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Porto Alegre | Somente a mobilização dos rodoviários pode barrar a privatização da Carris

A Carris pública e seus trabalhadores estão sob forte ataque da prefeitura de Melo que mais uma vez procura beneficiar seus amigos empresários. Não bastasse a extinção do cargo de cobrador que Melo pretende concluir até 2025, agora ele quer privatizar a Carris em um leilão marcado para o dia 2 de outubro e entregando suas linhas por 20 anos para o setor privado. Somente a mobilização dos rodoviários em unidade com a população de Porto Alegre pode barrar esse ataque.

segunda-feira 25 de setembro de 2023 | Edição do dia

Esse ataque é parte de uma política neoliberal que vem sendo aplicada nacionalmente desde o golpe institucional em 2016, com reformas e privatização que se aceleram nos estados e municípios. Os últimos governos municipais foram marcados pelo sucateamento da Carris, por perseguição e assédio aos trabalhadores, precarização da frota de ônibus e falta de repasse de verbas para a empresa pública, tudo isso enquanto despejam dezenas de milhões de reais dos cofres públicos diretamente nos bolsos dos empresários do transporte. Essa política obedece a um objetivo final de precarizar cada vez mais a Carris para justificar sua venda por pouco mais de nada.

Melo, que parece que frequentou a escola do Eduardo Leite, repete a mesma cartilha neoliberal do governo do estado de sucatear para depois privatizar as empresas públicas. Vale lembrar que foi justamente essa política que gerou aumento nas contas de luz no RS e piora no serviço com a venda da CEEE-Distribuidora. A privatização trouxe um aumento de 14% na conta de luz, junto de uma evidente piora na qualidade dos serviços prestados. Para os trabalhadores, retirada de direitos, menores salários e demissões são apenas uma das faces podres dessa política privatista de Melo e Leite que busca garantir o lucro dos patrões.

Mas e o que o sindicato tem feito diante desse brutal ataque aos trabalhadores da Carris e à população de Porto Alegre? Em um primeiro momento, assumindo uma postura completamente derrotista e negando toda tradição de luta dos rodoviários e a força que a categoria tem, os dirigentes Abbade e Boneca usaram o sindicato para negociar os termos da privatização da Carris. Em reunião no TRT, o sindicato e o delegado sindical cantaram vitória com uma possível estabilidade de 1 ano para os trabalhadores depois da privatização. Já em um segundo momento, ao se sentir pressionado pela própria categoria, o sindicato passou a chamar assembleias e inclusive declarar estado de greve, mudando de maneira demagógica o seu discurso.

Não é possível confiar no sindicato, que tem um histórico de traições e conchavos com a patronal, é preciso que os rodoviários tomem em suas mãos os rumos da luta contra a privatização! Comparecer na assembleia, se organizar nos terminais e buscar apoio da população para enfrentar Melo.

Em 2021, frente à Carris mobilizada e unida em greve, a burocracia que lidera o sindicato dos rodoviários mais uma vez manipulou a comissão de greve e os delegados sindicais para forçar os trabalhadores a recuar de sua paralisação sob uma falsa promessa de que o projeto de privatização não seria votado. Nesse chamado a recuar, teve apoio inclusive do vereador Roberto Robaina do PSOL e do então delegado sindical do PSTU. Uma semana após o fim da greve o cargo de cobrador foi extinto e na semana seguinte foi votada a privatização da Carris, apesar da forte luta dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa.

Por isso é essencial que os trabalhadores da Carris tomem a mobilização em suas mãos, que construam suas assembleias de base para se organizar e massificar essa luta. Apesar de todas as tentativas da prefeitura de colocar rodoviários e população em lados opostos, é na unidade da categoria com a população de Porto Alegre que se encontra a força capaz de barrar esse ataque. O apoio social é fundamental para se romper com o isolamento da categoria. Essa política segregacionista que é tocada pelo sindicato tem como resultado apenas o enfraquecimento da luta como um todo.

Que os trabalhadores da Carris possam se apoiar no exemplo de São Paulo onde, diante de um ataque histórico por parte do governo estadual de Tarcísio de Freitas que busca privatizar diversas estatais, os trabalhadores do Metrô, da CPTM e da SABESP votaram uma greve unificada no dia 3 de outubro para barrar essa onda de privatizações e os metroviários chamam a construir uma assembleia unificada para que essa luta esteja nas mãos dos trabalhadores. Essa unidade tem muita força contra Tarcísio e é um importante exemplo aos trabalhadores da Carris porque a luta deles e a luta por um transporte público de qualidade para toda população de Porto Alegre é uma só.

É preciso lutar por uma Carris 100% pública e controlada pelos trabalhadores, porque são eles que vivema realidade do trabalho rodoviário todos os dias e que estão em melhor posição para atenderem as necessidades do transporte público a fim de garantir um sistema de qualidade para toda população trabalhadora de Porto Alegre. A luta contra a privatização da Carris pode ser também um exemplo importante para o país todo e um ponto de apoio na luta pela revogação das reformas e ataques aprovados nacionalmente, assim como também contra o Arcabouço Fiscal, o novo teto de gastos do governo Lula-Alckmin.

É imperativo agora que aproveitemos os recursos do sindicato para reverter o processo de privatização, ao mesmo tempo que mantemos nossa vigilância constante contra qualquer manobra da burocracia sindical. Nossa luta continua, e nossa organização deve se tornar inabalável, como único caminho para os trabalhadores enfrentarem os ataques dos barões do ônibus e do prefeito privatista.




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