Com a justificativa de queda nos lucros das operações no Brasil, a GM apresentou 21 pontos que prejudicam brutalmente os trabalhadores da planta de Gravataí em benefício dos lucros bilionários da multinacional.
terça-feira 29 de janeiro de 2019 | Edição do dia
Entre as medidas apresentadas como ameaça de retirar as operações de Gravataí, há o rebaixamento do piso salarial, congelamento de salários, aumento da carga horária, corte na participação em lucros e resultados, jornadas intermitentes ou de até 12 horas, e por aí vai. É a primeira tentativa de aplicação dos ataques da Reforma Trabalhista em uma grande indústria, a implementação dessas medidas pode abrir caminho para as patronais em todo o Brasil avançarem no mesmo sentido.
Apesar de seus lucros bilionários, e de ter declarado anteriormente que a operação na América Latina (com 3 fábricas no Brasil e uma na Argentina) foi o que segurou os lucros da empresa quando outras regiões davam prejuízo durante o impacto da crise de 2008, a GM usa o discurso de que “não da mais” para ter prejuízo e ameaça sair do país deixando milhares de famílias na rua. Mas mesmo assim se nega a mostrar detalhes dos lucros obtidos.
O governo de Bolsonaro, entusiasta da reforma trabalhista que diz que é “horrível” ser patrão no Brasil, incentivou a empresa a demitir milhares de trabalhadores caso não consiga aprofundar a exploração em suas fábricas, um secretário de Paulo Guedes declarou “se precisar fechar, fecha”. A declaração de Bolsonaro ainda em campanha de que o trabalhador vai ter que escolher entre direitos ou emprego não foi apenas uma frase de efeito, é o verdadeiro plano dos grandes empresários capitalistas para a classe trabalhadora: trabalhar duro por um salário miserável ou morrer de fome.
E os impactos da saída de uma montadora do porte da GM não param na demissão de milhares de trabalhadores. Em Gravataí, por exemplo, os tributos gerados pelo funcionamento da planta correspondem a cerca de 45% de toda a arrecadação do município com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mesmo com as enorme isençõe fiscais concedidas aos empresários. São cerca de 6 mil trabalhadores que operam a fábrica gaúcha, entre operários e prestadores de serviço.
Os trabalhadores em assembleia hoje pela manhã já rechaçaram a proposta e protestaram contra a tentativa da patronal de tirar ainda mais o couro dos trabalhadores, demonstrando importante disposição de luta para barrar esses ataques e mais. Foram centenas de trabalhadores que trancaram o portão da fábrica das 5h30 às 7h da manhã dessa terça-feira (29), como se vê na foto ao final.
É urgente que o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, controlado pela Força Sindical, promova assembleias e comitês de base para que os trabalhadores possam enfrentar esse duro ataque, que não só deteriora suas condições de vida como abre caminho para aplicarem reformas semelhantes em todo o país.
Assim como as grandes centrais sindicais como CUT e CTB precisam romper nacionalmente com essa vergonhosa atuação silenciosa e paralisada e colocar seu peso a serviço de fortalecer a luta dos trabalhadores da GM. Barrar esses ataques podem sinalizar uma forte resistência para todos os trabalhadores do país contra a reforma trabalhista e demais ataques, como a reforma da previdência que vem sendo prometida por Bolsonaro e Paulo Guedes.