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Estados Unidos | A greve automotiva se estende a 38 fábricas da GM e Stellantis

Uma semana após o início da histórica greve automotiva nos Estados Unidos, o presidente do sindicato, Shawn Fain, anunciou numa mensagem na sexta-feira que as greves se estendem a 38 fábricas de distribuição da GM e da Stellantis, enquanto negociam com a Ford.

segunda-feira 25 de setembro de 2023 | Edição do dia

Uma semana após o início da histórica greve automotiva nos Estados Unidos, o presidente do sindicato, Shawn Fain, anunciou numa mensagem na sexta-feira que as greves se estendem a 38 fábricas de distribuição da GM e da Stellantis, enquanto negociam com a Ford.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotiva dos Estados Unidos (UAW), Shawn Fain, discursou na sexta-feira numa live de Facebook acompanhada por mais de 40 mil pessoas, e anunciou que a greve iniciada há mais de uma semana será prolongada.

Fain disse que o sindicato fez progressos em algumas negociações com a Ford, enquanto a GM e a Stellantis “ainda precisam de um grande empurrão” e acusou estas duas empresas de rejeitarem todas as propostas apresentadas pelo sindicato. Dessa forma, o sindicato United Auto Workers (UAW) ampliará a greve a partir do meio-dia da sexta-feira para 38 fábricas de distribuição de peças GM e Stellantis em todo o país.

Fain também “convidou” o presidente Joe Biden a “juntar-se” aos piquetes em favor dos trabalhadores. A direção sindical optou por não fazer greve em todas as fábricas, mas começar com greves parciais, que até agora incluem apenas 13 mil trabalhadores dos 146 mil associados que o sindicato tem nas “Três Grandes” de Detroit, como são conhecidas Ford, GM e Stellantis, e aumentarão as greves segundo avancem as negociações ou não. Fain também aproveita a corrida eleitoral rumo às eleições presidenciais do próximo ano nos Estados Unidos para fazer exigências, em particular ao Presidente Biden, que se encontra numa posição complicada por ter de apoiar o sindicato (para manter esse perfil eleitoral), mas tentar evitar que o conflito saia de controle. Em outras palavras, o flerte com Biden é uma faca de dois gumes.

Como Enid Brain aponta em um artigo recente no site Left Voice, “A luta de uma classe trabalhadora norte-americana agitada está limitando a capacidade de manobra de Biden e do Partido Democrata. O amplo apoio público à greve da UAW - e às greves em curso em Hollywood - combinado à necessidade de Biden de ganhar apoio entre a classe trabalhadora industrial do meio oeste até as eleições de 2024, significa que teve de adotar uma postura muito mais favorável aos trabalhadores que a que teve com conflitos operários anteriores, como a greve ferroviária que ajudou a quebrar no ano passado. Agora, Biden não só teve que falar sobre a greve, como também teve que se colocar ao lado dos trabalhadores. Porém, por outro lado, seu discurso também deixou claro que seu principal objetivo é pôr fim rapidamente à greve para evitar que se torne ainda maior, mais audaz, mais forte e mais perturbadora para a economia. Se vê empurrado pelas exigências de uma economia frágil, de uma economia que se converteu em elemento central de sua campanha de reeleição. Com uma instável recuperação econômica desde 2020 em jogo, Biden também precisa que essa greve seja o mais breve e menos impactante possível.

Todas as pesquisas mostram que a greve dos trabalhadores da indústria automobilística goza de enorme popularidade social face às posições inflexíveis das empresas. Até agora, apenas a Ford começou a negociar algumas das demandas.

Nenhuma das empresas está disposta a avançar com uma das reivindicações mais ambiciosas, que é a redução da jornada de trabalho de 40 para 32 horas sem redução salarial. Alguns analistas e meios de comunicação já começaram a dizer que esta medida é um exagero e que é apenas parte das exigências para obrigar as empresas a negociar os outros pontos. É uma forma de limitar o poder de negociação do sindicato, ainda mais quando o UAW não se manifestou para negar abertamente os rumores.

Por outro lado, o sindicato não confrontou abertamente as suspensões de trabalhadores que começaram a ser anunciadas pelas automotoras. Até agora, as decisões são tomadas pela liderança sindical com pouca ou nenhuma participação real das bases. Para além do prestígio que Fain conquistou entre os trabalhadores pela sua posição mais combativa do que outros dirigentes sindicais, é necessário que as bases intervenham ativamente na greve para vencer.

Como destaca Tristan Taylor, ativista e militante do Left Voice em Detroit, “a exigência de que os trabalhadores das Três Grandes entrassem em greve juntos veio desde baixo. Esse processo deve continuar; os membros de base da UAW devem decidir coletivamente seu próprio destino, incluindo suas demandas e como lutar. Isso significa que os trabalhadores, organizados desde baixo, devem decidir que fábricas se unem à greve, quando se unem e como ampliá-la. A direção do sindicato não deve ocultar dos trabalhadores a estratégia de sua própria greve. (...) Os trabalhadores estão entusiasmados por lutar com seus irmãos de sindicato, e já se mostraram ansiosos por participar nessa luta. Como deveria ser? Comitês de greve locais em cada fábrica, nos quais a base - especialmente aquela na fábrica - elege delegados para os comitês regionais que coordenarão a greve. Os comités locais e regionais devem coordenar o forte apoio que a comunidade tem dado a esta greve e procurar apoio de outros sindicatos. Este seria um passo importante para a criação de um comité de greve nacional que coordene todos os esforços para alcançar essas importantes reivindicações”.




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