Depois de 3 meses de greve a Secretaria de Educação e o Governo Pezão/Dornelles atuaram de todas as formas para atacar os professores e os estudantes. A estratégia nas negociações é de desgaste e promessas que nunca são homologadas ou publicadas oficialmente. As pautas da categoria, eleição para direção de escolas, 30 horas para os funcionários administrativos, o fim da avaliação do SAERJ, o governo promete atender se a greve terminar.
O reajuste salarial segue sendo negado pelo Governo Pezão/ Dornelles, os mesmos que concederam mais de R$ 138 bilhões em isenções para empresas e afundaram o Rio de Janeiro numa enorme dívida. A justiça ainda não se pronunciou sobre a votação do dissídio, deixando em aberto quando vai avançar com o ataque do corte de ponto.
Com os estudantes, a Justiça decidiu prosseguir o caminho de ataques. O movimento Desocupa, impulsionado pela Seeduc e direções das escolas, ganhou contornos proto-fascistas com todos os tipos de ataques as escolas ocupadas, como foi no Colégio Mendes de Morais. Culminou na violenta desocupação da Seeduc contra estudantes e alunos. Os estudantes ocupam novamente a Seeduc neste momento e a polícia cerca o prédio.
Após a audiência no dia 01/06, a juíza Glória Heloisa Lima da Silva, decidiu em uma reunião a portas fechadas, que as aulas nas escolas ocupadas do Rio de Janeiro deveriam voltar. A decisão não só suspende as férias dadas às escolas ocupadas, como autoriza a ação repressiva da Polícia Militar e do Ministério Público. Esta decisão é mais um passo na escalada repressiva do governo do estado contra o movimento de escolas ocupadas do RJ. No dia de hoje várias escolas começaram as desocupações, sem garantia das pautas atendidas, podendo se estender pelas demais.
Em meio a uma situação nacional de avanço dos ataques do governo golpista do Temer, mas também de uma onda de juventude e ocupações é fundamental se questionar porque uma histórica greve e inéditas ocupações de escolas no RJ chegam nesse cenário duro de inflexão? Com tantas lutas em curso é necessário questionar porque não emergiu do RJ, nem estadualmente uma forte luta pela educação.
Desde o início da greve viemos demonstrando que essa importante greve não podia fazer uma separação mecânica da situação política nacional, das pautas pedagógicas e econômicas. Essa situação se mantém até hoje por decisão das correntes de esquerda que dirigem o SEPE, fazendo com que qualquer debate nacional se dê de forma despolitizada nas assembleias. Qualquer luta nessa situação concreta, que separe o sindical do político está ou servindo para que se estabilize o governo do Temer golpista, ou para que o PT se recomponha nas eleições. Esta ação significou não preparar a categoria para responder aos ataques do golpismo do PMDB, que é o mesmo partido que governa o Rio. Seria cômico se não fosse trágico. Querem tratar o problema da educação do Rio por fora da crise do estado e do país. Graças a esta política estamos mais fracos e frente a esta difícil situação na greve.
O SEPE levou nossa greve a um beco sem saída
A inflexão que a greve encontra neste momento é de responsabilidade da direção do SEPE que atuou sistematicamente de forma rotineira e sem um plano de luta efetivo. O esvaziamento político dos debates da assembleia, a falta de uma unificação real com a base das demais categorias e uma coordenação dos comandos de greve, dirigidas pela base, foi uma ausência fundamental que manteve a greve isolada e que impediu que as lutas se unificassem e pudessem ter ações que se colocasse como uma vitrine de luta para todo o país.
As assembleias servem apenas para decidir quando será a próxima assembleia e local. Em resumo servem para nada, sem debate real alijam os professores de qualquer decisão sobre sua greve. A prática de basear as ações da greve em atos que são feitos nas sedes das instituições do governo para fazer pressão, é uma mostra clara deste rotineirismo. É não dar uma batalha a altura dos ataques que os governos querem impor. É não fazer valer o peso de massas que essa categoria, é não ter um plano de luta.
A total deslegitimação do comando de greve como ferramenta política pelas direções do SEPE enfraqueceu o ativismo e participação na greve. Estes ficam de espectadores dessa luta. A negativa sistemática de ações de radicalização, como parar ao mesmo tempo importantes avenidas poderiam ser ações que permitiriam mudar a correlação de forças com o governo.
Neste momento é urgente debater as lições necessária para agir na corrida contra o tempo contra o governo do Estado, aproveitar cada momento com um plano que leve a educação à vitória. Fortalecer as ocupações que permanecem e apoiar a resistência dos secundaristas, cercar de solidariedade dando todo apoio material, política e que o SEPE tome a frente disso. Tomar ações radicais para parar o Rio, superar esta separação de nossa pauta e a discussão política de como derrotar os golpistas em Brasília e aqui no Rio.
Para a luta da educação no Rio se enfrentar efetivamente com os ataques é preciso de ações não somente dos professores mas também dos estudantes. Por isso, é chave que os estudantes de todas as escolas ocupadas se reúnam para debater suas ações e para que nenhuma escola atue de forma isolada.
Com outra política entre os estudantes e professores é possível uma verdadeira aliança para se enfrentar com Pezão e Dornelles. Ainda há tempo de tirar lições da greve e tentar urgentemente mudar seus rumos.
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