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Brasil 2022 | Trabalhadores pretos recebem 40,2% a menos que os brancos num retrato do capitalismo e racismo

A herança da escravidão dá as caras nos dados da realidade brasileira: há 10 anos quase não muda o percentual de trabalhadores pretos que recebem 40,2% a menos que trabalhadores brancos em 2022. O sistema capitalista que se sustenta na opressão racista desde sua origem continua descontando a crise nas costas de trabalhadores negros. Ainda assim, é gigante a força do povo preto e seus métodos de luta contra os capitalistas! Para igual trabalho com igual salário, unir o povo negro, a classe trabalhadora junto com estudantes e todos os povos oprimidos!

terça-feira 15 de novembro de 2022 | Edição do dia

A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua divulgada pelo IBGE), de agosto de 2022, revela dados que correspondem ao segundo trimestre do ano. No que tange a hora de trabalho, pessoas pretas recebem 40,2% a menos que pessoas brancas e na categoria de pessoas pardas, trata-se de 38,4% a menos que o valor recebido por brancos. Com a média de hora de trabalho dos brasileiros sendo R$ 15,23, quando se comparam os valores divididos por raça, nota-se a discrepância, já que brancos recebem R$ 19,22 por hora, pretos recebem R$ 11,49 e pardos contam com R$ 11,84.

Por mais que o IBGE tente diluir a identidade negra, estabelecendo os parâmetros arbitrários de pretos e pardos, os dados mostram que na prática, para o capitalismo, não existe diferença quando se trata de usar o racismo para incrementar a exploração.

Um dos fatores apontados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que incide sobre a diferença de renda, é a falta de acesso ao ensino superior, já que em estudo do ano de 2021 constatou-se que 65,1% dos cargos neste nível eram ocupados por pessoas brancas considerando as últimas duas décadas. A porcentagem de pretos e pardos na mesma categoria foi de 27,3% das vagas. Por isso é fundamental lutar pelas cotas raciais conquistadas historicamente pela força dos movimentos sociais e pelo fim do vestibular, com educação pública de qualidade para todos. Além disso, os altos níveis de informalidade e o racismo são condições destacadas por Michael França, diretor do Núcleo de Estudos Raciais do Insper, como preponderantes para a concretude dos dados.

No Brasil de Bolsonaro, este é o retrato das condições de vida da população negra e pobre. Os pactos neoliberais incidem diretamente no cotidiano da população que sustenta a crise nas costas, com a aplicação da reforma trabalhista e da previdência, junto ao Teto de Gastos implantado no governo golpista de Michel Temer. Bolsonaro não faz questão de omitir seu racismo nojento ao se dirigir a pessoas negras e pobres, como quando fez com Genivaldo que foi assassinado em uma câmara de gás improvisada pela PRF, e o atual presidente o chamou de “marginal”. Em um dos últimos debates presidenciáveis com o então presidente eleito, Lula, Bolsonaro se dirigiu às comunidades com seu tom grotesco, alegando que era o lugar que Lula gostava, já que ele também era bandido. Um absurdo gigante que reflete tudo que foi o seu governo para o povo preto e pobre: precarização do trabalho, principalmente de mulheres negras, e a mira do rifle da polícia que extermina todos os dias a juventude negra submetida à guerra às drogas.

Com o título de presidente que entrega o salário mínimo com pior poder de compra desde o Plano Real, o atual presidente representa os interesses das grandes patronais comprometidas com a exploração extrema do trabalho para o aumento exponencial de seus lucros, beneficiando também a casta militar que, durante a pandemia com milhares de mortes da classe trabalhadora, teve salários de até 1 milhão de reais.

O cenário de profunda precarização não apresenta rumos tão diferentes para 2023, já que a aliança de Lula com Alckmin representa a manutenção dos ataques da reforma trabalhista e da previdência, contando provavelmente com a reforma administrativa encampada por Arthur Lira na câmara dos deputados, que já sinalizou sua abertura para o governo entrante. O jantar de Lula com empresários - incluindo Flávio Rocha da Guararapes, acusado de trabalho análogo à escravidão - dá o tom dos rumos das condições de trabalho no novo mandato. Além disso, o projeto de Lula com a defesa da construção de cinco presídios de segurança máxima aponta para a manutenção da guerra às drogas e, consequentemente, assassinato da juventude negra pela polícia racista, assim como o jovem Lorenzo de 14 anos que foi morto pela PRF enquanto voltava para casa após fazer suas entregas pelo aplicativo.

Portanto, não há outro caminho que não seja pela luta do povo negro organizado, com trabalhadoras e trabalhadores, desempregados e empregados, estudantes e todos os setores oprimidos. As centrais sindicais como a CUT e a CTB, junto com a UNE, dirigidas pelo PT e PCdoB, tem o dever de mobilizar assembleias em cada local de trabalho e estudo para que possamos derrotar todos os ataques com a força da nossa luta, sem confiar na direita golpista e na polícia racista, feita para defender a propriedade e os interesses do capital. A extrema direita que se expressou nas últimas semanas através dos bloqueios fomentados por locautes patronais demonstra que vai seguir existindo e lutando para espremer cada gota da exploração do trabalho. Por isso é urgente defender o aumento do salário junto com a inflação, a jornada de trabalho de 30 horas semanais, 6 horas por dia, divididas entre empregados e desempregados, sem redução salarial. Pela igualdade salarial entre brancos e negros, mulheres negras e homens brancos, confiando apenas nas forças da nossa classe que deve se unir em uma só luta!




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