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Roda de conversa sobre a história do movimento estudantil da ditadura reúne diversos estudantes na UnB

Atividade reuniu cerca de 30 estudantes de diversos cursos, como História, Serviço Social e Relações Internacionais para debater as principais lições da luta do movimento estudantil contra a ditadura e, frente a isso, qual deve ser a política dos comunistas para a atualidade, como por exemplo a necessidade de um movimento independente dos governo e reitorias e de construir um apoio ativo à greve dos técnicos administrativos e do indicativo de greve dos professores

sábado 6 de abril | Edição do dia

A roda de conversa começou pautando um pouco a história do golpe de 64 e porque ele aconteceu. Discutimos como a burguesia brasileira, financiada pelo imperialismo norte-americano, organizou o golpe como uma contrarrevolução diante das grandes greves operárias e estudantis que sacudiram o país ao lado das Ligas Camponesas que, em armas, estavam expropriando os latifundiários e fazendo a reforma agrária. Mas era possível ter derrotado o golpe se não fosse a direção conciliadora do PCB que preferiu defender o governo democrata burguês de Jango e entregou o poder sem luta. Para o PCB, era preciso desenvolver o país primeiro e depois lutar pela revolução, essa era a tese do stalinismo, uma concepção de conciliação de classes em que a revolução não tinha vez. A conclusão a que chegamos foi que a conciliação de classes é impossível, tanto ontem como hoje.

Se quiser saber mais sobre esse debate, confere esse texto aqui: O processo revolucionário que culmina no golpe de 64 e as bases para a construção de um partido revolucionário no Brasil

Foi nesse contexto que a UnB nasceu em 1962, com o intuito de “formar os quadros do desenvolvimento nacional”, ou seja, ela nunca foi pensada para servir aos interesses da classe trabalhadora, não à toa quem construiu essa universidade e Brasília nunca pode estudar nela, e a ditadura se utilizou desse projeto e o piorou muito para seu próprio benefício, com consequências que permanecem até hoje, sendo a Reitoria a instituição que sintetiza e perpetua esse projeto elitista. Algo que chamou a atenção no debate foi o paralelo com a terceirização do trabalho, como essas trabalhadoras seguem entrando pelas portas dos fundos da universidade e com condições de trabalho muito semelhantes àquelas de 60 anos atrás.

Leia mais: O mito fundador da UnB: universidade do futuro ou tecnocracia burguesa?

A UnB foi palco de grande repressão do regime, com mais de 6 ocupações militares. Honestino Guimarães, Ieda Delgado e Paulo de Tarso Celestino são os nomes de estudantes que foram parte da resistência e “desapareceram” nas mãos do regime, até hoje sem direito à justiça. Mas também foi palco de diversas lutas, mostrando que a extrema-direita não se combate com conciliação de classes, mas com luta, como nas barricadas e ocupações das universidades para apoiar as grandes greves operárias em 68, ou nas fortes greves estudantis de 77 que abriram caminho para as grandes greves operárias do ABC em 78 e 79, colocando a ditadura em xeque.

Hoje os estudantes precisam recuperar o que fazia a ditadura tremer de medo, a aliança com os trabalhadores, para conquistar suas demandas e um futuro digno. Muitos desses estudantes não seguiram o “projeto original” da UnB para servir ao Estado burguês e sim dedicaram suas vidas para combater a ditadura e o capitalismo ao lado dos trabalhadores é o que precisamos resgatar para dar um futuro à juventude hoje. Nesse contexto, foi comentado sobre como o governo Lula “está deixando a desejar”, e como sempre acabamos ficando com o “menos pior”. Isso se cruza com as dificuldades de acesso com o vestibular, a permanência com as faltas de bolsas e auxílios, o péssimo transporte público e a precarização do trabalho ao qual nós estamos submetidos e os receios com relação ao futuro. Com os cortes que se acumulam na educação desde o governo Dilma, aprofundados pelo golpe institucional com Temer e Bolsonaro e mantidos por Lula-Alckmin, além do Arcabouço Fiscal de Lula, que mantém um teto no orçamento da educação, o que vemos é uma permanência de um sucateamento da educação pública. Isso interfere diretamente no arrocho salarial dos técnicos administrativos que estão em greve pelo país, ao lado também dos professores que irão debater o indicativo de greve em assembleia na próxima segunda.

O governo Lula-Alckmin está promovendo uma “segunda anistia” que, além de proibir atos oficiais por por memória e justiça e dizendo que a ditadura “faz parte da história” e não se deve “remoer o passado”, promove uma conciliação com a cúpula das Forças Armadas, preservando seus privilégios e impunidade, e mantendo as reforma trabalhista e da previdência, do ensino médio etc., um legado do golpe de 2016 e do governo Bolsonaro fortemente apoiados por esse setor. Agora, o governo também ataca os trabalhadores com o PL da uberização que busca legalizar jornadas de 12horas, o governo Lula-Alckmin abre espaço para a extrema-direita. Por isso, debatemos como é extremamente importante apoiar a greve dos servidores, pois esse é o caminho para a revogação de todas as reformas, pela defesa e ampliação das cotas rumo ao fim do vestibular e estatização das universidades privadas para que todes tenham acesso à educação, por bolsas permanência para toda demanda. Precisamos travar uma luta independente do governo Lula-Alckmin e da Reitoria, ao contrário do que faz a direção da UJS e PT na UNE que boicotam e sequer falam dessas greves, ou do Juntos!/PSOL, Correnteza/UP e UJC/PCB que estão à frente do nosso DCE e não organizam os estudantes pela base em apoio.

Finalizando nosso debate, tiramos como encaminhamento a criação de um grupo de WhatsApp para trocar informações e organizar ações de solidariedade à luta dos técnicos e dos professores, assim como a divulgação e apoio ao Manifesto contra a precarização e terceirização do trabalho e a organização de um grupo de estudos comunistas, com tema a definir. Se você também tiver interesse em participar dessas iniciativas e/ou quiser conhecer e se organizar na Faísca, entre em contato com a gente!

Conheça a Faísca: 5 pontos para uma juventude comunista




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