O Conselho Universitário da USP, órgão máximo de deliberação da universidade, se reuniu pela primeira vez durante a pandemia no dia 23 de junho. Os três representantes dos funcionários da USP levaram as denúncias dos trabalhadores efetivos e terceirizados em relação às condições de trabalho no Hospital Universitário (HU), o trabalho remoto e a ameaça de demissão em massa de centenas de trabalhadoras terceirizadas da Universidade.
quarta-feira 24 de junho de 2020 | Edição do dia
Passados três meses da pandemia os três representantes dos funcionários denunciaram a tardia reunião, quase dois meses após enviarem uma carta ao CO solicitando uma reunião emergencial. Em um momento onde o número de mortos pela pandemia bate recordes e os governos começam a flexibilizar a quarentena é preciso redobrar a atenção sobre os trabalhadores, cada dia mais vulneráveis, especialmente os trabalhadores do hospital universitário e de outros serviços essenciais que se mantém trabalhando sem testes periódicos, com EPIs sendo racionados e os trabalhadores terceirizados que, além de muitos estarem trabalhando, estão ameaçados de demissão.
Os dirigentes da Universidade de São Paulo que, hipocritamente, aderiram à campanha Vidas Negras importam, atacam justamente as trabalhadoras terceirizadas que são em sua maioria negras. A USP decidiu cortar em 25% os contratos com as empresas terceirizadas o que deve levar a demissão em massa dessas trabalhadoras. Por isso, os representantes exigiram da reitoria que nenhuma demissão ou redução de salários dessas trabalhadoras e a garantia de que possam realizar uma quarentena efetiva com salários garantidos.
A representação dos funcionários também denunciou o pouco ou nenhum diálogo da reitoria com os trabalhadores e suas representações sindicais, negando-se a atender medidas elementares como a liberação dos funcionários que fazem parte do grupo de risco e a contratação emergencial de trabalhadores para as diversas áreas do hospital universitário, para que este possa funcionar plenamente. Denunciaram também a política discriminatória da reitoria que decidiu realizar testes para a covid-19 em alguns trabalhadores do hospital, mas nega a testagem para os trabalhadores terceirizados, exigindo testes para todos os trabalhadores, efetivos ou terceirizados.
Veja a fala de cada um dos representantes dos funcionários no CO:
Adriano Favarin, trabalhador da Faculdade de Odontologia
Babi Della Torre, trabalhadora do Hospital Universitário
Reinaldo Souza, diretor do Sintusp