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MACHISMO EMPRESARIAL | Escândalo no Chile por um presente misógino ao ministro da Economia

Em um ato machista e misógino os empresários agrupados na Asexma Chile, presentearam com uma boneca inflável o ministro de Economia para “estimular a economia”. Repúdio nas redes sociais e do movimento de mulheres.

quinta-feira 15 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Na ceia anual da câmara empresarial Asexma do Chile (exportadores de manufaturas), os anfitriões presentearam o ministro da Economia, Luis Felipe Céspedes, com uma boneca inflável, diante da risada de todos os presentes, para “estimular a economia”.

O jantar se realizou na Casa Piedra, um complexo de luxo que os grandes empresários utilizam para suas conferências, onde, além de Céspedes, estavam os candidatos José Miguel Insulza e Alejandro Guillier, que foram jantar com os mesmos empresários com os quais compartilham estas aberrações misóginas e machistas.
A boneca tinha a boca tampada por um papel que dizia: “Para estimular a economia”. Um ato ofensivamente machista, que reproduz o pior de um sistema que oprime e violenta cotidianamente as mulheres, ao tratá-las como “objeto”.

E foi com estes empresários (neste caso a Associação de Exportadores de Produtos Manufaturados – Asexma), os mesmos que em suas fábricas pagam menos às mulheres pelo mesmo trabalho que realiza um homem, que o Ministro da Economia decidiu festejar este “presente” que humilha milhões de mulheres.

Amplo repúdio

Foi amplo o repúdio nas redes sociais, assim como pelo movimento de mulheres. A Coordenação Ni Una Menos saiu a denunciar o “espetáculo de sua misoginia e aberrações próprias do capitalismo e do patriarcado”.

Da mesma maneira a organização Pan y Rosas do Chile junto à vice-presidenta da FECH (Federação dos Estudantes Chilenos), Bárbara Brito, denunciaram “os empresários, seu machismo impune e seus políticos a serviço de manter um sistema de exploração e opressão sobre milhões que somos vistas como ‘objeto’. Este presente não é mais que uma mostra deste significado, essa aliança entre os capitalistas, o patriarcado e este Estado, que submete as mulheres à humilhação e o povo trabalhador à precarização e miséria, sendo as mulheres objeto de todo este tipo de degradações”.

A resposta do lado empresarial foi absolutamente hipócrita. Desde a patronal da Confederação da Produção e Comércio (CPC), ligada historicamente à direita, ao capital estrangeiro e defensora da ditadura e seu modelo (onde se assassinavam mulheres todos os dias), disseram que “lhes indigna e envergonha” e que “não representa em absoluto o pensar do empresariado. Nos parece vulgar, degradante e uma inaceitável falta de respeito contra a dignidade da mulher”.

A esse respeito Bárbara Brito indicou que “não existe nada mais hipócrita, sendo que reproduzem cotidianamente a violência contra as mulheres com a precarização, baixos salários e miséria, que mais sofrem as mulheres”.

Mesmo assim, Ricardo Lagos, um dos principais candidatos do empresariado e do “partido da ordem” que se negou durante décadas a mínima legislação favorável aos direitos das mulheres, declarou hipocritamente: “O presente de #Asexma é uma falta de respeito e ofensivo para todos os chilenos. Atacou-se a dignidade da mulher e isso é inaceitável”.

O representante da direita e candidato presidencial Sebastián Piñera, repudiou o fato por redes sociais, porém não poupou palavras para levantar um reacionário discurso anti-imigrante tomando a bandeira do racista Donald Trump.

Em comunicação com La Izquierda Diario, Bárbara Brito declarou que “a cumplicidade entre empresários e um sistema de opressão patriarcal sobre as mulheres, é a mesma que dissemina a unidade entre os trabalhadores e o movimento das mulheres para terminar com toda exploração e opressão, sustentado por um sistema e uma classe social que vivem as custas da miséria da maioria do povo trabalhador e da opressão à mulher e a diversos setores sociais”.

Tradução: Alexandre "Costela"




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