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Crise na educação | Mais de 50 pesquisadores da CAPES renunciam diante da pressão para favorecer ensino privado

Crise no órgão denuncia intervenção do governo Bolsonaro na pós-graduação para favorecer ainda mais a privatização e os lucros dos grandes monopólios de educação privada.

segunda-feira 29 de novembro de 2021 | Edição do dia

Na imagem: O ministro da educação Milton Ribeiro, Bolsonaro e a presidente da CAPES, Claudia Toledo [Reprodução/Twitter]

Até esta segunda, 29, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior), responsável pela pós-graduação no país, já havia somado 52 pedidos de desligamento de pesquisadores de seus quadros e rumores na comunidade científica apontam que o número ainda pode aumentar.

Pesquisadores que pediram a renúncia no órgão denunciam a pressão para aprovação de abertura de novos cursos (ligados às instituições de ensino privado), acelerar a expansão do ensino à distância (EAD) e descaso por parte da presidência da instituição na retomada de avaliação dos programas de pós-graduação no país.

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A atual presidente da CAPES, Claudia Mansani Queda de Toledo, nomeada diretamente pelo ministro da Educação do governo Bolsonaro, é alvo de diversos questionamentos da comunidade científica. Claudia teve boa parte de sua trajetória acadêmica vinculada à instituição privada de ensino de propriedade de sua família (Instituto Toledo de Ensino, Bauru/SP), onde o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, também se formou. Apesar de ter concluído o doutorado apenas em 2012, Claudia já era coordenadora da pós-graduação na instituição de ensino de sua família de 1994 a 2000. A própria instituição da família também já foi alvo de denúncias onde recursos da mesma, que tinha o status de filantrópica, eram direcionados para os familiares que controlavam a instituição, incluindo a atual presidente da CAPES.

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A crise da CAPES, no entanto, contribui para jogar luz a um já extenso processo de privatização do ensino superior, que contou com grande empurrão do FIES, que durante os governos do PT foi responsável por motorizar com recursos públicos os lucros dos cada vez maiores monopólios de ensino privado, às custas do altíssimo endividamento dos estudantes mais pobres que não conseguem ultrapassar o filtro social do vestibular para acessar as universidades públicas. Com o golpe institucional e a entrada do governo Bolsonaro, a lógica privatista se agudizou e os grandes monopólios da educação expandiram ainda mais seus lucros através da precarização do ensino e do trabalho dos professores, através da expansão do EAD e de ataques ao ensino público.

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