Nesta entrevista, o debate perpassou centralmente a questão negra, a partir da pergunta sobre se a chegada de Bolsonaro ao poder significou um "choque à direita" nas relações raciais no Brasil. Marcello Pablito responde afirmativamente e desenvolve essa definição buscando tratar de como, em distintos momentos da história do país, as elites e a burguesia encararam e formularam sobre a questão negra e como o bolsonarismo era uma superação à direita da tese da democracia racial, uma ideia já problemática. Nesse ponto, o entrevistado tratou do que significaria, do ponto de vista da luta de classes, a fusão da identidade negra e da classe operária, como uma injeção de força, até mesmo moral, para o combate de classe, e como encarar essa fusão do ponto de vista da unidade da classe trabalhadora, com auto-organização, e da hegemonia operária. Como discutido, para Diana Assunção e Marcello Pablito, o debate programático acerca de como responder às demandas dos negros como parte dos mais explorados no Brasil é fundamental, levando em conta a terceirização, a Reforma Trabalhista e toda precarização que recai mais fortemente sobre os negros e serve para dividir negros e brancos.

Também debateram o legado dos governos petistas para o povo negro, passando pelo significado da ocupação brasileira no Haiti, o aumento da terceirização e o fortalecimento do agronegócio. Ao final, quando perguntado sobre o significado de socialismo, abordaram as potencialidades da humanidade que hoje servem aos grandes capitalistas e não às necessidades sociais.