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Genocídio em Gaza | A fome como arma de guerra de Israel contra a Palestina

Israel cortou uma das poucas maneiras dos palestinos evitarem a fome ao atacar sistematicamente a WCK (World Central Kitchen), matando sete trabalhadores humanitários que estavam preparando o campo onde toneladas de alimentos chegariam ao território palestino, o que poderia salvar milhões de pessoas da fome.

quarta-feira 10 de abril | Edição do dia

A ONG World Center Kitchen (WCK) foi atacada por forças israelenses na última segunda-feira. A movimentação da ONG era bem conhecida pelas autoridades israelenses, como seu itinerário, sua rota e sua missão humanitária, além do fato de que eles cumpriram totalmente as indicações com veículos marcados da WCK. O resultado é o assassinato de sete trabalhadores humanitários, que se dedicavam a levar alimentos para Gaza. Essa organização era a única que entregava alimentos desde o início do ataque à Palestina, onde Israel se dedica à limpeza étnica dos palestinos, transformando-a em um genocídio que tem como alvo não apenas os palestinos, mas também jornalistas e ativistas internacionais.

Desde que Israel impôs o bloqueio, juntamente com seu principal aliado, os EUA, apenas 2% dos alimentos entregues anteriormente chegaram, deixando os habitantes, especialmente os do norte de Gaza, à beira da fome. Desde outubro de 2023, sabe-se que as forças israelenses negam deliberadamente o acesso de civis a água e alimentos. Além desse terrível ataque aos trabalhadores humanitários da WCK, e apesar da declaração de Benjamin Netanyahu de que eles investigarão o ocorrido, a realidade é que o uso da fome como arma de guerra continua a ser uma prática frequente contra Gaza, iniciado a pelo menos 16 anos, quando o cerco a Gaza passou a ser contínuo.

Enquanto a raiva cresce contra o ataque aos trabalhadores humanitários, com o ataque ao WCK, uma embarcação que transportava 400 toneladas de alimentos teve que voltar atrás sem poder levar ajuda humanitária aos palestinos. Além disso, ainda há mais 2.000 toneladas em armazéns em Larnaca no Chipre, a menos de 400 quilômetros de Gaza, que poderiam ser transportadas em viagens que foram suspensas indefinidamente.

Resolução 2417 e Tribunal Penal Internacional sem efeito

Em 24 de maio de 2018, a Resolução 2417 foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Segurança da ONU e declarou que qualquer negação de acesso humanitário era uma violação do direito internacional, o que é uma conquista importante para os direitos humanos, pois reconhece e proíbe a prática, no entanto, Netanyahu não apenas ignorou esse acordo, como também enviou uma mensagem clara de que queria perpetuar o genocídio na Palestina por inanição e sem testemunhas ao atacar o WCK.

"Com esse ataque, já são 200 trabalhadores humanitários e 130 jornalistas mortos em Gaza, a mensagem de Israel é: queremos finalizar esse genocídio com fome, sem testemunhas e sem ajuda. Primeiro, expulsaram as agências internacionais de Gaza, incluindo as agências da ONU, e agora atacam o comboio da World Central Kitchen (WCK), a única organização que estava fornecendo alimentos no momento, porque sim, a fome é uma arma". Oscar Camps, fundador e diretor da organização Open Arm, que se uniu à WCK quando a guerra eclodiu na Ucrânia, disse em uma entrevista.

O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional afirma que a fome como arma deliberada para infligir sofrimento à população civil é um crime de guerra e, para que seja um crime, não é necessária a admissão da parte agressora, mas pode ser inferida da totalidade das circunstâncias. Entretanto, Israel, juntamente com seus aliados, os EUA e a UE, faz-se de surdo a essas convenções internacionais para impor o Estado sionista motivado pelo imperialismo - e não para proteger os judeus - cometendo os crimes mais atrozes com os métodos mais cruéis, provando que não se importam com a vida de ninguém, mas lutam pelos interesses de alguns punhados de capitalistas.

Também vale a pena mencionar que, desde 7 de outubro de 2023, funcionários do alto comando israelense expressaram sua intenção de privar os civis em Gaza de alimentos, incluindo Yoav Gallant (Ministro da Defesa), Itamar Ben-Gvir (Ministro da Segurança Nacional) e Israel Kantz (Ministro da Energia), o que reflete a política militar genocida e reacionária aplicada contra a população civil, entre os quais os mais afetados são crianças e mulheres, sob o pretexto de “se defender das ações do Hamas”.

Milhares de civis estão sendo punidos coletivamente, passando fome devido ao cerco israelense, diante dos olhos do mundo inteiro. Não há justificativa para o uso desse método reacionário e cruel como arma de guerra. São as crianças que sofrem com a falta de água potável, que é racionada ou contaminada, com a falta de artigos de necessidades básicas e, em breve, as famílias também não poderão mais se alimentar. Também sem combustível e eletricidade, as forças israelenses ainda destroem as áreas agrícolas, tornando impossível a sobrevivência dos palestinos.

Podemos imaginar que, apesar de estar ferido ou machucado, sem remédios para suportar a dor, muito menos para se curar, sem poder dormir por dias, vendo sua casa desmoronar, vendo seus entes queridos morrerem ou sem saber onde estão, sem que a ajuda humanitária chegue até você, você terá que morrer de fome nas condições mais deploráveis existentes apenas por ter nascido na Palestina? Enquanto as hostilidades continuarem e as entregas de ajuda forem insuficientes, as organizações que fazem parte da Rede Internacional do Esquerda Diário, continuarão a denunciar esses crimes de guerra e a exigir que essa barbárie seja interrompida, mas para isso precisamos ser milhares nas ruas, ampliando o movimento internacional em solidariedade ao povo palestino que sai às ruas nos Estados Unidos e em diferentes países da Europa.




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