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BANCADA RURALISTA | Bolsonaro demite general que estava no cargo de presidente do Incra

A demissão se dá após brigas entre o então presidente do órgão e o secretário especial do Ministério da agricultura, representante mais escancarado do ruralismo sobre a concessão de posse de terras a ruralistas.

quarta-feira 2 de outubro de 2019 | Edição do dia

Nessa segunda feira, 01 de outubro, foi decidido em uma reunião no Palácio do Planalto pela demissão do general João Carlos Jesus Corrêa da presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A demissão foi acordada após brigas entre Corrêa e o secretário especial de assuntos fundiários do Ministério da Agricultura, Nabham Garcia.

A já longa briga entre os dois era centrada na concessão de títulos de propriedade de terra para assentados. Nabham, notoriamente associado aos interesses de grileiros e latifundiários, pressionava o Incra para que desse propriedade sobre terras ocupadas irregularmente, especialmente na região amazônica, onde fazendeiros invadem terras de floresta para desmatar e grilar. O órgão, por sua vez, afirmava que os severos cortes que o governo Bolsonaro impôs à pasta tornariam impossíveis as ações de mapeamento e regulamentação.

Este já é o segundo cargo ligado ao meio ambiente e direito à terra derrubado por Nabham Garcia. Em junho, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Franklimberg Freitas, foi retirado de seu cargo por Bolsonaro por pressão de Garcia. Na ocasião, o presidente destituído da Funai afirmou que Nabham, líder ruralista, "saliva ódio aos indígenas", e afirmou que sua demissão estaria ligada ao esforço de Garcia para acabar com o Departamento de Proteção territorial da Funai (DPT), encarregado de identificar, demarcar e proteger as terras indígenas.

Mais essa demissão, agora, demonstra cabalmente como o governo Bolsonaro abriga os setores mais reacionários e precatórios do oligárquico e sanguinário agronegócio brasileiro. Não só isso, mostra o compromisso desse governo com uma agenda de devastação e ataques ao direito à terra, em favor dos grandes latifúndios e grileiros.

Nabham Garcia é um dos embaixadores do agronegócio no governo Bolsonaro, encarregado de acabar com qualquer empecilho à sanha dos capitalistas de se apropriar do máximo de terra e desmatar o quanto for necessário para aumentar sempre seus lucros. Isso está alinhado à agenda de Bolsonaro de destruir toda e qualquer forma de regulação ou monitoramento da terra no campo, dando carta branca aos ruralistas e cumprindo sua promessa à bancada do boi de que "esse governo é de vocês".

Bolsonaro representa, em seu governo, os interesses mais parasitários, sanguinários e exploratórios desse agronegócio que assassina indígenas e pequenos agricultores no campo, desmata, queima e grila terras. A luta contra seus ataques, e contra o avanço ainda maior dos herdeiros burgueses da aristocracia rural escravocrata passa, necessariamente, pela luta contra os grandes capitalistas que lucram bilhões com a destruição de nosso meio ambiente, o roubo de nossos recursos naturais e a exploração selvagem de trabalho muitas vezes análogo à escravidão. É a luta da classe trabalhadora junto ao conjunto dos povos camponeses, indígenas e quilombolas pela expropriação dos grandes latifúndios e traders de soja. Pela apropriação, pelas mãos dos trabalhadores, de toda a tecnologia atualmente usada pelos ruralistas para explorar os trabalhadores e entregar nossas riquezas ao capital financeiro internacional. A luta, também, pela reforma agrária radical, feita pelos trabalhadores do campo, sem nenhuma indenização aos capitalistas e rumo à socialização do trabalho no campo! Contra Bolsonaro e seu projeto de apropriação de terras e destruição da natureza, a luta dos trabalhadores!




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