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A ditadura militar, racismo e favelas: entre o preconceito racial e a repressão.
Renato Shakur
Estudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

A repressão policial estava a serviço de um estado autoritário que colocava o negro sob suspeito apenas por sua aparência, seus cabelos crespos black power, sua cultura, os bailes black organizados nas periferias e favelas cariocas.

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Em meio às declarações do vice presidente Hamilton Mourão e do Ministério da Defesa exaltando o golpe militar de 1964 e o regime que prendeu, torturou, perseguiu e desapareceu com milhares no Brasil, não podemos esquecer que o regime atacou diretamente o conjunto da classe trabalhadora, piorando suas condições de vida e as organizações do movimento operário apoiado por frações da burguesia. Há uma história pouco contada nos livros de história dos capitalistas, a da relação intrínseca entre o regime militar e o aprofundamento do racismo, a ditadura militar que os militares que compõem o governo Bolsonaro e o próprio presidente tanto exaltam se apoiaram ainda mais no racismo e no preconceito racial para dar continuidade o golpe de 1964.

A perseguição aos movimentos negros no final da década de 1970 foi parte dessas política racistas, que colocava a polícia política dos militares a serviço de prender, assassinar e perseguir militantes do movimento negro e do movimento operário. Assim relatam muitos militantes negros perseguidos pelo regime nesta época que a partir da imprensa negra, também conhecida como imprensa alternativa e organizações políticas que pautavam as discussões sobre raça e classe que ficou conhecida como a 3ª geração do movimento negro.

A repressão policial estava a serviço de um estado autoritário que colocava o negro sob suspeito apenas por sua aparência, seus cabelos crespos black power, sua cultura, os bailes black organizados nas periferias e favelas cariocas, como nos referimos neste artigo. https://esquerdadiario.com.br/ideiasdeesquerda/?p=1123 Ser negro era sinônimo de ser inimigo do regime e desde o golpe militar o regime aprofundaram o racismo não só com a repressão direta aos negros, mas também com suas políticas de remoções de favelas.

O regime militar tinha uma política extremamente racistas e preconceituosa com as favelas, no Rio de Janeiro, deram um impulso a um planejamento urbano de remoções que visava tirar de areas como a Zona Sul, Grande Tijuca e São Cristóvão algumas favelas tidas como “parasitárias”. Essa nomenclatura, segundo os estudo do IPEME (Instituto de Pesquisas e Estudos de Mercado) organização fundada pelo empresariado que deu o golpe junto aos militares, era usada por conta da composição social dos trabalhadores das dessas favelas que eram “marginais”, moravam em “barracos precário”, muitos deles em trabalhos informais.

A ditadura militar brasileira se apoiava em justificativas racistas para remover favelas, reforçando estereótipos preconceituosos que relacionava a pobreza e o trabalhador à criminalidade. Não só isso, mas o projeto político racista dos militares para as favelas era de expulsar os negros dos centros urbanos, precarizar as condições de moradia e saneamento na medida em que construía novas “moradias” em outras localidades, construídas é claro por empreiteiros e empresários brasileiros e norte americanos que apoiaram o golpe militar.

A crise que se abriu com o coronavírus colocou no centro do debate as periferias e as favelas e as condições precárias de moradia, saneamento e de saúde desses trabalhadores. Bolsonaro logo colocou um militar, o ministro da Casa Civil o general Braga Neto para comandar o comitê responsável pela pandemia do coronavírus. A falta de testes massivos nas comunidades, a subnotificação dos infectados, do número de mortes, a falta de álcool em gel, luvas e máscaras para trabalhadores que seguem trabalhando, reforça o caráter racistas não só de militares como Mourão que exalta a ditadura, mas também de figuras reacionárias como Bolsonaro, Wiltzel, Dória que seguem sem garantir testes massivos para a população ao mesmo tempo que garantem trilhões de reais para “salvar” empresários.

Repudiamos o golpe militar e todos aqueles militares e civis que exaltam um regime que veio para atacar os direitos dos trabalhadores e garantir os lucros de empresários. Ainda mais frente a crise que se instaura nas favelas, fruto da ganância e sede por lucro que nessas localidades vai mostrando sua face racistas, deixando aos trabalhadores negros a escolha de morrerem de fome ou contaminados pelo coronavírus.

 
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