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Cuba | Quando os estalinistas apoiaram Fulgêncio Batista

Poucos sabem a história dos estalinistas cubanos antes da revolução. Mas sua trajetória incluiu desde o apoio a Fulgêncio Batista a se opor às medidas expropriação da burguesia.

sábado 17 de julho de 2021 | Edição do dia

Foto: Cartaz do PSP chamando voto em Batista

A trajetória do estalinismo cubano antes da revolução nesse país não é muito conhecida. O Partido Comunista Cubano foi fundado em 1925. Passou a maior parte do tempo na ilegalidade até 1939, quando foi legalizado com o nome e União Comunista Revolucionária.

Logo de sua aparição, para estrear bem sua primeira ação é justamente apoiar Fulgêncio Batista nas eleições de 1939. Os estalinistas cubanos integram a coalizão de Batista e chegam a ter 2 ministros no governo. Após tal apoio os estalinistas ficam tão desmoralizados entre as massas que tem de mudar de nome e viram o Partido Socialista Popular em 1944. Ainda assim nas eleições do mesmo ano repetem a coalizão, que dessa vez será encabeçada por Carlos Saladrigas Zayas, mesmo após Batista ter feito um governo pró imperialista.

Em 1952, Fulgêncio dá um golpe em Cuba e implanta uma ditadura, apoiado pelos EUA. Mesmo com todo o apoio regresso do PSP a Fulgêncio, isso não impede do mesmo por na ilegalidade e perseguir o partido. Mesmo assim, se recusavam a defender a derrubada revolucionária do governo, colocando que o caminho seria lutar pela realização das eleições [1]. Além disso, quando se realizaram as primeiras expropriações, o PSP foi contra essa orientação [2]. Apenas com o alinhamento cada vez maior do governo cubano com a URSS é que o PSP vai aderindo ao governo, até o ponto em que as organizações se fundem.

Isso não se dá à toa. A Internacional Comunista sob a direção burocrática de Stálin assumiu a diretriz que a revolução nos países atrasados e coloniais se daria por “etapas”. Nesse sentido, a primeira etapa deveria ser uma etapa de “libertação nacional”, levada a cabo pela “burguesia nacional”, até mesmo Fulgêncio Batista.

Após a revolução, o regime cubano se burocratizou e assumiu traços similares ao regime soviético de partido único, se tornando um Estado operário deformado. O fim da URSS aumentou o isolamento da ilha frente ao criminoso bloqueio imperialista que perdura até os dias de hoje. Ao mesmo tempo, a burocracia castrista segue os passos das suas irmãs da antiga URSS e da China e começa com planos pró mercado e de restauração do capitalismo (ainda que os traços reustaracionistas em Cuba estejam muito atrás desses outros 2 exemplos, onde a restauração já foi consumada). Por um lado, essas reformas começam a minar as conquistas históricas da revolução e aumentam ainda mais as penúrias do povo cubano causadas pelo embargo. Ao mesmo tempo, começam a criar um setor “privilegiado” que deseja avançar ainda mais na restauração, sendo base para a política do imperialismo e da direita regional na região.

Tirar as lições sobre o papel do estalinismo em Cuba e em outros processos é essencial para pensar como intervir nos processos de luta de classes hoje, inclusive na crise política aberta em Cuba com os protestos na última semana, que já desenvolvemos nossa posição em outros artigos.

Notas:

[1] http://revistas.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/view/rlah.v7i19.908

[2] https://teoriamarxista.wixsite.com/blog-mri/post/rev-cubana-mandel




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