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CUNHA PSDB | Cunha diz que PSDB é ’ingrato’ e que oposição perdeu oportunidade do impeachment

Após ser informado sobre o rompimento do PSDB com sua defesa, Cunha acusou os tucanos de ingratidão por nunca terem sido tão protagonistas numa legislatura quanto foram na presidência de Cunha.

sexta-feira 13 de novembro de 2015 | 00:30

Após ser informado sobre o rompimento do PSDB com sua defesa, Cunha acusou os tucanos de ingratidão por nunca terem sido tão protagonistas numa legislatura quanto foram na presidência de Cunha, tendo espaços na Mesa Diretora, funções de destaque nas CPI’s e amplo palanque para atacar e derrotar o governo.

Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o antigo Paulinho da Força Sindical, defensor aguerrido de Cunha para impulsionar o pedido de impeachment da Dilma, disse duvidar que Cunha vá seguir o pedido de impeachment após essa posição do PSDB “Acho que foi mal (a ruptura) porque, no meu ponto de vista, abriram mão do impeachment. Jogaram o Cunha no colo do PT”.

Paulinho, um burocrata sindical ligado à direita, só se confundiu com os tempos: Cunha já está há muito com pacto selado com o governo de Dilma, Lula e o PT tentando salvar sua pele em troca de desaparecer com as ameaças de impeachment, e o setor "responsável" da oposição tucana, como bons representantes da burguesia que são, há muito já abriram mão do impeachment em defesa de uma estabilidade política que permita a aplicação dos ajustes pelo governo.

Não é a toa que, logo após a declaração do PSDB, Cunha recebeu o apoio público de 13 partidos, dos quais 12 são base do governo (PR, PMDB, PSC, PP, PSD, PTB, PEN, PMN, PRP, PHS, PTN e PT do B) e o Solidariedade (SD) – do Paulinho, que defenderem sua permanência no comando da Câmara. Ao todo 230 parlamentares assinam o documento. Procurada, a bancada petista ainda não havia se pronunciado sobre o documento até o final da noite de ontem. "Se o PT resolver assinar mais para frente, será ótimo", disse André Moura (PSC-SE). PPS e DEM provavelmente seguirão os passos do PSDB.

Um debate com o "Fora Cunha"

O sentimento de setores de massas contra o reacionário Eduardo Cunha é indiscutivelmente legítimo. A manobra do governo do PT (que negocia amistosamente com Cunha nos bastidores para salvar a pele de Cunha e Dilma) é instrumentalizar este ódio para poupar Dilma e esconder os ajustes do governo petista. Justamente por essa operação política que está por trás da consigna, o "Fora Cunha" é uma consigna extremamente limitada, que lava a cara do parlamento (pois se concentra na figura apenas de Cunha, sem criticar o conjunto da instituição) e que significa na prática que outro político iria assumir (neste caso específico assumiria o também reacionário e corrupto Waldyr Maranhão do PP).

Este mote não pode, portanto, armar uma luta séria contra as desacreditadas instituições do regime burguês e seus partidos, nem mesmo contra Cunha ou a direita, já que não toca nos demais políticos corruptos e conservadores que entrariam no lugar de Cunha para cumprir o mesmo papel, caso este saia. Nenhum parlamentar burguês aceitará a saída de Cunha se isto desestabilizar a conjuntura dos ajustes. A Frente Povo sem Medo, composta por CUT, UNE, CTB, MTST e até mesmo o PSOL, ao levantar esta consigna sem mencionar o restante dos "podres poderes", está a serviço de blindar o governo e disciplinar o ódio aos conservadores.

Como viemos informando e analisando no Esquerda Diário, a tendência de estabilidade política que vem buscando os empresários e o governo Dilma em unificar os partidos da ordem para atacar os trabalhadores e impor os ajustes ganha contornos de maior efetividade. Esta série de apoios a Cunha mostra que o problema não é só o reacionário Eduardo Cunha: todo o parlamento burguês é repleto de corruptos, arrivistas e reacionários que seguiriam a mesma linha de Cunha caso este saia. É preciso questionar todas as instituições desta democracia para ricos e contra os trabalhadores, as mulheres e a juventude. Que os trabalhadores e o povo decidam, autoorganizados de maneira independente dos capitalistas, quando estes políticos devem ser revogados. Em meio a uma situação em que os trabalhadores sentem mais desconfiança destas instituições, isto deve apontar a uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, construída sobre novas bases e com representantes eleitos em cada local de trabalho e estudo, para revisar todos os acordos de entrega dos recursos nacionais, de privatizações, contra os direitos das mulheres e dos LGBTs por parte dos capitalistas.

Só uma política da classe trabalhadora organizada a partir da luta de classes para barrar estes ataques e com legítimos representantes dos trabalhadores e do povo pobre, que lutem para acabar com os privilégios, para que os políticos e altos funcionários do Estado ganhem o mesmo que uma professora da rede estadual, pode fazer com que sejam os capitalistas que paguem pela crise que eles mesmos criaram.




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