Poema por Antonio Neves, estudante de História da UFMG e militante da Faísca Revolucionária.

13 anos de idade
que se encerram na terra
mais um sonho na trave
atravessado por ela
enTre zelos e carinhos
esperança sumiu à tiros
direto do cano da repressão
fumegantes sinais da exploração
que sequestra a opressão
e nela abusa o negro
o trabalhador, o sem cor
maldito andarilho com dor
na lombar
torta de carregar,
farta de suportar
desfigurada pelo pisar
deficitária depois de anos de chorar
sem chorar
e chorar
sem chorar
apanhar, e gritar
assustar, revidar,
perfurar, escorrer, malograr
“não tive tempo de falar”
nenhum de nós andamos tendo
sob a pressão da bota no sereno
o sufoco da sirene, fugir pelo terreno
Tinha sonhos
Agora nada
Vim do povo
Veremos a alma
Seu maior sonho
Empresa frustrada
Presente na partícula
Por cada um carregada

A miséria e a morte em regime nos sobra
Todos nas nossas costas,
homenageados na vida nova,
seremos unidos, sim seremos
com a força dos mestres de fazer tudo, veremos
mais nenhuma mãe negra chorar
que não sorrindo
no novo mundo erguido
pelo povo, supremo

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