No dia 26 de novembro, o Ministério Público de Pernambuco entregou as alegações finais no caso de Miguel Otávio, pedindo a condenação de Sarí Corte Real pelo crime de abandono de incapaz, qualificado pelo resultado de morte e seus agravantes por ser criança e ter acontecido no período de pandemia.
Cristina SantosRecife | @crisantosss
domingo 5 de dezembro de 2021 | Edição do dia
Agora, se aguarda as alegações finais dos advogados de defesa para que o juiz analise todas as alegações e defina o veredicto.
É importante frisar que este 02 de dezembro se cumpriu um ano e 5 meses da morte de Miguel, tempo transcorrido com total impunidade para a patroa e ex primeira dama de Tamandaré, membra da elite política local. Mirtes foi obrigada a comparecer ao trabalho mesmo durante a pandemia pois Paulo Câmara, governador do estado pelo PSB, havia acatado o decreto do governo Bolsonaro/Mourão de que o trabalho doméstico era “serviço essencial”, já que os setores sociais que estes políticos representam são incapazes de lavar o próprio prato.
Durante este tempo, foram inúmeras as manobras desde a justiça que demonstravam o quanto a justiça burguesa atua em benefício das elites e contra a classe trabalhadora e setores oprimidos, como denunciamos no artigo abaixo:
Caso Miguel nos mostra o carater de classe e racista da justiça burguesa
A condenação vinda do ministério público é resultado direto da incansável luta que Mirtes Renata vêm travando junto à organizações dos movimentos sociais, exigindo justiça por Miguel, com quem nos somamos, solidarizamos e acompanhamos nesta batalha, entendendo que não podemos confiar na justiça burguesa, que defende os interesses dos patrões e seus políticos de estimação.
Esta é uma luta de todos os que nos colocamos em defesa das vidas negras e nesse sentido, chamamos às organizações de direitos humanos, entidades de trabalhadores, estudantes e os movimentos sociais para fortalecer esta luta e demonstrar que os que lutamos por um mundo sem racismo seguimos mobilizados, exigindo justiça por Miguel e por cada criança e jovem negro ou negra que teve a vida ceifada pelo capitalismo e pelo racismo, que quando não mata através da violência policial, mata através do abandono ou nos relegando às piores condições de existência.
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