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Congresso dos Trabalhadores da USP | SINTUSP 45 ANOS DE HISTÓRIA DE LUTA QUE PRECISA E VAI SE MANTER VIVA!!

Confira a tese dos sindicalistas Claudionor Brandão e Magno de Carvalho para o 8° Congresso dos Trabalhadores da USP

terça-feira 2 de abril | Edição do dia

Em defesa da tradição classista, independente, combativa e democrática do Sintusp

Considerando que:

A organização sindical dos trabalhadores da USP se inicia em 1979 em plena ditadura militar, quando declaramos a maior greve que já fizemos e que se espalhou para amplos setores do funcionalismo. Na USP éramos 18 mil funcionários. Pela Lei de Segurança Nacional (da ditadura) o servidor que fizesse greve era condenado de 6 meses a 2 anos de prisão e os que incitassem a greve de 2 a 6 anos. Os servidores públicos eram proibidos de se sindicalizar. A ASUSP (Associação dos Servidores da USP) era dirigida por pelegos de extrema direita. Após a vitoriosa greve na eleição da ASUSP em 1979 varremos os pelegos e decidimos em assembleia que a ASUSP seria nosso sindicato de fato. Participamos ativamente da luta pelo direito a sindicalização enfim aprovada em 1988 quando transformamos a ASUSP no primeiro sindicato de servidores do país em 28 de outubro de 1988.

A poderosa greve de 1988, que enfrentou Quércia e Sarney, foi onde fizemos a assembleia histórica dos sócios da ASUSP, que deliberou, soberanamente, transformar a nossa antiga associação no primeiro sindicato de funcionários públicos do Brasil e assim, a ASUSP se tornou SINTUSP. Graças àquela greve, e à perseverança e garra de milhares de lutadoras e lutadores conquistamos também a autonomia universitária e mais uma sequência de reajustes mensais, pela inflação.

A tradição do nosso sindicato foi sendo forjada baseando-se na história de luta da classe trabalhadora e em oposição ao sindicalismo corporativista e pelego que defendia a conciliação de classes. A democracia operária experimentada pelas maiores lutas revolucionárias da nossa classe internacionalmente nos mostrou a importância da organização coletiva e democrática pela base. É nossa tradição a organização a partir de assembleias de base soberanas, em que o microfone esteja aberto a todas e todos lutadores que queiram fazer falas e apresentar propostas, que são decididas pelo voto. É a base quem decide sobre cada passo de nossas lutas e sobre tudo que o sindicato deve fazer.

Essa trajetória e deve continuar sendo um ponto de apoio para a organização dos trabalhadores, estudantes e professores na USP e fora dela, para a juventude e todos os oprimidos, para enfrentar a extrema-direita e o bolsonarismo, com Tarcísio em São Paulo que quer derrotar os trabalhadores e impor a marteladas a privatização dos serviços públicos, as reformas que o governo de frente ampla de Lula-Alckmin não revogou, mas aprofundou com o arcabouço fiscal e agora o PL da uberização, e contra a traição e o controle das burocracias das grandes centrais sindicais que deveriam estar preparando um plano de lutas que culminasse numa greve geral para revogar as reformas e todos os ataques.

1- Defendemos a auto-organização dos trabalhadores. Criamos o conselho diretor de base que é uma instância acima da diretoria para que as decisões sejam cada vez mais democráticas. Nas greves, a luta precisa ser guiada pelas mãos dos lutadores, por isso nos orgulhamos dos comandos de greve onde a diretoria do sindicato se dissolve e o comando formado por delegados eleitos pela base em cada unidade se torna a direção do movimento. A cada greve não conquistamos apenas nosso salário, tiramos lições de luta que ajudam a avançar nossa organização para uma vitória definitiva dos explorados.

2 - Entendemos que a luta contra nosso patrão, fundamental para impor nossas demandas, é incompleta se não vemos como os patrões e seus representantes no poder se articulam para cortar nossos direitos. A burguesia é a responsável por arrastar para a barbárie a humanidade, com guerras como a da Ucrânia, massacres como estamos vendo na Palestina e a destruição do meio ambiente. O que nos une às demais categorias é que somos todos explorados e se estivermos unidos e organizados podemos derrotar esse sistema de exploração e construir uma nova sociedade sem exploração e opressão.

3 - Por isso, dizemos que somos uma só classe e, portanto, não aceitamos a divisão em categorias que a burguesia impõe, a luta de uma categoria é a luta de todos nós e é internacional. Lutamos pela união da classe trabalhadora da cidade e do campo, dos trabalhadores que têm carteira assinada, mas também dos informais, precarizados e desempregados. Essa lição é parte indissociável da tradição do Sintusp. Por isso, é uma marca central do nosso sindicato a defesa intransigente das trabalhadoras e trabalhadores terceirizados, que são trabalhadores da USP, e não “outra categoria”, e nos orgulhamos de cada uma das experiências do nosso sindicato atuando conjuntamente com essas trabalhadoras, na maioria mulheres e negras, na luta em defesa de seus direitos. E isso enfrentando a repressão, como as multas da justiça burguesa contra o nosso sindicato por atuar assim, a pedido das burocracias que dirigem sindicatos dessas trabalhadoras, uma tentativa de impor à força a divisão da nossa classe, que não aceitamos. Consideramos cada uma dessas batalhas como parte de uma luta pela total igualdade de direitos e salários entre efetivos e terceirizados, e pelo fim da terceirização, com a efetivação de todos e todas trabalhadoras terceirizadas, sem a necessidade de concurso público, pois já provaram na prática que podem realizar seu trabalho, e o fim da terceirização não pode custar a demissão dessas trabalhadoras.

E no mesmo sentido, defendemos que os trabalhadores uberizados e precarizados tenham todos os direitos garantidos, contra o PL do governo Lula que busca consolidar a uberização.

Também é parte da nossa tradição de luta pela unidade das fileiras da nossa classe o combate contra o racismo, o machismo, a LGBTfobia a partir de nosso sindicato, e nos orgulhamos muito das experiências de organização da base e luta da nossa categoria contra os assédios e todas as formas de opressão com as quais a burguesia busca dividir a nossa classe.

4 - A unidade entre estudantes e trabalhadores foi forjada pelo nosso sindicato que entendeu que defender os trabalhadores é defender a universidade junto com aqueles que nela estudam. Por isso nos orgulhamos de termos cedido espaço no Fórum das seis para que as entidades representantes dos estudantes estivessem conosco nas negociações da campanha salarial e todas as demais. Somos contra essa estrutura de poder da universidade e contra o elitismo e o racismo da USP, por isso lutamos em defesa das cotas raciais e do fim do vestibular, e defendemos uma Estatuinte livre e soberana e a dissolução do CO essa cúpula da burocracia acadêmica. Essas posições são parte da defesa de uma universidade a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre.

5 - Independência política dos governos e patrões significa um combate à conciliação de classes, que também é marca do nosso sindicato, assim como a não confiança no judiciário e a independência política em relação a todas as instituições do Estado. E não nos abstemos do profundo debate político contra qualquer pressão corporativista que leve os trabalhadores a acreditarem que a sua luta se encerra na luta material por salário, não vendo a necessidade de combater a terceirização e a precarização do trabalho e de se aliar aos movimentos sociais em luta contra as opressões e por direitos.

6 - Defender os lutadores contra a repressão do Estado e dos patrões é um princípio do qual nosso sindicato deve se orgulhar. Defendemos aqueles que tombaram ou que foram punidos por lutar com todas as nossas forças, ninguém fica para trás! Por isso, defendemos nossos demitidos políticos, vítimas da perseguição da reitoria, da justiça e dos governos burgueses, Brandão, Givanildo e Alexandre. Lutamos pela reintegração de todos os demitidos políticos e pela retirada de todos os processos, contra a perseguição a ativistas da categoria promovidas pela reitoria, governo e patrões.

Viva a luta do povo palestino!! Viva a luta da classe trabalhadora internacional!! Abaixo o capitalismo e viva a revolução socialista!!

Essas posições são parte da tradição que ajudamos a forjar neste sindicato, que consideramos fundamental batalhar para manter e aprofundar neste 8º Congresso.

Assinam: CLAUDIONOR BRANDÃO e MAGNO DE CARVALHO




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