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Greve | Servidores das federais impõem recuo ao governo: é preciso intensificar a mobilização

A tenaz luta dos servidores das universidades federais impôs um recuo ao governo Lula-Alckmin, evidenciando o poder de uma mobilização organizada e combativa. Com quase um mês de greve, os técnicos-administrativos em Educação (TAEs) e os docentes, em um total de 360 unidades paralisadas em 23 dos 24 estados do Brasil, tomaram a atenção do governo ao ponto do governo Lula ser obrigado a recuar em sua “cláusula anti greve, que previa que não haveria negociação com as categorias em greve. Este, por sua vez, busca conter o movimento grevista que só cresce.

quinta-feira 11 de abril | Edição do dia

reprodução: José Cruz/Agência Brasil

Os servidores reivindicam uma justa recomposição salarial que oscila entre 22,71% e 34,32%, conforme a categoria, tendo sofrido um déficit inflacionário desde o golpe institucional de 2016. Ademais, pleiteiam a reestruturação das carreiras técnico-administrativas e docentes, a revogação de normativas que prejudicaram a educação federal nos governos Temer e Bolsonaro, a recomposição orçamentária e o reajuste imediato de auxílios e bolsas estudantis.

Em resposta à pressão exercida pela greve, o governo Lula convocou uma reunião extraordinária de negociação salarial. Nela, a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação) apresentou uma proposta que se mostrou insuficiente, propondo somente um pequeno aumento dos valores de benefícios em 2024 e prometendo um reajuste salarial de 4,5% apenas para 2025 e 2026. Além disso, uma das cláusulas apresentadas na proposta de negociação incluía a seguinte condição: “durante o processo de negociação, interrupções (total ou parcial) de serviços públicos implicarão na suspensão das negociações em curso com a categoria específica”. Basicamente uma manobra para tornar a categoria refém de negociações enquanto é impossibilitada de se mobilizar.

A proposta foi amplamente rechaçada, mostrando que a vanguarda da categoria tem referência nas greves e mobilizações como forma de luta. Vendo o rechaço a essa medida e a mobilização dos servidores, o governo recuou no mesmo dia e apresentou uma nova proposta, idêntica, exceto pela remoção total desse parágrafo da cláusula. Esse recuo reforça a ideia de que a unidade dos trabalhadores mobilizados é fundamental para impor suas demandas.

É preciso apontar que, em relação ao governo Bolsonaro e Temer, o governo de frente ampla de Lula-Alckmin não se propõe a revogar a reforma trabalhista ou da previdência, que aprofundam o nível de precarização do trabalho e da vida. Tampouco reverteu os cortes bilionários que ameaçavam o fechamento de grandes universidades federais, como é o caso da UFRJ. Além disso, o governo de Lula-Alckmin também é responsável pelo arcabouço fiscal, que limita gastos de serviços públicos essenciais, afetando diretamente o reajuste salarial dos servidores públicos, tal como está ocorrendo agora.

Nesse contexto, é imperativo intensificar a mobilização e expressar total apoio à greve dos trabalhadores das universidades federais. É essencial que os estudantes se juntem aos trabalhadores para fortalecer a greve. Entidades estudantis, como a UNE, e grandes centrais sindicais, como a CUT e a CTB, devem oferecer solidariedade a essa greve de âmbito nacional, além de coordenar as lutas em curso e organizar pela base um dia nacional de paralisação da educação. A luta dos servidores das universidades federais é um marco de resistência e determinação, cuja vitória será crucial na defesa da educação pública e dos direitos dos trabalhadores. Agora é a hora de intensificar a mobilização para garantir que o governo atenda às legítimas reivindicações dos servidores e recue ainda mais em suas políticas de austeridade e precarização.




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