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Servidores Municipais | Prefeitura do PSOL manda tropa de choque para reprimir servidores em greve de Belém

A Secretaria Municipal de Administração de Belém (Semad) está ocupada desde quarta-feira (03), com servidores municipais que lutam por reajuste salarial: grande parte da categoria recebe menos que um salário mínimo. A prefeitura de Edmilson Rodrigues (PSOL) mandou o batalhão de choque da Polícia Militar para desocupar a Secretaria.

sexta-feira 5 de abril | Edição do dia

Imagem: @cst_uit

Uma onda de lutas invade Belém: dos trabalhadores em greve das universidades federais do Pará e Rural da Amazônia que realizaram atos no fim de março junto a servidores públicos e estudantes por reajuste salarial, até os servidores da Secretaria Municipal de Administração de Belém (Semad) que também lutam por reajustes salariais.

Grande parte da categoria dos servidores municipais recebe R$1.007 de salário base, valor abaixo do salário mínimo. No último dia 03, cerca de 15 servidores ocuparam o prédio da Secretaria, reivindicando o reajuste salarial e o aumento do vale-alimentação.

A Prefeitura de Belém, com a gestão de Edmilson Rodrigues, do PSOL, repudiou a ocupação e fez um Boletim de Ocorrência na Delegacia Virtual, afirmando que “a Prefeitura reforça ainda que tomará todas as medidas administrativas e legais cabíveis para responsabilizar, administrativa e criminalmente, os responsáveis pela ocupação do patrimônio público”. Nessa sexta-feira, chegou a mandar o batalhão de choque da Polícia Militar para reprimir e tentar acabar com a ocupação dos trabalhadores.

As greves dos servidores de Belém fazem parte de uma onda nacional de luta de diversos setores do funcionalismo e da educação por melhores condições de trabalho e reajuste salarial: mais de 60 universidades federais já entraram em estado de greve no país, o funcionalismo e os servidores da educação municipal recentemente travaram a mesma batalha em São Paulo, em Contagem (MG) e, mais recentemente, os professores do Ceará se voltaram contra a direção burocrática do PT e PCdoB que se recusou a votar a greve geral da categoria.

O PSOL, nacionalmente, vem cada vez mais trilhando o caminho da conciliação de classes, elogiando a PL da Uberização do governo Lula-Alckmin e chegando a exemplos como esse em Belém, se utilizando da PM, uma das polícias mais assassinas do mundo e utilizada pelo Estado para reprimir trabalhadores e a juventude, contra a luta totalmente legítima dos servidores municipais. Quando o PSOL ganhou a prefeitura de Belém, diziam que seriam "um bastião de resistência dos trabalhadores": hoje reprimem esses mesmos trabalhadores que lutam, resultado de um partido que se adapta cada vez mais a política de conciliação de classes do PT e não se propõem a enfrentar os interesses capitalistas.

Em São Paulo, Boulos, na busca de conformar uma frente amplíssima, inclusive com setores burgueses, trilha o mesmo caminho: não se pronunciou sobre a greve dos servidores municipais (além de um tímido tuíte que sequer cita a palavra “greve”) contra o reajuste salarial de 2,16% de Ricardo Nunes (MDB), seu adversário nas eleições que irão ocorrer no fim desse ano.

Na tentativa de se afastar da imagem de “radical” e se fazer parecer mais viável para a direita paulista, com quem agora se alia com a vice Marta Suplicy, fervorosa apoiadora da Reforma Trabalhista, Boulos chegou a postar em suas redes que tem boas relações com os comandes da Polícia Militar de São Paulo, a mesma que realizou as últimas chacinas na Baixada Santista com a Operação Verão a mando de Tarcísio (Republicanos). O caminho da conciliação de classes do governo Lula-Alckmin, que aplica o Arcabouço Fiscal que impossibilita o reajuste salarial do funcionalismo e dificulta o reajuste nos municípios, só fortalece a extrema-direita, junto a um PSOL que avaliza essa política, cubrindo pela esquerda as contradições do governo de frente ampla.

É preciso apoiar a luta dos servidores federais e municipais que estão em luta por melhores condições de trabalho, e romper com a paralisia das grandes centrais sindicais que se recusam a unificar as lutas em curso em uma paralisação nacional. Frente a uma primavera de greves no país, é necessário organizar pela base os servidores técnico administrativos das universidades federais, servidores municipais, petroleiros e o funcionalismo público, que podem apontar uma perspectiva de questionamento mais profundo do governo de conciliação de classes que quer que os trabalhadores paguem pela crise, barrando a política de arrocho imposta aos trabalhadores federais, municipais e estaduais pelo país todo.




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