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Denúncia | Sobrecarga, itens precários e adoecimento: trabalhadores da UFMG denunciam péssimas condições nos Bandejões. FUMP e Reitoria são responsáveis!

Apesar do preço do bandejão da UFMG ser um dos mais caros do país, os trabalhadores que garantem seu funcionamento convivem com revoltantes condições de trabalho impostas pela FUMP, instituição assumida pela Reitoria para gerir a assistência estudantil e os restaurantes. Estudantes e funcionários da UFMG também sentem na pele a precarização, com filas gigantes, ambiente apertados e quentes, falta de reposição de copos e alimentos.

quinta-feira 26 de outubro de 2023 | Edição do dia

Todos os dias milhares de estudantes e funcionários da UFMG fazem suas refeições nos Restaurantes Universitários, os famosos bandejões, cruciais para a permanência na universidade. Mas apesar do preço do bandejão da UFMG ser um dos mais caros do país, os trabalhadores que garantem todo o seu funcionamento convivem com revoltantes condições de trabalho impostas pela FUMP (Fundação Mendes Pimentel), a instituição assumida pela Reitoria para gerir a assistência estudantil e os restaurantes.

No início desta semana, o SenalbaMG (Sindicato dos empregados em entidades de assistência social, orientação e formação profissional no Estado de Minas Gerais) distribuiu panfletos com denúncias sobre o completo descaso da FUMP em relação à precarização do trabalho nos bandejões da universidade e dos hospitais ligados à UFMG.

A sobrecarga das cozinhas e de todo o processo de distribuição dos alimentos é tão alta que leva os trabalhadores a adoecerem, e com as faltas gerar um ciclo de excesso de tarefas para todos. Além disso, os equipamentos e utensílios das cozinhas estão velhos e sem manutenção há muito tempo, como os carrinhos de transporte com rodas estragadas que aumentam o esforço dos trabalhadores, uniformes sem condições de uso que expõem os trabalhadores a riscos, o atendimento completamente insuficiente dos planos de saúde, entre outros absurdos.

Segundo o material, os trabalhadores do Hospital Risoleta Neves, ligado diretamente à UFMG e aonde diversos estudantes das áreas de saúde fazem estágios, não recebem adicional de insalubridade, apesar de serem expostos ao constante perigo de contaminação. E ao reclamar por seus direitos, os trabalhadores passam por graves assédios morais da empresa ocupacional contratada pela FUMP, ameaçados a abrir mão de suas demandas e a pedir demissão.

Os trabalhadores dos bandejões são responsáveis por atender 16.000 pessoas diariamente pelos restaurantes da UFMG e dos hospitais. Estudantes e funcionários da UFMG também sentem na pele a precarização contra os trabalhadores dos bandejões, com as filas gigantes, os ambiente apertados e quentes, a falta de reposição de copos e alimentos. Mesmo nesta situação precária, os trabalhadores garantem sempre a refeição de qualidade, elogiada por todes, contribuindo para a permanência de milhares de estudantes na universidade. Diferente da FUMP, que se diz uma entidade “sem fins lucrativos”, mas esconde ou publica dados errados sobre o orçamento público da assistência estudantil, coloca critérios excludentes para a concessão dos níveis de permanência, e ainda por cima explora os trabalhadores dos bandejões.

Assim, tanto estudantes quanto trabalhadores da UFMG são impactados pela administração que a FUMP, sempre de mãos dadas com a Reitoria, faz dos cortes dos governos à educação. Além dos cortes acumulados pelos anos de governo Bolsonaro, o governo Lula-Alckmin já anunciou outros três cortes ao ensino superior, na esteira do novo Teto de Gastos do neoliberal Arcabouço Fiscal, em que as consequências recaem sempre sobre os setores mais precários dentro da universidade, compostos por uma maioria de negres e mulheres.

Nós da Faísca Revolucionária exigimos a imediata concessão pela FUMP das demandas dos trabalhadores dos bandejões da UFMG e dos hospitais, como a melhoria dos utensílios e equipamentos, a valorização dos salários e benefícios, e a capacitação profissional. Convocamos todas as entidades de base, organizações políticas e estudantes, professores e técnicos a apoiarem estas reivindicações básicas em exigência à FUMP e à Reitoria, com a disposição de estar lado a lado dos trabalhadores frente a qualquer mobilização que possam vir a fazer. Pois as demandas dos trabalhadores também são as demandas dos estudantes, e esta unidade é a única que pode conquistar nossos direitos, através da mobilização sem confiança na Reitoria ou nos governos.

Defendemos que a assistência estudantil e os restaurantes deveriam ser geridos pelos próprios estudantes e trabalhadores da UFMG, que sabem muito mais sobre as necessidades financeiras estudantis, a distribuição da assistência e os serviços essenciais de cada estrutura da universidade do que esta fundação que ao lado da Reitoria demonstram todos os dias serem contrárias aos nossos direitos.

Lutamos:

  •  Pela efetivação imediata dos trabalhadores da FUMP e também dos terceirizados dos serviços de limpeza, jardinagem e segurança, para terem os mesmos direitos que os efetivos da UFMG, com contratação de mais trabalhadores incluindo os que foram demitidos por perseguição e retaliação;
  •  Pela diminuição radical do preço dos bandejões, com a abertura do livro de contas da FUMP e da Reitoria para sabermos e decidirmos aonde é investido o orçamento público;
  •  Pelo fim da FUMP e pela gestão da assistência e dos restaurantes por representantes eleitos desde as bases, uma demanda abertamente levantada pelo movimento estudantil da UFMG historicamente mas que pouco a pouco foi sendo abandonada em troca de um convívio mais pacífico com a burocracia universitária; que administra a crise imposta pelos governos;
  •  Pelo fim da própria Reitoria, responsável por manter a FUMP e a terceirização na universidade e administrar a crise imposta pelos governos de forma antidemocrática, oriunda da ditadura militar, em que sequer as decisões são proporcionais ao peso de cada setor dentro da UFMG. Por um processo estatuinte democrático para construir uma nova estrutura universitária, com um voto por cabeça de quem realmente faz a universidade funcionar: estudantes, trabalhadores e professores.


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