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Ásia Central | Manifestantes tomam edifícios do governo no Cazaquistão

Seguem os protestos que há vários dias sacodem o Cazaquistão, devido à alta do preço dos combustíveis. Nesta quarta-feira, o governo foi destituído e a Rússia pede uma “saída constitucional” à crise

sexta-feira 7 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Foto: Frances24

Mais de mil manifestantes cazaques tomaram nesta quarta-feira (5) a sede do governo na cidade de Almaty, a maior cidade e capital econômica do país, onde se escutava disparos, tiros de metralhadoras e onde houve um foco de incêndio, em meio aos protestos que sacodem há vários dias o Cazaquistão com o aumento nos preços de combustível.

De acordo com a agência Interfax-Kazajstán, nas janelas do segundo andar do edifício estatal se via chamas e uma intensa fumaça, enquanto os manifestantes mantinham o cerco à sede governamental em meio a gritos de “adiante, Cazaquistão”.

Foto: Pavel Mikheyev/Reuters

Segundo fontes locais, foi incendiada a sede da prefeitura, além de 30 veículos, entre carros e viaturas policiais. O chefe de redação do site Web Factchecking, Adil Dzhalilov, afirmou que se trata de motins organizados, em que participam numerosos jovens armados.

[No tweet: “O que começou como protestos isolados contra o aumento no preço dos combustível no Cazaquistão, agora são convocatórias massivas que exigem inclusive a queda do governo”]

Em grande parte do país, foram cortados os serviços de internet e as redes telefônicas móveis foram limitadas.

Horas antes, o Ministério do Interior informou que um grupo de mais de 300 jovens marchava em direção à sede do governo. A Polícia atuou com uma operação repressiva e detonou várias granadas, mas não deteve os protestos.

Na cidade de Aktobe, no oeste do Cazaquistão, os manifestantes também adentraram a sede administrativa local, que foi ocupada por mais de mil pessoas, de acordo com mídias locais.

Em Kostanái, cidade no norte do país, dezenas de pessoas se concentraram em frente à administração local apesar do cordão policial formado, enquanto em Petropávl, também ao norte, agentes policiais dispersaram cerca de 50 manifestantes que se dirigiram à sede regional do governo.

A onda de protestos no Cazaquistão irrompe praticamente desde 1º de janeiro, ocasionada pela alta do gás líquido (utilizado por grande parte da população como combustível nos automóveis), mas se expandiu consideravelmente nos últimos dias, culminando ontem na ocupação de instituições governamentais e prédios públicos em Almaty e em outras regiões. Segundo informações do G1, foi divulgada a morte de dezenas de manifestantes e agentes da polícia durante os conflitos, tendo a TV estatal noticiado que dois policiais foram encontrados decapitados.

[No tweet: “O presidente do Cazaquistão declara estado de emergência para conter os protestos contra a alta dos preços dos combustíveis. Grandes manifestações e protestos desde o último domingo em Almaty”]

Rússia pede por uma “solução constitucional” aos protestos

O Ministério de Relações Exteriores da Rússia defendeu que se encontre uma solução “no marco do campo legal e constitucional” às manifestações que atravessam o Cazaquistão.

“Defendemos uma solução pacífica de todos os problemas no marco do campo constitucional e do diálogo, não por via de distúrbios nas ruas ou violações da lei”, declarou o órgão diplomático russo.

O Ministério, que assegurou que Moscou “observa com atenção os acontecimentos na vizinha nação irmã”, comemorou as medidas anunciadas pelo presidente cazaque, Kasim-Yomart Tokáyev, para dar uma solução rápida aos problemas existentes no país, “incluindo as reivindicações justas dos manifestantes”. Nesta quinta-feira (6), a Rússia enviou tropas militares em “missão de paz” ao Cazaquistão, junto a países aliados.

“Confiamos em uma pronta normalização da situação no país junto à Rússia, com relações de associação estratégica e irmandade”, completou o Ministério.

Na quarta-feira (5), o presidente do Cazaquistão, Kasim-Yomart Tokáyev, havia aceitado a demissão do governo e designado um primeiro-ministro em exercício, diante da pressão das intensas manifestações.

A fim de acalmar o descontentamento social, Tokáyev determinou implementar a regulação estatal de preços dos produtos de primeira necessidade, incluindo o gás líquido, a gasolina e o diesel, durante o período de 180 dias.

Além disto, limitou um teto ao aumento dos preços dos serviços públicos durante o mesmo prazo de tempo, e defendeu a necessidade de estudo das possibilidades de se subsidiar os alugueis de moradia para os setores sociais mais vulneráveis.

Diante do aumento das tensões, o presidente declarou estado de emergência na capital Nur-Sultã, medida que se estende à várias regiões do país, incluindo a cidade de Almaty.




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