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Extrema direita | Mulheres que odeiam as mulheres: o evento reacionário "Mulheres com Bolsonaro em Pernambuco”

No último sábado, dia (15) a primeira dama Michelle Bolsonaro e Damares Alves estiveram no Recife fazendo campanha. O evento "Mulheres com Bolsonaro em Pernambuco” faz parte da tentativa de localizá-lo entre esse setor do eleitorado, onde seu nível de rejeição é dos maiores, sobretudo em um momento em que o bolsonarismo destila seu ódio xenófobo contra a população nordestina. Além daqui, elas levarão o evento para outras capitais nordestinas, em uma corrida contra o tempo para tentar convencer de mentiras sobre benfeitorias deste governo para as mulheres.

Cristina SantosRecife | @crisantosss

sábado 22 de outubro de 2022 | Edição do dia

Foto: Daniel Robles

A anfitriã, a direitista Clarissa Tércio, fez um discurso de “bem contra o mal”, reproduzindo invenções da direita como ser contra “ideologia de gênero” ou que o governo Bolsonaro “levou água para o Nordeste”. Damares fez um discurso reacionário exaltando as comunidades terapêuticas, verdadeiro horror que vem sendo instalado no nosso país em detrimento das políticas integradas de saúde mental, onde práticas manicomiais convivem com a violação de direitos, internações arbitrárias e imposição de práticas religiosas, como denunciamos [neste artigo->https://www.esquerdadiario.com.br/Comunidades-terapeuticas-recebem-milhoes-do-Estado-para-castigar-dependentes-quimicos. Michelle fortaleceu a ideia de “bem contra o mal”, dizendo que estamos vivendo uma “guerra espiritual”.

Poderíamos citar uma infinidade de exemplos que nos permitem entender o forte repúdio à figura de Bolsonaro entre as mulheres. Foi ele quem disse que sua filha mulher era fruto de uma “fraquejada”, que não estuprava uma parlamentar porque ela “não merecia”, e a mais recente declaração de que “pintou um clima” com meninas de 14/15 anos que supostamente estavam em situação de prostituição - declaração que ele mesmo teve que se desmentir depois - mas que guarda em sí um nível de misoginia e machismo que dão nojo. Mas não é necessário ir até Bolsonaro para responder porque quando falamos de Michelle Bolsonaro, Damares Alves e Clarissa Tércio, estamos falando de mulheres que odeiam as mulheres.

Foi Damares e sua pupila local Clarissa Tércio que organizou um punhado de reacionárias em agosto de 2020 para irem na porta do CISAM (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros) gritar “assassina” para uma criança de 10 anos que teve que fazer um procedimento de aborto após ter engravidado fruto de estupro. Para estas mulheres, a vida de milhares de meninas e mulheres não valem nada. Recentemente as declarações de Damares de supostos abusos contra crianças e bebês na Ilha do Marajó demonstraram uma mente sádica, já que ela disse saber destes supostos abusos e não foi encontrado nenhum registro de qualquer ação da ex ministra para defender estas crianças, que estariam inclusive sob sua responsabilidade, já que era ela quem comandava a pasta da Mulher, família e direitos humanos no governo federal. Como conclusão se chega que Damares é uma figura capaz de qualquer coisa para manipular a opinião das pessoas e ao mesmo tempo nos questionamos sobre que tipo de mente é capaz de ter pensamentos de tamanha atrocidade.

Qualquer política pública que de fato atenda os problemas das mulheres passa longe deste trio. A ideia de que mulheres trans possuem direitos, igualdade salarial, direito a decidir sobre nossos corpos, direito à identidade, etc, tudo isso é “ideologia de gênero” e deve ser combatido segundo o que elas defendem.

Logo vemos que a tarefa de Michelle e Damares é convencer o impossível. É levantar um tipo de “empoderamento” conservador e antifeminista para obter votos do setor social que mais sofre o peso do conservadorismo e do machismo. Defendem um modelo degradado de capitalismo onde o rol das mulheres é abaixar a cabeça e ser a “fiel escudeira” do homem. Representam mulheres que oprimem e que exploram e se encontram na trincheira oposta das que lutamos pelos interesses das mulheres trabalhadoras, jovens, indígenas, quilombolas, LGBTQIA+. Falam contra um comunismo que só existe na cabeça delas. Quando conhecerem as verdadeiras comunistas, as que se incendeiam contra toda expressão de opressão, correrão para suas tocas, pro lixo da lata da história de onde nunca deveriam ter saído. Somos as que mais sofremos os efeitos do capitalismo degradado, com seus níveis de opressão e exploração que recaem com mais força especialmente sob os ombros das mulheres, no Brasil, mais ainda sob os das mulheres negras.

Por isso mesmo somos as que com mais força lutaremos pelo novo e aí não haverá lugar para as que profetizam o obscurantismo. E devemos enfrentar essa extrema direita misógina, racista e xenófoba na luta de classes sem aliança com a direita e os patrões.




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