações que temos agora mostra o quão criminoso foi o Governo Federal em negligenciar as denúncias feitas pelos próprios trabalhadores da Cinemateca.
Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça foi a frase que sintetizou a arte de Glauber Rocha, autor de filmes consagrados como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol. O fogo parece simular uma vingança tardia à profecia de Glauber Rocha, acerca do governo Bolsonaro, expresso em Terra em Transe. Quem nunca viu, veja antes que as hordas queimem o que restar da cultura nacional.
De acordo com os funcionários da Cinemateca, o galpão armazenava:
parte do acervo de vídeo do jornalista Goulart de Andrade;
O cineasta Francisco Martins afirmou: "É como se, de repente, você queimasse todo o arquivo do Ministério da Economia de 1950 pra frente. Não tinha só ’coisa para pesquisador’. Eram todos os dados, o arquivo, que a gente usa, filmes, informações sobre eles"
A Cinemateca sobreviveu ao nazista Roberto Alvim, à amante da ditadura Regina Duarte e estava sobrevivendo ao atual secretário especial de Cultura, o malhação Mário Frias. Mas não sobreviveu a 2 anos e meio de governo Bolsonaro. Glauber Rocha, produções da ECA, acervo da Pandora Filmes, esses e tantos outros documentos são de absoluta inutilidade ao bolsonarismo. A nós, trabalhadores e amantes da sétima arte, são patrimônio inestimável.