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EUA
Biden e os democratas aprovam o maior orçamento militar desde a Segunda Guerra
Tatiana Cozzarelli

Ao final de 2021 Joe Biden aprovou um orçamento militar de 777 bilhões de dólares, o maior pacote de gastos militares desde a Segunda Guerra Mundial. Esse orçamento é 5% maior do que sob a administração de Trump, e dá aos militares $24 bilhões a mais do que Joe Biden havia solicitado.

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A Câmara dos Deputados, controlada pelos democratas, aprovou a maior despesa militar desde a Segunda Guerra Mundial: 777 bilhões de dólares. O pacote de $777 bilhões foi aprovado por 363 a 70 votos. Entre os Republicanos foram 194 "sim" contra só 19 "não". Entre democratas, 169 membros do bloco majoritário votaram sim, enquanto apenas 51 votaram não. O Senado dos EUA passou o projeto por 89 a 10 no dia 15 de dezembro, e foi assinado por Biden dia 27.

Em suma, foi majoritariamente apoiado entre ambos Democratas e Republicanos.

Em um congresso que foi criticado por ser incapaz de "fazer acontecer" e incapaz de chegar a qualquer entendimento, esse orçamento deixa claro que mesmo os mais ferrenhos rivais podem se ligar por um consenso em torno de fortalecer o massivo complexo industrial-militar.

O orçamento inclui $122,1 bilhões para treino, instalações e apoio para aliados e parceiros. Esse é o tipo de "treinamento e apoio" que os EUA providenciaram para combater movimentos de esquerda e instituir golpes. Recentemente, Biden convidou Juan Guaidó, líder golpista venezuelano, para a Cúpula pela Democracia, deixando claro o tipo de aliados e parceiros que os EUA vão treinar e apoiar.

Esse orçamento também destina 28 bilhões de dólares para o financiamento de armas nucleares. Isso significa aumentar o já massivo e potencialmente mundialmente destrutivo arsenal nuclear americano.

Inclui também $12,3 bilhões para armamento de infantaria e veículos de combate terrestres, mesmo Biden tendo declarado o fim de uma era de "guerras terrestres" com a retirada do Afeganistão.

Além disso, esse orçamento militar inclui o maior valor já destinado para pesquisas em novas e mais eficientes máquinas de matar, incluindo Inteligência Artificial, guerra cibernética e o desenvolvimento de robôs de combate.

De acordo com o Defence News, a legislação contém "doze F/A-18 Super Hornets que não foram solicitados; cinco jatos Boeing F-15EX a mais do que os 17 solicitados; e 13 navios ao total - incluindo dois submarinos de ataque e dois destróieres - cinco a mais do que o solicitado.

Foi um enorme presente de natal para o complexo industrial-militar, cortesia dos impostos pagos pela população. Isso vai drenar recursos federais para o bolso de industriais bélicos como Lockheed Martin e Raytheon, que irão fabricar e entregar as armas pedidas pelo Pentágono. Isso inclui $3,8 bilhões para novas armas hipersônicas, 20% a mais do que Donald Trump investiu.

Não é de se admirar a alta nas ações da Lockheed Martin no fim do ano. O Presidente e CEO da Lockheed Martin ganha o escandaloso valor de 26 milhões de dólares por ano.

Esse aumento no orçamento militar é uma clara advertência à China, e chama atenção para as crescentes tensões com a nova potência. Enquanto alguns vêem erroneamente a retirada de Biden do Afeganistão como um passo em direção ao fim das "guerras infinitas", foi apenas um movimento de seu jogo com a China. Esse jogo inclui tanto a diplomacia - por exemplo, a cínica "Cúpula pela Democracia" de Biden - como a ameaça dos militares americanos, equipados com cada vez mais eficientes e destrutivas máquinas de guerra.

Embora alguns possam dizer que é uma "corrida armamentista" com a China, não é. Os EUA estão armados até os dentes, muito mais do que China, Rússia ou qualquer outro país no mundo. Os EUA investe três vezes mais em defesa do que o segundo maior investidor, a China, e dez vezes mais do que a Rússia, terceiro maior investidor.

Bill Hartung, falando ao Democracy Now, diz que os EUA têm 13 vezes mais armas nucleares ativas em seus estoques do que a China. Temos 11 porta-aviões de um tipo que a China não tem. Temos 800 bases militares americanas espalhadas ao redor do mundo enquanto a China tem 3. Então toda essa ideia de que a China e a Rússia são ameaças militares aos EUA tem sido diretamente construída para aumentar o orçamento militar."

Orçamentos militares absurdos são comuns nos Estados Unidos. Sempre há dinheiro para os militares, nunca para a classe trabalhadora. Custaria $22,5 bilhões para financiar 12 semanas de férias remuneradas por ano para as famílias americanas, uma pequena fração do orçamento militar. Também custaria $25 bilhões para fazer vacinas para vacinar o mundo inteiro. São só uns trocados comparados ao orçamento militar.

Esse é o mesmo congresso que não passa nem um mínimo aumento no salário mínimo, que não é aumentado desde 2009. O mesmo congresso que pensa que é muito caro incluir cobertura odontológica ou oftalmológica no plano de saúde Medicare. Enquanto sempre há dinheiro para os militares, simplesmente não tem dinheiro para perdoar os débitos estudantis. Enquanto o coronavírus se espalha, os Democratas alegam que não há dinheiro suficiente para produzir testes massivos para todos ou financiar afastamentos remunerados devido a doenças.

Se tratando de saúde, educação e outros gastos sociais que beneficiariam a classe trabalhadora, nunca tem dinheiro. Mas sempre há dinheiro para matar pessoas ao redor do mundo, ou pelo menos fazer pairar essa ameaça. E esses são os impostos que os trabalhadores pagam todo o ano, não para seu próprio benefício, mas para o benefício das grandes corporações que lucram com a contínua expansão do militarismo imperialista.

Como Lênin apontou no seu primordial texto "Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo", o imperialismo não é uma escolha política mas uma parte integral do sistema capitalista em que vivemos. Isso inclui não somente os brutais crimes de guerra que os EUA comete ou as bombas que lança regularmente. Mas também as políticas econômicas do FMI e do Banco Mundial, dirigidas pelos EUA, de endividamento e privatização que canaliza o dinheiro sempre aos países imperialistas.

O imperialismo ocorre não por maldade por si própria, como Lenin explicava, mas porque esses métodos violentos são necessários para os capitalistas e seus governos assegurarem cada vez mais lucros. É disso que se trata, no fim das contas, o orçamento militar. É um aviso à China e uma forma de defender não o "povo americano", mas as corporações americanas.

Isso é válido para todos os tipos de Democratas e Republicanos. Apesar do "the Squad" (como se denominam as e os congressistas que constituem o setor progressista dentro do Partido Democrata, do qual são parte Alexandra Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, entre outras) ter votado contra este orçamento militar, votaram a favor de orçamentos similares no passado. Por isso que Bowman se juntou aos republicanos no financiamento da "Cúpula de Ferro" israelense, e por isso Ocasio-Cortes esteve lá para votar.

Isso nos mostra tudo que é necessário saber sobre os Democratas. Não são um instrumento de transformação social, mas um instrumento do capitalismo imperialista, responsável por assassinato, fome e opressão mundo afora, junto a políticas anti-operárias e de opressão a pessoas de cor e imigrantes dentro dos EUA.

Não é necessariamente uma questão de maldade; é o que mantém o sistema rodando e garante o fluxo a todo vapor de lucros para as corporações estadunidenses.

Versão original em inglês: The Democrats Just Gave the Military Industrial Complex a Huge Raise

 
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