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Argentina | Na Argentina, governo aprova texto geral da lei ônibus. Votações e discussões seguem enquanto CGT se ausenta das lutas e mobilizações da juventude cresce

Indo até as 9 da manhã na Câmara de Deputados com 142 votos a favor, 106 contra e 5 abstenções. Para obter a meia sanção falta a votação específica, que se fará por capítulo, e há alguns artigos em questionamento. Quem votou a favor da lei que inclui uma reforma trabalhista, eliminação da moratória de aposentadoria, privatizações. O rechaço da esquerda e das ruas, com questionamento à cúpula da CGT por seu sumiço.

terça-feira 30 de abril | Edição do dia

Com 142 votos a favor, o governo volta a obter a aprovação do conjunto da Lei Ônibus, que havia conseguido em fevereiro. Todavia falta a votação específica para que tenha meia-sanção, e, então, cai nas mãos do Senado transformá-la em lei. Logo que finalizar a votação pela lei ônibus, a sessão continuará com a do pacote fiscal. Todavia ainda há um dia tenso pela frente: o segredo está na votação específica de ambas as leis.

Os 142 votos positivos para a lei ônibus foram de La Libertad Avanza, PRO, a ampla maioria da UCR (30 de 34) e o bloco Hacemos de Pichetto (inclusive Stolbizer), Innovación Federal, 3 tucumanos ex Unión por la Patria, e Garrido de Santa Cruz (o outro santacruzeiro optou por ausentar-se). Teve apenas 2 votos a menos que a votação do texto em fevereiro antes de cair na votação por artigos.

Rechaçaram o texto, Unión por la Patria, Frente de Esquerda, 2 socialistas de Santa Fe e a cordobesa De la Sota do Hacemos. Esta vez nenhum deputado radical votou contra, e os “dissidentes” preferiram a abstenção.

Houveram 5 abstenções com 4 da UCR e Mónica Frade da Coalición Cívica.

CGT se ausenta da luta, mas a resistência da juventude cresce na Argentina e no mundo.

Fora do Congresso, novamente houveram protestos desde a segunda de manhã para rechaçar estas leis. Inclusive alguns deputados do governo e seus aliados passaram um momento ruim quando ingressaram ao palácio receberam os gritos das mulheres, aposentadas e aposentados, que exigem que não votem contra as mulheres eliminando a moratória de aposentadoria. No local, Myriam Bregman saiu na encruzilhada contra às que apoiam esta lei: “não se digam feministas as deputadas que levantem a mão para votar esta lei”. Silvia Lospennato do PRO, convertida quase que porta voz do La Libertad Avanza, defendeu no local a eliminação da moratória previdencial: disse que as aposentadorias estão entre os principais “gastos” do Estado, que gera déficit fiscal e apontou um “relato que dizia que se podia aposentar todos mesmos quem ainda não tivera feito as contribuições

O deputado Christian Castillo da Frente de Esquerda alertou no recinto ao governo: “Sabem que o humor social está se esgotando” e reivindicou os protestos fora do congresso, destacando o paro dos azeiteiros. Resumiu ambas as leis como “uma ofensa a toda a classe trabalhadora. São um ataque de enorme magnitude se somamos as mudanças da reforma trabalhista, a volta do imposto de renda aos trabalhadores e a eliminação da moratória previdenciária e das privatizações”

Também estiveram os monotributistas porque querem aumentar os impostos para as categorias mais baixas e atacam especialmente o monotributo social que afetará os setores que mais baixa renda. Os deputados e deputadas da Frente de Esquerda acompanharam os protestos, saindo do recinto. Bregman e Del Caño falaram com os manifestantes, destacando como na Argentina foi massiva a mobilização pelas universidades públicas, em todo o mundo há uma juventude se levantando e o faz contra o genocídio de Israel sobre o povo palestino em Gaza. Nos Estados Unidos, França, Alemanha e Grã Bretanha.

Brilhou a ausência da direção da CGT e da CTA, que como assinalou Bregman “Não convocaram nem a uma solta de balões no Congresso” para rechaçar estas leis que atacam particularmente as e os trabalhadores com a reforma trabalhista. Nicolás del Caño afirmou que “olham para o outro lado” enquanto não convocam um plano de lutas e “desejam que cada setor lute separado por sua própria conta”. A realidade é que a direção da CGT foi parte das negociações e deu aval para incluir os pontos que ficaram na versão final.

A CGT negociou a reforma trabalhista e se retirou da luta contra a Lei de Bases. A burocracia sindical se prepara para um ato completamente rotineiro nesta quarta. Uma medida quase absurda, que não é parte de nenhuma luta contra o ajuste de Milei e das grandes patronais. É, ao contrário, parte de seguir a negociação que segue aberta enquanto a lei vai ao Senado para ser votada.

Nesta segunda voltou a se ausentar das mobilizações na frente do Congresso Nacional. Não apareceram nem sequer os dirigentes ou figuras mais conhecidas Nem as mais próximas do oficialismo, nem aqueles que se dizem oposição.

As direções da CTA fizeram o mesmo. Também a maioria das organizações sociais peronistas e kichneristas. As delegações presentes apenas superaram o testimonial, quando se tratam de organizações com capacidade de mobilização. Voltaram a se ausentar, como haviam feito em fevereiro. Novamente a presença nas ruas, foi das assembleias de bairro, o sindicalismo combativo, a esquerda e organizações sociais.

Habituados às reuniões e negociações, os distintos aparatos sindicais burocráticos se negaram a prepara uma grande mobilização que teria força para golpear seriamente contra a Lei de Bases. Se dedicaram a especular, esperando que as reuniões parlamentares debilitada o governo. Sua estratégia segue sendo a mesma: deixar que Milei faça um desastre no país para voltarem pela via eleitoral em 2025 ou 2027.

Mas a força para derrotar o ajuste de Milei existe agora. O descontentamento contra a política de ajuste começa a crescer. Se viu na terça passada, quando um milhão de pessoas marcharam em todo o país, na Marcha Federal Universitária. Aqui se mostrou a vontade de freiar o ataque de Milei contra a universidade e a educação pública. Se mostrou também que a revolta vai além. Em todo o país, em cada cidade, as multidões invadem as ruas também contra a política de ajustes em seu conjunto.

O governo crê que porque fecha um acordo com os blocos colaboracionistas vai poder avançar sem problemas. Porém se equivoca. Os milhares que marcham mostra que se acaba a paciência da sociedade. Os discursos não conseguem frear a revolta que cresce contra os tarifaços, contra as demissões

Pode negociar o ajuste por cima, mas por baixo a revolta e a resistência vai crescer. Entre a juventude, os trabalhadores, entre o conjunto do povo trabalhador.

Mas a juventude não se mobiliza apenas na Argentina. É protagonista de um enorme processo de luta e organizações nos países imperialistas. Um processo que não tem precedentes em 50 anos, desde as massivas mobilizações contra a guerra do Vietnã ou o Maio Francês. Nos Estados Unidos, na França, Alemanha, Grã-Bretanha. Assim cresce as marchas massivas, os acampamentos e outras medidas de protesto de um movimento estudantil que se rebela contra o genocídio que leva Israel em Gaza. Esses protestos também canalizam um mal-estar massivo contra as elites do poder econômico mais concentrado. Contra o empobrecimento e o crescimento da desigualdade que percorre o mundo.

Esse genocídio em Gaza é o que apoia Milei. O presidente argentino é aberto defensor de um massacre que já levou mais de 35.000 vítimas civis, entre elas uma enorme porcentagem de crianças. O repúdio mundial é tão grande que inclusive aqueles que apoiam abertamente Israel (como Biden ou Trump) tentam se diferenciar.

Essa potência é a que deve se desenvolver. Na Argentina e em todo o mundo. Essa força da juventude que se rebela é a que pode por um freio aos planos dfe ajuste selvagem da classe dominante. Hoje Milei é vanguarda destes planos de ajustes a serviço do poder econômico mais concentrado. A força para derrotá-lo está aí. O seu desenvolvimento deve ser impulsionado desde baixo. Devemos por as mão à obra.




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