×

PSDB E CUNHA | Pressionado, PSDB começa a isolar Cunha

Líderes da oposição que até a semana passada mantinham apoio ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avaliaram nesta terça-feira, 10, em reunião que a situação do presidente ficou ainda mais complicada.

quarta-feira 11 de novembro de 2015 | 00:00

Líderes da oposição que até a semana passada mantinham apoio ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avaliaram nesta terça-feira, 10, em reunião que a situação do presidente ficou ainda mais complicada. Mesmo com a perspectiva de ver naufragar o projeto de impeachment da presidente Dilma Rousseff, os oposicionistas consideraram que a relação com Cunha ficou muito desgastada.

Para os tucanos, as entrevistas concedidas por Cunha no final da semana passada, em que ele apresentou sua defesa, "demandou de todos os partidos uma resposta". O líder da minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), disse que a explicação de Cunha "deixa a desejar".

A maioria dos tucanos avalia que a sigla se desgasta perante a opinião pública se não defender com mais ênfase a saída imediata de Cunha do comando da Câmara. "Ele não tem mais condições de ficar. Vamos botar ele logo para fora", afirmou Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Um grupo de parlamentares da legenda quer antecipar a reunião da Executiva do partido a fim de que haja uma deliberação formal da sigla sobre o assunto. Há o entendimento ainda, no PSDB, de que Cunha não irá deliberar tão cedo sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, único motivo real pelo qual o partido tem mantido o apoio ao peemedebista até agora.

De atuação normalmente alinhada ao peemedebista, o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), reforçou o discurso dos tucanos e declarou que Cunha apresentou um argumento de defesa com "vários furos".

"À medida em que você não tem explicações que satisfaçam a opinião pública, piora o quadro do presidente. Espero que no curso do processo ele tenha oportunidade de se defender. Até aqui, o quadro é realmente bastante negativo e a gente tem de enfrentar a realidade como ela é", acrescentou.

Mendonça alegou que a postura da oposição sempre foi de não blindar o presidente da Casa nem de julgar antecipadamente. "Ele (Cunha) se antecipou num argumento de defesa amplo, que a nosso ver tem vários furos." O líder defendeu o direito à ampla defesa do peemedebista, mas pediu celeridade e cautela no julgamento. "A defesa de Cunha mais fragilizou a situação do que esclareceu. São explicações frágeis para denúncias bastante graves", concluiu.

Os oposicionistas cobram de Cunha uma posição em relação ao impeachment. Caso ele indefira o requerimento dos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal, partidos de oposição vão recorrer ao plenário. Governistas próximos ao deputado também cobram publicamente explicações dele. "Todo o Parlamento aguarda da defesa do deputado Eduardo Cunha", disse o líder do PSD, Rogério Rosso.

Trata-se de uma mudança na posição do PSDB, que vinha apoiando Cunha até finais de setembro. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), havia dito no início de outubro que "Temos um comportamento de confiança mútua construída em razão da postura de correção que ele vem adotando com as oposições." O posicionamento do PT, se utilizando do pára-raios petista da Frente Povo sem Medo (composta por MTST, PSOL entre outros) para ocultar o papel ajustador de Dilma por trás do reacionário Cunha, pressiona o PSDB a também se afastar do presidente da Câmara, assolado pela mesma corrupção na Lava Jato que atravessa PT, PSDB e PMDB.

Assim, a direita tradicional do PSDB joga areia nos olhos dos trabalhadores para tentar aparacer como um partido "ético", quando está igualmente envolvido em escândalos como a da Lava Jato, a do superfaturamento das obras do metrô de SP e as fraudes com a Sabesp, além de ser responsável pelo início da privatização da companhia Vale do Rio Doce, por FHC em 1998 e agora levada adiante pelo governo do PT, responsável por um dos maiores desastres ambientais da história do país que pode inviabilizar a pesca no Rio Doce.

Apesar de cenários imprevistos poderem ocorrer em função da luta de bastidores dos políticos burgueses, em defesa de sua eterna impunidade, as negociatas entre Lula e Cunha mostram que a operação política por trás do "Fora Cunha" que vem levantando setores governistas, acompanhado pela Frente Povo sem Medo, tem como objetivo poupar os principais agentes do ajuste em curso.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias