Brasil Pátria Educadora? Educação em primeiro lugar? Cada ano que passa surgem promessas de valorização da educação e outras histórias. Além das escolas públicas no Brasil estarem precarizadas, muitas jogadas à míngua, o professor brasileiro de escola pública tem o pior salário entre 40 países segundo a OCDE.
Esse “detalhe” não explica tudo, mas explica grande parte da pesquisa feita pelo Instituto Península. A desmotivação é gritante. Em estados como o Rio Grande do Sul, por exemplo, o plano de carreira foi destruído pelo governo de Eduardo Leite e a categoria possui o pior piso salarial do país.
A pesquisa ouviu 2.500 docentes e gestores escolares de todas as etapas da educação básica (infantil, fundamental e médio) e das três redes (municipais, estaduais e privados). Nesse sentido a pesquisa peca por generalizar as situações, tendo em vista que professores do ensino privado costumam receber mais do que os do público, apesar de estarem mais sucetíveis a demissões. De qualquer forma, os dados escancaram a situação alarmante.
Durante a pandemia, não foram poucos os professores que tiveram que fazer trabalho dobrado, gravando aula, subindo aulas, postando materiais, tudo isso tendo que lidar com os mesmos salários e as sucessivas ameaças de volta presencial insegura. Chama atenção, na verdade, “apenas” 47% apresentar ansidede.
Com as voltas presenciais, não foram poucos também os professores que contraíram o vírus sem ter sido vacinado, que adoeceram, ou que morreram. Falta de EPIs, imposição autoritária do ensino híbrido, boicote à vacina, esses são alguns dos elementos que contam na balança. Como trabalhar com dignidade diante dessa situação escabrosa?
A reforma da previdência também ajudou a agravar a situação. Estamos vendo professoras de 60 anos, com mais de 30 anos de sala de aula, tendo que se expor ao vírus para poder se aposentar.
Com o governo Bolsonaro, então, a situação geral se agrava. Recentemente o presidente deu declaração dizendo que “o excesso de professores atrapalha”, em claro ataque à profissão.
Mas a ofensiva contra a profissão não é exclusividade do bolsonarismo e do olavismo; essa ofensiva é patrimônio histórico da elite econômica do país que quer um povo submisso, analfabeto, treinado para empregos de baixa remuneração e com educação precária. Na ponta, está o professor.
Nesse dia do professor, comemoramos conscientemente essa profissão tão nobre, e essa comemoração deve ser de luta contra todos aqueles que trabalham tão arduamente para destruir a educação crítica, a escola pública, e o conhecimento emancipador.
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