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PMDB | Congresso do PMDB visa preparar candidatura à Presidência para 2018

O vice-presidente Michel Temer defendeu que o congresso do PMDB que será realizado nesta terça-feira, 17, tem como objetivo discutir o programa de governo lançado pelo partido em outubro e preparar o terreno para o lançamento de uma candidatura própria à Presidência da República em 2018.

quarta-feira 18 de novembro de 2015 | 00:00

"Nós temos a ideia de lançar um candidato em 2018, então nós temos que nos preparar para isso. Se nós não tivermos um programa, como vamos ter um candidato?", afirmou o vice durante um jantar com jornalistas promovido pela senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) na noite desta segunda-feira, 16.

Durante o encontro, Temer tentou minimizar o mal-estar instalado no Palácio do Planalto com a divulgação do documento intitulado "Ponte para o Futuro", que contém críticas à política econômica da presidente Dilma Rousseff e busca redesenhar um duro ajuste contra os trabalhadores, coma mesma política de Armínio Fraga, figura ligada aos banqueiros e à FHC, ex-indicado por Aécio Neves (PSDB) para ser seu ministro da Fazenda.

O vice fez questão de afirmar que apresentou as propostas à presidente assim que elas ficaram prontas e que o programa não deveria ser visto como uma crítica ao governo e sim como uma "colaboração". "Se o governo quiser adotar as ideias do PMDB, ótimo, vamos aplaudir", disse.

Temer ressaltou ainda que o congresso desta terça não terá caráter deliberativo, ou seja, não vai discutir se o PMDB deve deixar a base aliada do governo. O vice, no entanto, admitiu que será difícil conter as manifestações a favor do rompimento com o PT. Segundo ele, uma decisão final sobre o assunto deverá ser tomada somente em março, durante a convenção nacional do partido

O vice também afirmou que, a despeito da polêmica causada recentemente, vai voltar a pregar a necessidade de reunificar as forças políticas do País para superar a crise econômica. Em agosto, Temer disse que o Brasil precisava de alguém capaz de "reunificar a todos". A frase foi interpretada por auxiliares de Dilma como um sinal de que o vice pretendia se cacifar para assumir o comando do País, caso a presidente viesse a sofrer um processo de impeachment. Nesta segunda, Temer defendeu que foi mal interpretado e sugeriu que petistas alimentaram em Dilma o sentimento de que ele deveria ser visto com "suspeição".

Para o ex-ministro Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães e um dos responsáveis por organizar o encontro desta terça-feira, o fato de o PMDB decidir discutir um conjunto de propostas para o País não deve ser visto como um ato de "hostilidade" contra o governo. "O nosso programa não foi feito nem a favor nem contra ninguém. Não houve nenhuma intenção de romper com o governo, de apontar erros. O nosso objetivo é definir um programa que resolva a maior crise econômica da nossa história", disse.

Os políticos do PMDB do Rio de Janeiro estiveram ausentes. O fato de que Pezão, Paes e Picciani, peemedebistas oriundos do estado onde a sigla é mais forte e governa há anos, não presenciaram o debate mostra de uma forma o fracasso do próprio Congresso. Esta ausência se explica pelas disputas internas por cargos e postos do PMDB para as eleições de 2016 e 2018.

Temer no lugar de Dilma

Michel Temer ainda teve de conter os setores do PMDB que pediam a ruptura com o governo e abrir o processo de impeachment, como Eduardo Cunha e Darcísio Perondi (PMDB-RS), que fez um breve discurso na abertura do congresso do PMDB pedindo o afastamento da presidente. "Estamos preparados para discutir o impeachment de Dilma".

Temer se colocou contrário à proposta de que assuma o governo no lugar de Dilma. "Isso é natural (debate sobre desembarque). Nós temos de colaborar com o país e, mesmo as pessoas que querem a saída do governo federal, querem colaborar com o país", disse. "(O PMDB) não vai sair", acrescentou, ao ser perguntado sobre a possibilidade de ruptura com o PT.

PMDB tenta um discurso "renovador"... na defesa dos ajustes

Há meses o PMDB vem movimentando-se para, ao mesmo tempo em que serve de sólido apoio aos ajustes do PT e da direita do PSDB, manter-se a uma distância considerável do governo Dilma para não decair junto, e construir um relato "renovador e de unificação nacional" a favor dos capitalistas. Temer buscou até parecer como fiel da balança na crise política, nas peças publicitárias publicadas em rede nacional pela sigla em setembro.

Dificilmente se poderá enxergar nas mensagens "unificadoras" do PMDB alguma mudança que não seja para manter de pé o putrefato regime político dos Sarney, Cunha, Renan Calheiros e os políticos corruptos da burguesia. É o partido que mais vem fazendo "propostas" econômicas para que o ajuste ganhe a sua cara, fazendo o papel de base aliada e de oposição, com a "Agenda Brasil" de Calheiros e a "Ponte para o Futuro" de Temer (pela estabilidade dos ajustes petistas) se equilibrando com o reacionário Eduardo Cunha e as ameaças de impeachment a Dilma (mesmo estando em conluio com Lula para que os dois livrem suas caras).

Este discurso do "diálogo" e de "reunificar a sociedade" é parte da operação pela "governabilidade a serviço dos ajustes", que se une com a busca do PMDB de creditar-se como o mantenedor do equilíbrio político, de cuja desordem teria muito a perder. O fato é que o PMDB vem conseguindo extrair grandes concessões do PT de Lula e Dilma, como a recente reforma ministerial em que Dilma ofereceu a importantíssima pasta da Saúde à sigla de Temer. Este exemplo "doutrinou" o PMDB a amedrontar o governo sistematicamente para melhor posicionar sua política no tabuleiro das corruptas instituições da democracia burguesa, seu parlamento e seu Congresso. A ideia de uma candidatura PMDBista a presidência em 2018 desenvolve a mesma partitura: insinuar que poderiam estar fora da base aliada de uma eventual candidatura Lula.

Apesar destas "mensagens cifradas", Temer e o PMDB estão de acordo completo com os ajustes de Dilma e da direita no Congresso. O PT de Lula e Dilma e o PSDB da direita tradicional assinam embaixo desta tese, contra os direitos dos trabalhadores, das mulheres e da juventude.




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