×

Provão Paulista | “Milhares de alunos que trabalham serão excluídos dessa oportunidade”, diz estudante da rede pública sobre o Provão Paulista de Tarcísio e Feder

O Provão Paulista, novo instrumento de avaliação externa dos estudantes do Ensino Médio imposto por Tarcisio e Feder, disponibilizará algumas vagas para os estudantes da rede pública nas universidades estaduais paulistas. Entretanto, a prova será realizada no período do contraturno das aulas. Ou seja, parcela significativa da juventude terá sabotada essa possibilidade de ingresso.

sábado 11 de novembro de 2023 | 13:24

Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo/AE

“Sou estudante da escola pública e trabalho quando não estou na escola para ajudar no sustento da minha família e não poderei fazer o provão paulista. Não só eu, mas outros milhares de alunos que também trabalham serão excluídos dessa oportunidade que por mais pequena que seja é uma oportunidade a mais que não poderemos tentar porque será realizada durante a semana e não no horário das nossas aulas. É um absurdo o que faz Tarcísio e Feder! Seguem dando mais oportunidades aos alunos das escolas privadas que tem um ensino de melhor qualidade. Nós alunos da escola pública temos uma péssima qualidade de ensino. Retiraram os materiais impressos, nos obrigaram utilizar materiais digitais com erros gravíssimos e poderia dizer aqui várias outras coisas que revelam a precarização, a realidade, que toma as nossas escolas e tiram as chances de um ensino de qualidade”.

Esse depoimento é de M., estudante da rede estadual paulista na cidade de Campinas, que por receio da retaliação no trabalho preferiu não se identificar. M. trabalha em uma rede internacional de fast food com direito apenas a uma folga na semana e um domingo no mês. Estuda das 7h às 12h35 e trabalha das 14h30 às 21h30. Essa é a realidade de grande parte de jovens e adultos da rede pública de ensino diante desse sistema de produção de misérias que sabota o direito pleno à vida e impõe um cotidiano árduo de trabalho precário em nome do lucro alheio.

O Provão Paulista é o novo instrumento de avaliação externa dos estudantes do Ensino Médio imposto pelo governador Tarcísio de Freitas e pelo secretário Renato Feder. Ambos defensores incansáveis da destruição dos serviços públicos com uma série de ataques privatistas e reacionários que na educação implicam necessariamente a precarização das condições de trabalho dos professores e da formação das crianças, jovens e adultos. Vale destacar que a precarização da educação é a marca do Novo Ensino Médio mantido pelo governo do Partido dos Trabalhadores (PT). Conforme desenvolvido aqui, a reforma da reforma de Lula, Alckmin e Camilo Santana não só garante como viabiliza esse enorme ataque à educação e a transferência de recursos públicos para os tubarões da educação.

Embora medidas emergenciais que visam a reparação histórica produtora de imensas desigualdades sociais seja necessária - afinal o vestibular é um filtro social que impõe um enorme abismo para o ingresso dos estudantes da rede pública nas universidades públicas - é fundamental ter clareza da demagogia que carrega tal medida.

Conforme mencionamos aqui para além do inaceitável caráter excludente do provão, das 15.369 vagas oferecidas apenas 18% será para o ingresso na USP (1.500), Unesp (934) e Unicamp (325). O restante (12.620) será para o ingresso na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (2.620) e Fatec (10.000). Ou seja, 82% das vagas serão para a modalidade de ensino a distância (EAD) e tecnólogo. Números que expressam a demagogia de Tarcísio e Feder. A demagogia se escancara ainda mais com o recente anúncio de corte orçamentário de 9,8 bilhões da educação para 2023 e com a demissão de aproximadamente 100 mil professores da rede estadual no último dia do ano. Esses ataques do governo de São Paulo tem base de sustentação no neoliberal Arcabouço Fiscal, o novo teto de gastos, medida imposta pelo governo Lula-Alckmin que restringe o orçamento público.

É fundamental que a Apeoesp rompa com sua paralisia e construa de fato, a partir da base, a greve do funcionalismo público no próximo dia 28. Nós do Nossa Classe queremos construir em todas as categorias que atuamos e nos cursos nas universidades, a mais forte mobilização, exigindo que as centrais sindicais, apoiadas na greve unificada, convoquem assembleias em todas as categorias, na perspectiva de construir uma forte greve geral contra Tarcísio em todo o Estado de São Paulo, que coloque em xeque as terceirizações e levante a necessidade da estatização sob controle dos trabalhadores e usuários de todos os serviços públicos.

Veja também: São Paulo 28N | Declaração do Nossa Classe rumo à greve unificada contra Tarcísio e as privatizações

O Nossa Classe Educação, junto à juventude Faísca, batalha nos locais de trabalho e estudo onde atuamos pela ampliação das cotas étnico-raciais, por vestibular diferenciado para indígenas, por cotas trans em todas as universidades, pelo fim do vestibular - que exclui os setores oprimidos e pela estatização das universidades privadas.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias