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Extrema direita | Vereadora Comandante Nádia nomeia rua de Porto Alegre com ideólogo reacionário Olavo de Carvalho

A Câmara de vereadores de Porto Alegre votou nesta segunda-feira (5) homenagem a um dos maiores propagadores de fake news, senão o maior de todos os tempos, e guru da extrema direita Olavo de Carvalho, conferindo ainda a esta figura grotesca o título de filósofo. O nome do suposto filósofo Olavo de Carvalho estará na rua 4006, Vila Orfanotrófio no Bairro Santa Tereza.

terça-feira 6 de setembro de 2022 | Edição do dia

Foto: Alan Santos\Palácio do Planalto

A ideia foi da vereadora de extrema direita Comandante Nádia, que protocolou o projeto e defendeu a homenagem dizendo que o suposto filósofo foi um “grande crítico do pensamento coletivo nacional”. Nádia comparou essa proposta de nomeação de rua com a que foi proposta com o nome de Marielle Franco em 2018 após seu brutal assassinato. Disse: “Gostar ou não gostar do Olavo de Carvalho é muito pessoal e não diz respeito aqui aos vereadores dizer se ‘eu gosto ou se eu não gosto’. Até porque já colocaram o nome da Marielle Franco, que nada tem a ver com o RS, e eu também não gostava, mas o nome está aí posto”.

A vereadora Comandante Nádia fez assim uma comparação esdrúxula de duas situações e pessoas bem distintas. Marielle Franco foi uma mulher negra eleita a quinta vereadora mais votada no RJ, que foi brutalmente assassinada provavelmente pela milícia potencialmente ligada a Bolsonaro. Um caso que até hoje não teve um desfecho no sentido de descobrir que mandou matá-la em pleno ano eleitoral e polarização política no país. Foi um fato que comoveu o país inteiro.

Já Olavo de Carvalho tem um histórico bem diferente, pois em plena pandemia afirmou que o vírus não existia e duvidou do número de mortes. Disse que o aquecimento global era uma invenção da família Rockefeller e do Clube de Bilderberg. Acreditava que a Pepsi utilizava células de fetos abortados. Disseminou a ideia de que as urnas eletrônicas permitiam a manipulação das votações na América Latina. Defendeu a teoria do terraplanismo. Difundiu a ideia de um “nazismo de esquerda” e negou o Holocausto ao qual chamava de Holofraude. Acreditava que existia uma guerra cultural. Disse ter sido o filósofo alemão Theodor Adorno o compositor das músicas dos Beatles. Difamou Caetano Veloso e foi condenado a pagar indenização de R$2,9 milhões. Espalhou a ideia de que a AIDS é transmitida pela saliva. Esses são apenas alguns exemplos das baboseiras que o “filósofo” da Comandante Nádia pregava em seus livros, no seu canal no YouTube e nas redes sociais.

A comunidade da Vila Orfanotrófio sequer foi consultada sobre esse nome de rua, aliás nada mais democrático que os próprios moradores das comunidades definam os nomes das ruas, mas não é assim que funciona a democracia representativa dos ricos. As homenagens em nomes de ruas e estátuas de escravocratas e de torturadores da ditadura estão espalhadas pela cidade, assim como agora a de ideólogos de extrema direita. Somente a mobilização a exemplo do movimento black lives matter que arrancou a estátua de Edward Colston em 2020, inglês que fez fortuna traficando escravos, pode barrar o avanço da extrema direita para muito além de nomeações de ruas. Os manifestantes irados jogaram a estátua no rio local na cidade de Bristol no Reino Unido. Esse é um exemplo a ser seguido, o exemplo da mobilização, não só para derrubar estátuas e nomear as ruas, mas para derrubar esse regime apodrecido que descarrega a crise capitalista sobre as vidas dos trabalhadores, em particular das mulheres e dos negros.

Agora, no Brasil, frente ao 7 de setembro em que esses setores de extrema direita se mobilizam financiados por grandes empresários marchando para atos em Brasília e nas grandes capitais, é fundamental que as grandes centrais sindicais (como a CUT do PT e a CTB do PCdoB) e a UNE saiam da paralisia e coloquem em marcha um plano de lutas contra Bolsonaro e suas ameaças golpistas, e pela revogação de todas as contrarreformas e ataques.

Mais do que nunca é preciso uma política de independência de classes. Convidamos todos os trabalhadores, jovens e ativistas a apoiarem e se somarem ativamente às campanhas eleitorais dos candidatos do MRT, para difundir as ideias e o programa que de fato pode barrar o avanço da extrema-direita, que não irá desaparecer com as eleições. Nossas candidatas e candidatos começaram sua campanha apontando o caminho que precisamos seguir: enfrentar o bolsonarismo e a direita na luta de classes. O que isso significa? Que somente a luta organizada da classe trabalhadora com assembleias, reuniões de base, coordenação das lutas, greves, paralisações, atos de rua em aliança com os movimentos sociais e a juventude poderá derrotar não somente as ameaças golpistas de Bolsonaro como o conjunto dos ataques em curso, abrindo espaço para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.




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