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Censura | Révolution Permanente processado por dar voz à luta dos trabalhadores na França

No próximo 20 de junho, o jornal Révolution Permanente, parte da rede internacional Esquerda Diário, irá a julgamento em Toulouse, na França, por difamação. Trata-se de um ataque judicial logo após a publicação de um texto de um trabalhador da aeronáutica, em meio à luta contra um plano de demissões. Não nos calarão!

quinta-feira 1º de junho de 2023 | Edição do dia

Desde sua criação, o Révolution Permanente (RP), seção francesa da rede internacional Esquerda Diário, vem cobrindo as greves, protestos e manifestações, buscando dar voz aos que lutam por salários, contra demissões e os ataques do governo. Esta é uma atividade que está no coração do trabalho político desta corrente militante, e que muitas vezes rende ataques, inclusive nos tribunais.

Levados aos tribunais por denunciar um plano massivo de demissões na indústria aeroespacial

Há alguns meses, tornou-se pública uma acusação de “difamação” feita contra o jornal por um subdiretor de operações da empresa aeroespacial Assistance Aeronautique & Aerospatiale (AAA), um representante da CFE-CGC (Confederação Francesa de Gerentes - Confederação Geral de Gerentes), que, em setembro de 2020, tinha assinado um plano massivo de demissões: 719 cargos de trabalho eliminados de um total de 1587, ou seja, 45% do quadro de funcionários.

Na época, o Révolution Permanente desempenhou um importante papel em publicizar esta enorme ofensiva, como continuidade de inúmeros ataques no setor aeronáutico após a primeira onda da pandemia do coronavírus na França. Enquanto se pagava 10 milhões de euros em dividendos aos acionistas da empresa AAA nos últimos 4 anos, o Révolution Permanente denunciou a hipocrisia e cinismo do diretor geral da empresa, membro eleito do partido de direita Os Republicanos, que avalizou a repressão policial a uma manifestação de trabalhadores e a demissão de 567 trabalhadores, muitas das quais durante as festas de fim de ano. Entre os demitidos, haviam portadores de deficiências e de idades entre 40 e 50 anos, que encontrariam grandes dificuldades em conseguir novos empregos.

Junto aos funcionários da empresa, o RP denunciou o falso “diálogo social” utilizado para impedir grandes mobilizações, e que, ao mesmo tempo, provocou a perda de centenas de postos de trabalho. Dando voz aos trabalhadores, foi publicado no site, de forma anônima, o texto de um funcionário da AAA, no qual denunciava o papel de alguns delegados sindicais nas demissões e sua conivência com a patronal.

Difamação: um ataque por dar voz aos trabalhadores

O texto denunciou o papel dos dirigentes sindicais que assinaram o plano de demissões junto à diretoria da empresa, e a promoção que foi premiada a um delegado da CFE-CGC. É este texto que agora serve como base para a acusação de difamação, que foi feita por um representante dos executivos que, na época, não hesitou em atuar como um “serviço pós-venda” do plano de demissões, repetindo abertamente a linha da diretoria à imprensa: “Assinamos porque nos permitirá manter 1050 funcionários na AAA futuramente, e garantir um certo número de aposentadorias antecipadas para aqueles que tiverem de se retirar”.

Estas foram palavras indignantes aos que viram a forma com que se demitia centenas de trabalhadores e para o sindicato da AAA, que condenou o plano de demissões e o projeto de fazer os funcionários pagarem pela crise da empresa. Alguns meses depois, a Justiça favoreceu parcialmente os funcionários, invalidando parte das demissões por irregularidades.

Obviamente, isto não foi suficiente para reparar o dano causado pela decisão da empresa. Apesar de tudo, e de ter aprovado centenas de demissões, o representante dos executivos, agora diretor adjunto de operações, pretende penalizar o Révolution Permanente por ter denunciado publicamente a atuação da patronal e de alguns delegados sindicais. Este é um ataque contra o jornal, mas também contra os trabalhadores que se atrevem a falar e denunciar a escandalosa atitude dos representantes sindicais que aprovam os cortes nos empregos.

Não nos calaremos

Este não é o primeiro ataque contra o Révolution Permanente, alvo habitual da direita e da extrema direita francesa, mas também na mira de muitas direções de empresas denunciadas por trabalhadores, aos quais o jornal busca dar voz. O fato de que esta acusação se dirija contra a publicação de um texto de um funcionário que se colocou contra um monstruoso plano de demissões, a torna especialmente escandalosa.

O julgamento se dará no próximo 20 de junho, no tribunal de Toulouse, na França. Convidamos nossos leitores a apoiar esta causa, contra a intimidação a todos os jornais independentes das empresas e do Estado. A solidariedade é nossa força!




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