×

Motorista de aplicativo se recusa a transportar casal racista

Nos EUA, onde recentemente houve um ataque racista na cidade de Buffalo que deixou 11 mortos e outros dois feridos, um motorista de aplicativo, em um gesto antirracista, negou uma corrida ao perceber que o casal que levaria ficou aliviado por ele ser branco.

terça-feira 17 de maio de 2022 | Edição do dia

Nos EUA, onde recentemente houve um ataque racista na cidade de Buffalo que deixou 11 mortos e outros dois feridos, um motorista de aplicativo, em um gesto antirracista, negou uma corrida ao perceber que o casal que levaria ficou aliviado por ele se branco. A mulher entra no carro suspirando de alívio porque o motorista “é um cara branco e fala inglês”. O motorista prontamente rebate a fala racista da passeira dizendo que o que ela disse é “completamente inapropriado” e que “não faria diferença alguma se quem estivesse sentado aqui fosse uma pessoa não-branca”. Em seguida, ele pede que a mulher desça do carro e é ameaçado pelo homem que estava com ela, mas continua firme em sua decisão. Confia o vídeo:

O racismo nos EUA se fortaleceu muito nos últimos anos, principalmente junto ao governo Trump e o crescimento da extrema-direita como uma força política no país e também internacionalmente. O racismo, para além dessa expressão mais evidente que a passageira levantou, se expressa também estruturalmente ao colocar pessoas negras e imigrantes em cargos mais precários de trabalho, como trabalhos ligados à uberização (motoristas e entregadores de aplicativo) e trabalhos terceirizados com cada vez menos direitos trabalhistas.

Em 2020, em resposta ao brutal assassinato de George Floyd, o Black Lives Matter se consolidou como o maior levante antirracista da história dos Estados Unidos, unindo setores de trabalhadores negros, imigrantes e brancos a lutar contra a violência policial e o racismo estrutural no país. A atitude do motorista no vídeo se liga a essa lógica de unidade dos setores de trabalhadores, que no caso dele, que é um motorista de aplicativo, tem sua maioria de trabalhadores negros e imigrantes, o que fez a passageira se surpreender ao ver um branco em um trabalho precário.

A fúria negra nas ruas de 2020 teve sua força cooptada pelo partido democrata e redirecionada às eleições, o que culminou na eleição de Joe Biden, antigo político democrata, e Kamala Harris, a “policial número 1” que ficou conhecida por sua linha dura no sentido no encarceramento em massa de populações negras. Esse projeto, no entanto, não derrota a extrema-direita em sua raiz, e o trumpismo continua sendo uma força política relevante na realidade. O atirador do atentado de Buffalo, que ocorreu há dois dias atrás, se dizia abertamente facista e antissemita, o que indica que a extrema-direita não foi derrotada nas urnas como diziam os democratas, mesmo com o governo de Joe Biden já estando em curso há um ano e meio.

Para derrotar essa extrema-direita que tem os mesmos interesses de Trump e Bolsonaro é necessário que os trabalhadores se organizem de forma independente de qualquer patrão como fazem os trabalhadores da Amazon ao se sindicalizarem, e se solidarizem com cada outro setor de trabalhadores como faz o motorista do vídeo, e não esperando as eleições como reinvindicaram os democratas nos EUA e como hoje defende o PT.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias