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Argentina | Paralisação total de aeroviários na Argentina contra Milei e as privatizações

O governo Milei caminha para o terceiro mês e já avança brutalmente contra o povo argentino impactando severamente a condição de vida dos setores populares. O salário dos trabalhadores aeronáuticos foi reduzido em quase 70% devido à inflação galopante. Neste 28 de fevereiro três sindicatos do setor convocaram greve e os trabalhadores da Aerolíneas Argentinas e da Intercargo (empresa responsável pelo serviço de rampa) protagonizaram uma forte paralisação contra a privatização das companhias aéreas, mais um ataque de Milei e de seu ministro da economia Luis Caputo, que junto com Bullrich declararam guerra aos trabalhadores, com o apoio do FMI.

quinta-feira 29 de fevereiro | Edição do dia

A paralisação teve um grande impacto nas operações aéreas neste dia. De acordo com informações divulgadas pela Asociación del Personal Aeronáutico em redes sociais, houve o cancelamento de 340 voos com destinos como Buenos Aires, Córdoba e Rosário. Essa ação afeta não apenas os voos das companhias aéreas, mas também de outras empresas. Mais uma vez, o poder social deste setor da classe trabalhadora é evidenciado pela combinação de imagens dos aviões estacionados nas pistas com as dos balcões vazios, demonstrando o impacto da greve.

Após a queda da Lei Omnibus (que propunha a privatização de mais de 30 empresas, incluindo a Aerolíneas Argentinas e a Intercargo), onde os trabalhadores impuseram uma derrota ao governo através de uma forte organização em assembleias de bairro e nas ruas junto com organizações políticas, o ataque contra as companhias estatais continua, com o DNU em vigor e uma comissão sendo formada para modificar o Código Aeronáutico Argentino, visando minar financeiramente a companhia para viabilizar a privatização às pressas.

É uma parte substancial da estratégia de Milei articular ataques aos trabalhadores das estatais buscando provocar desmoralização para impor as privatizações. Nesse contexto o governo ofereceu um aumento salarial de 12% aos trabalhadores, valor ridiculamente abaixo da inflação, que foi rejeitado pelos sindicatos aeronáuticos. Em vários pontos da cidade e da província, estão sendo formadas assembleias de bairro que estiveram na vanguarda da luta contra a Lei Omnibus e mostraram seu potencial ao lado dos ferroviários no cacerolazo contra o aumento das tarifas e a privatização da ferrovia. Estas assembleias mostraram a potencialidade e a necessidade de união com diversos setores. Muitos aeronáuticos estão participando dessas assembleias para levar a campanha contra a privatização aos bairros e buscar uma rede maior de união contra as privatizações.

Simultaneamente ocorre uma campanha de difamação dos trabalhadores pelos meios de comunicação e jornalistas alinhados ao poder. Enquanto isso a vanguarda dos aeronáuticos busca contrabalançar a luta por recomposição salarial e a defesa da legitimidade da greve contra a privatização em todos os setores dos aeroportos e nas redes sociais.

Como apontam os trabalhadores do Grupo El Despegue (MAC-PTS): “Apesar das ações da direção sindical sem consulta, é latente a vontade de parar e mostrar que os trabalhadores vão defender a nossa bandeira e os nossos salários.”
Além disso, destacam que “defender o nosso salário é defender a nossa empresa carro-chefe. O caminho é a unidade de todos os trabalhadores de baixo para cima e revolucionar os nossos sindicatos em forças militantes colectivas que se coordenem com as assembleias de bairro, e com outros trabalhadores em luta, porque a luta é uma só e é enfrentar o plano de guerra do governo para todos os trabalhadores. Hoje estamos completando uma primeira etapa importante e sabemos que contamos com o apoio de milhares de pessoas que nos assistem e querem que vençamos.”

O PTS, partido irmão do MRT na Argentina, defende que esta greve deve ter continuidade e a mais ampla unidade entre os trabalhadores aeronáuticos e com os diferentes trabalhadores em luta, como funcionários públicos; professores, bancários, ferroviários e profissionais do setor audiovisual, para citar alguns dos muitos atacados por Milei. A unidade é vista como essencial diante da perversidade que estão implementando. Por isso, a exigência de greve geral vem ecoando em cada assembleia mobilizada, para que as lutas não sejam isoladas. O governo está em um momento de fragilidade após a derrota da Lei Omnibus e seus constantes ataques contra governadores e o Congresso.

A classe trabalhadora argentina mostra mais uma vez o caminho para enfrentar a extrema direita e os projetos neoliberais e privatistas: Organizar desde baixo os setores populares, com assembleias de bairro, construir a unidade dos trabalhadores revolucionando os sindicatos em forças militantes coletivas e impor através da luta as demandas urgentes da população.




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