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Declaração | 20 de outubro nas escolas: é preciso construir a paralisação pela base contra Tarcísio e os ataques

No dia 20 de outubro é preciso que em cada escola se faça sentir a força que tem os professores quando se mobilizam, por isso nós do Nossa Classe Educação trazemos aqui ideias que podem fortalecer a perspectiva de organização pela base neste dia de paralisação e assembleia e que também seja parte do enfrentamento aos brutais planos privatistas de Tarcísio e de todos os ataques à educação.

terça-feira 10 de outubro de 2023 | Edição do dia

No dia 20 de outubro a Apeoesp está finalmente convocando uma assembleia com paralisação contra os ataques que a educação vem sofrendo, que agora se aprofunda com o governo bolsonarista e privatista de Tarcísio. Para que esse dia não conste apenas no calendário do sindicato, mas expresse a força da mobilização das professoras e professores, é preciso que a Apeoesp construa no chão de cada escola, garantindo medidas para que os professores tenham direito de paralisar sem desconto salarial ou retaliações pelas direções.

Novo ensino médio, nova carreira, fim das abonadas, atribuição de aulas que significa demissão, mais controle e assédio até mesmo com faltas médicas, maior policiamento, militarização das escolas, plataformização e privatização de serviços públicos essenciais, toda professora e professor sabe que não faltam motivos para nossa mobilização contra o governo Tarcísio e os ataques à educação. Mas porque então os professores não vêm se mobilizando?

No chão das escolas surgem muitas respostas a essa pergunta, mas seria impossível respondê-la sem antes pensar qual foi a política adotada pela direção do sindicato de professores até agora.

Começamos o ano em São Paulo com um governo que busca se alçar como uma alternativa da extrema direita frente a derrota eleitoral de Bolsonaro, o maior exemplo são suas marteladas contra os trabalhadores e o povo pobre com um plano histórico de privatização em São Paulo: vender metrô, CPTM e Sabesp. Na educação, ao lado do dono da Multilaser, vimos o aprofundamento de todos os ataques de anos de PSDB e as consequências dos ataques ideológicos da extrema direita, com a violência que matou a professora Elizabeth.

No entanto, esse governo já começou o ano com o aumento de 50% em seu salário e contou com o voto favorável da deputada Maria Isabel Noronha (PT), atual segunda presidenta da Apeoesp. Sim, é escandaloso que enquanto os professores estão amargando os ataques nas escolas e tenham um “aumento” de 6% no salário, Tarcísio aumente 50% seu salário com o voto dos que dirigem o sindicato de professores. Ao mesmo tempo, em 10 meses de governo a Apeoesp não chamou nenhuma assembleia estadual da categoria.

A última assembleia foi dia 03 de junho de 2022, como se de lá para cá não houvesse motivos para os professores debaterem como vão organizar sua luta. Também não houve reuniões de representantes de escola (Res) nesses 10 meses. Aconteceram apenas alguns chamados para atos sem chamar os professores a paralisar, o que impede a participação da categoria.

O único dia de paralisação foi o chamado da greve nacional da educação contra o novo ensino médio dia 26 de maio, um dia que apesar da ausência de organização na base das escolas e separado dos estudantes que se mobilizaram pela mesma pauta dia 15 de maio, mostrou que os professores, em especial os categoria O, estavam dispostos a enfrentar o novo ensino médio que o governo de Lula-Alckmin não revogou e os demais ataques à educação.

Mas de lá para cá nenhum outro dia de luta foi chamado, os professores tiveram corte de ponto do dia de paralisação e a Apeoesp não disse absolutamente nada sobre isso. Ou seja, garantiram a paz a Tarcísio. Agora, depois de tanto tempo, passado as eleições sindicais em que PSOL e PCB se somaram a direção histórica do PT e PCdoB na Apeoesp e de um Congresso estadual que selou essa aliança sem organizar nenhum plano de luta, chamam finalmente esse dia de assembleia com paralisação.

Mais uma vez esse dia já é marcado pela separação das lutas, já que dia 3 vimos uma greve unificada entre Metrô, CPTM e Sabesp contra o mesmo inimigo que temos, o governo Tarcísio, e apesar do chamado da Oposição Unificada Combativa e da reunião de representantes de escola de Santo André à adiantar a assembleia e paralisação pro dia 3 e unificar as forças, nada foi feito.

A direção da Apeoesp conscientemente fez com que os professores perdessem a oportunidade de paralisar unificado com outras categorias e assim pudessem abrir caminho para derrotar Tarcísio e todos os seus planos. Imaginem o que seria um dia de paralisação unificando professores, uma categoria espalhada em todo o estado, com metroviários, ferroviários, trabalhadores da Sabesp, e estudantes e trabalhadores da USP e Unicamp? É categórico que fortaleceria nossa luta e de toda a classe trabalhadora.

Mas a estratégia da direção da Apeoesp é a conciliação de classes, submetendo os professores ao governo Lula Alckmin e seus ataques. Expressa em: fazer apenas medidas judiciais, nenhuma luta real construída pela base, nenhum pio sobre ataques como o arcabouço fiscal que abre espaço para as privatizações dos transportes e da água, e separação total das lutas para os professores não se unificarem nem com os estudantes e nem com outras categorias. Ou seja, é a estratégia da derrota.

Frente a isso, qual deve ser a resposta dos professores e professoras à assembleia e paralisação chamada para dia 20?

Retomamos esse breve histórico porque é fundamental que as professoras e professores saibam que se não está acontecendo uma forte luta que busque arrancar nossos direitos, a responsabilidade não é de cada professor que está vendo dias de luta apenas para constar no calendário, corte de salário e vários ataques passando sem um combate sério. A responsabilidade é da direção do nosso sindicato que não busca organizar uma forte luta e desmonta essa possibilidade quando ela está colocada.

Muitos professores se sentem desanimados com esse chamado a paralisar, mas esse desânimo é construído justamente por essa estratégia. Nossa resposta, portanto, deve ser ir na contramão de que esse dia 20 seja apenas para constar no calendário e nas fotos da Bebel. Por isso, fazemos um chamado a que cada professora e professor responda buscando organizar debates e o chamado nas suas escolas para os professores paralisarem e com isso possamos ter uma força para exigir que a Apeoesp construa a mobilização e garanta todas as condições e confiança para a categoria paralisar.

Isso significa que a Apeoesp deveria fazer reuniões de representantes de escola imediatamente em todas as subsedes, fazer passagens em escolas construindo a luta e reuniões em cada uma onde os professores possam votar a adesão à paralisação e assembleia de forma coletiva, uma medida que fortaleceria os professores contra as medidas antissindicais que o governo busca impor.

O sindicato também deveria combater as diretorias de ensino para garantir que seja respeitado o direito à paralisação, organizar a discussão em especial nas escolas PEI e em todas que há relatos de assédio para transmitir confiança aos professores, inclusive se colocando abertamente contra as direções. Além disso, abrir um canal de denúncia de assédio, entrar com todas as medidas legais necessárias para que se garanta também a reposição, todas as medidas possíveis para que os professores sintam confiança para poder paralisar.

O leilão da terceirização do metrô que estava marcado para esse dia 10 foi adiado, justamente pela força que os metroviários demonstraram no último dia 3. Agora é a hora de retomar a mobilização, com os professores sendo parte, e de abrirmos caminho para enfrentar todos os planos de Tarcísio.

Desde a subsede de Santo André, o Nossa Classe Educação junto à Oposição Unificada Combativa faz esse chamado aos professores e em exigência à direção do nosso sindicato. O único caminho para derrotar Tarcísio é a mobilização, por isso é preciso paralisar as escolas e mostrar que os professores têm força para enfrentar esse governo das marteladas nos trabalhadores e no povo pobre e ir à assembleia para que com a força da nossa mobilização possamos exigir um plano de lutas real e construído na base pela revogação integral do NEM, e o combate às privatizações e todos os ataques à educação.

Esse é o chamado que fazemos e colocamos nossas forças, com conselheiros da oposição em Santo André, na Zona Norte de SP e em Campinas à disposição de todos os professores que querem fortalecer a luta e paralisar suas escolas neste dia 20. Como Oposição buscamos fortalecer uma perspectiva de independência de classe no interior do nosso sindicato para que ele seja uma ferramenta de luta e que os professores possam retomá-lo para suas mãos.




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