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Violência Policial | Oficiais da PM ordenaram a Chacina de Camaragibe e mostram modus operandi da polícia

Segundo investigação, a chacina foi comandada e monitorada por tempo real por oficiais da PM, mostrando o modus operandi de ação da polícia. Mesmo com a revelação oficial, os oficiais não apenas seguem em liberdade, como continuam em seus postos na corporação.

sexta-feira 8 de março | Edição do dia

No dia 15 de setembro do ano passado, as redes sociais se chocaram quando uma família, transmitiu ao vivo no Instagram, a sua própria execução. O episódio ficou conhecido como a Chacina de Camaragibe, onde a polícia executou 7 pessoas.

Após uma troca de tiros onde 2 PMs morreram, a polícia organizou uma caçada não apenas para buscar o autor dos tiros, mas também para matar toda a sua família em vingança. Tanto a casa de seus irmãos, como também de sua mãe - onde também estava sua esposa, foram invadidas por policiais mascarados. Seus irmãos foram mortos a queima roupa enquanto gravavam no Instagram. Já a mãe e a esposa foram sequestradas e deixadas num matagal. Além disso, uma mulher grávida que foi feita de escudo humano pelo atirador e ficou ferida durante a troca de tiros também morreu. Ainda que não tivesse nada a ver com o caso, seu primo foi agredido enquanto tentava colocar ela no carro para levar para o hospital. O carro que estavam também foi alvejado pela polícia no caminho.

Após a viralização da transmissão ao vivo, e de todos os fatos levando a conclusão que obviamente a chacina tinha sido feita pela polícia, a investigação veio revelar o óbvio: que foi a polícia que fez a chacina. Mais que isso, ainda mostra que toda a operação "clandestina" foi organizada por altos oficiais da PM, 2 tenentes-coronéis. Os mesmos também monitoraram tudo por telefone. Um deles, ocupava o segundo posto de inteligência na corporação. Apesar disso, a maioria deles, incluindo os oficiais, vão poder responder em liberdade.

Para a piorar a situação, há áudios gravados onde deixam explícito que iam matar toda a família dele e também um áudio dizendo que iria matar toda a família dele.. Além disso, os áudios também indicam que torturaram uma mulher para obter as informações e no final os PMs comemorando e dizendo que estavam "felizes".

O fato da chacina ter sido organizada diretamente por oficiais mostra que, mais que um "fato isolado" se trata de um modus operandi da polícia, assim como outros casos recentes, como de 2 homens executados dentro de casa na Comunidade do Detran. Nos dois casos citados, se não fosse a repercussão causada após a filmagem dos episódios, provavelmente os casos não seriam investigados, e seriam taxados somente como uma "disputa do tráfico" deixando a PM ilesa. Isso é reforçado pelo fato de que, após cometerem a chacina, os PMs comentaram entre si que estava tudo "de boa", pois tinham apoio de coronéis e do pessoal do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mostrando como esse modus operandi envolve não apenas um batalhão ou outro, mas toda corporação e também a Polícia Civil.

Casos como a chacina de Camaragibe, ou as recentes mortes em operações "vingança" como a Operação Verão promovidas pela polícia no litoral paulista - onde há denúncias de torturas e execuções sumárias de pessoas inocentes somente por criticar a ação da polícia, intimidando os familiares até mesmo no enterro e inclusive dificultando as perícias dos corpos - mostram o real caráter racista e opressor dessa corporação. Enquanto cresce a violência policial, os números de homicídios seguem alarmantes, mostrando que seu real papel, longe de trazer segurança, é reprimir e aterrorizar os moradores de favelas e periferias.




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