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LUTA POR COTAS NA USP
Centros Acadêmicos convocam ato por COTAS JÁ na USP
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Os CAs de Letras e Pedagogia da USP, junto da calourada unificada de 2016, estão convocando importante ato por cotas raciais na universidade, contra o racismo e o elitismo da USP, nessa quinta-feira, dia 18/02, às 12h, emfrente ao prédio da Fuvest.

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2015 ficou marcado na Universidade pela enorme luta para arrancar da reitoria um mínimo avanço para os interesses da população. Com percentuais que beiram a zero nos cursos mais elitizados e pouquíssimos mesmo nos cursos mais populares, estudantes negros de dentro e de fora da universidade conseguiram pautar bandeira das cotas na USP, marcada pelo elitismo e racismo institucional. Houve atos, assembleias, debates, paralisações, culminando na ocupação de uma reunião do Conselho Universitário.

"No plano material, o racismo se expressa de diversas maneiras. Negras e negros recebem os piores salários, são a maioria nas prisões, são alvo sistemático da polícia (independentemente do país, basta ver os exemplos de EUA e Brasil), vivem nas piores condições de moradia, são minoria dentre os que têm acesso ao ensino superior. Mas o racismo também se expressa nos aspectos subjetivos, como a formação de um imaginário negativo, que as teorias racistas atribuiram historicamente aos negros, localizando-os em uma cultura, sua história e seus costumes numa condição de inferioridade. Este ’imaginário negativo’ se enraizou nos costumes, nas tradições e são reproduzidos no senso comum atrav&eacut
e;s de piadas, ditados e na representação da imagem dos negros. Se expressam inclusive nos aspectos da opressão psicológica que os negros sofrem nessa sociedade, estudada por autores como Franz Fanon. Este aspecto subjetivo e profundamente ideológico do racismo é fundamental para reforçar e perpetuar a desigualdade entre brancos e negros e a dominação da burguesia"¹

O encarceramento, estupro, tortura e exploração de populações inteiras durante quatro séculos de escravidão encontraram sua tradução modernizada na terceirização e criminalização, sem direitos trabalhistas mínimos. Essas são as vagas hoje reservadas pela USP aos negros. Depois de anos, o movimento estudantil voltava a se interessar pela sociedade, e ao lado de seus ombros se somaram os trabalhadores da universidade.

A política de cotas, apesar de suas limitações, foi uma primeira política de Estado em que se comprometia a reconhecer sua responsabilidade com o passado, presente e futuro do povo negro. Através dela, se alicerçava o esfacelamento do mito da democracia racial, ideologia que ainda hoje há professores da USP que reivindicam (e ainda estão melhores do que os que acreditam que os negros são inferiores e dão explicações biológicas para seu racismo). Para poder ser reconhecidos pelo Estado como negros, muitos negros passaram a se reconhecer e auto-declarar como tal.

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Em resposta às exigências de democratização do acesso, a administração da Universidade decidiu oferecer algumas vagas para estudantes da Rede Pública por meio do Enem. De um lado, não expandia as vagas e ainda elitizava mais o processo, exigindo notas ainda maiores dos alunos aprovados. De outro, não respondia nem minimamente à diferença de tratamento dispensado a brancos e negros em nossa sociedade.

Enquanto existir vestibular, pessoas aptas ao ensino superior, uma vez que concluíram o ensino médio, permanecerão excluídas socialmente pela desculpa do mérito. Cotas raciais obrigariam não apenas o Estado a reconhecer a dívida com os negros, mas o tamanho dessa dívida. A auto-declaração se tornaria uma variável importante, destruindo de uma vez por todas o embranquecimento artificial de toda uma população que recalca seu racismo.

Os Centros Acadêmicos de Letras (CAELL) e Pedagogia (CAPPF) da USP, comemorando a entrada de novos estudantes, os convida a exigir que seu direito não seja mais um privilégio. Chamamos todos os estudantes, entidades e organizações a realizar um protesto em frente à Fuvest, símbolo do filtro meritocrático que exclui e culpabiliza os excluídos pela exclusão do direito constitucional a uma educação pública, gratuita e de qualidade. Os demais Centros Acadêmicos e Diretório Central dos Estudantes da USP se comprometeram em reunião a convocar a manifestação.

Data: 18/02 (quinta-feira) Horário: 12h Local: Entrada da Cidade Universitária (Rua Alvarenga, 1945)

1 - Daniel Angyalossy Alfonso e Marcello Pablito - A luta do povo negro e a revolução socialista, em A Revolução e o Negro

 
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