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São Paulo | Tarcísio nomeia PM envolvido no Massacre do Carandiru para cargo de assessor na Administração Penitenciária

O coronel da reserva da Polícia Militar Sérgio de Souza Merlo teve a nomeação para assessor técnico de gabinete na Secretaria de Administração Penitenciária assinada no último sábado (14), tendo seu nome publicado no Diário Oficial no mesmo dia. O PM é citado por “lesão corporal” no processo que investiga o massacre.

quarta-feira 18 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Segundo denúncia do Ministério Público, Sérgio de Souza Merlo, que era primeiro-tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) na época do Massacre cometido pela polícia na Casa de Detenção de São Paulo, comandou a ação do 2º Batalhão do Choque, que fez varreduras nas celas após a chacina. Ainda segundo a acusação, ele e seu batalhão espancaram e torturaram presos sobreviventes.

Merlo consta entre os 120 PMs apontados como envolvidos no episódio de assassinato em massa, mas não responde processo. Enquadrado por “lesão corporal”, seu crime prescreveu em 2014.

A nomeação é mais um exemplo do longo histórico do bolsonarismo de impunidade - e inclusive recompensa - a políciais assassinos, do qual Tarcísio sem sombra de dúvidas faz parte. Nunca tendo chegado nem perto de pagar por seus crimes, o PM da reserva torturador, que segundo o portal da transparência já goza de uma confortável remuneração mensal, que em dezembro chegava a R$ 30.984,41 brutos (R$ 23.516,53 líquidos), agora recebe diretamente das mãos desse governo inimigo dos trabalhadores e do povo negro e pobre um cargo de “assessor técnico de gabinete”. Trabalhando na Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Merlo estará sob a chefia de Marcello Streifinger, também coronel da PM na reserva.

Questionado pela CNN, a SAP cinicamente respondeu que a “as nomeações da pasta são realizadas exclusivamente com base em critérios técnicos”. Citaram, ainda, além da formação em direito do PM, seus “mais de trinta anos de experiência na Administração Pública” (!!!). O reconhecimento da “experiência” de um torturador envolvido em um dos episódios mais sangrentos e odiosos da história recente brasileira deixa pouca dúvida da orientação da administrtação prisional e do conjunto do governo de Tarcísio diante do povo pobre e da classe trabalhadores.

Até hoje, o Massacre do Carandiru segue impune. Ainda correndo, o julgamento de alguns dos envolvidos passou por episódios descarados de conivência judicial. Em 2016, a 4a Câmara Criminal decidiu por anular os cinco juris que condenaram, entre março de 2013 e dezembro de 2014, 74 policiais militares que participaram do massacre a penas que, somadas, chegavam a 624 anos de prisão. A batalha judicial segue desde então, atualmente suspensa desde novembro do ano passado, após um pedido de vistas do desembargador Edison Brandão, sem data para ser retomado. Nos últimos dias de sua presidência reacionária, Bolsonaro concedeu um absurdo indulto aos responsáveis pelo assassinato em massa, que agora está suspenso pelo STF, aguardando julgamento pelo plenário da corte.

Se passaram mais de 30 anos desse crime hediondo, o maior massacre carcerário da história do país, que levou a vida de, pelo menos, 111 presos, segundo números oficiais - relatos do local afirmam que o número verdadeiro é mais que o dobro. Dentre as vítimas do Pavilhão 9, 89 ainda aguardava julgamento.

O governo de Tarcísio é uma expressão disso que há de mais podre e reacionário na história brasileira. Representante da corja mais asquerosa de torturadores e assassinos do povo negro e pobre, Tarcísio irmana-se com Bolsonaro, bem como os carrascos, assassinos e torturadores de Carandiru, para os quais ambos querem garantir impunidade. A luta por justiça aos mortos do Carandiru é uma luta por justiça à todos negros e negras que sofreram e seguem sofrendo pela violência policial racista. Passa, necessariamente pelo fim dos tribunais militares que garantem impunidade aos assassinos, o fim dos batalhões operações especiais e das operações policiais! Pelo julgamento por juri popular e punição exemplar dos envolvidos e responsáveis políticos pelo crime, bem como o desmantelamento de todo o projeto de repressão e assassinato da classe trabalhadora e do povo negro que a indicação de Sérgio de Souza Merlo representa.

Nessa luta, não é possível depositar qualquer esperança nem nesse judiciário racista dos patrões, que há 3 décadas garante a vida boa dos matadores - o próprio STF tem sido fiador dessa impunidade há décadas, esbajando leniência com os policiais assassinos enquanto intervém a seu bel prazer para sustentar ataques aos trabalhadores e proibir greves - nem tampouco no governo, que concilia e se alia com inimigos da nossa classe, inclusive com figuras como Alckmin, outro notório repressor do povo pobre paulista, que, em 2017, nomeou outro dos responsáveis pelo massacre para dirigir a polícia de São Paulo!




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