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32º Congresso do Sinpeem | Proposta para fortalecer o combate às opressões no Congresso do Sinpeem

Este é um documento construído por trabalhadores da educação, impulsionado pela CSP-Conlutas, Movimento Nossa Classe Educação (MRT), Luta Educadora (LSR) e Reviravolta (PSTU), que apresenta práticas de combate ao machismo, ao racismo, à LGBTQIAP+fobia, à xenofobia e a todas as formas de opressão.

terça-feira 24 de outubro de 2023 | Edição do dia

32º CONGRESSO DO SINPEEM:
SEGUIR AVANÇANDO NO COMBATE DIÁRIO AO MACHISMO, LGBTQIAP+FOBIA, RACISMO, XENOFOBIA E TODO TIPO DE OPRESSÃO

Nós educadoras e educadores municipais de São Paulo, que estamos participando do 32º Congresso do SINPEEM, temos o desafio de construí-lo sob valores que diariamente tentamos transmitir às crianças, jovens e adultos que educamos no chão da escola, dentre eles, a cotidiana luta contra as opressões. Só a classe trabalhadora, incorporando a luta contra todas formas de opressão, no contexto da luta contra a exploração, pode abrir as possibilidades para se libertar. Por isso, entendemos que nossa auto-organização nos sindicatos, assim como a garantia da democracia operária e independência política, compreende também batalharmos juntos pelo direito à voz das mulheres, negr@s, indígenas, pessoas LGBTQIAP+, setores que juntos, são a maioria da nossa categoria e também da classe trabalhadora.

Machismo, racismo, LGBTQIAP+fobia, xenofobia e todas formas de opressão só dividem e enfraquecem os trabalhadores. Assim, temos de travar uma batalha contra a reprodução dessas ideologias, seja nos sindicatos, nos locais de trabalho ou na sociedade. Assim como em nosso Congresso, sendo intransigentes contra a opressão entre nós, lutadores e lutadoras da educação!

O machismo não é bem-vindo!

Somos uma categoria majoritariamente feminina e atuamos combatendo diariamente as opressões que atingem nossas alunas. Debatemos com nossos alunos e colegas a necessidade de respeitarem as mulheres, seus corpos, suas ideias, seu trabalho.

Conquistamos uma Secretaria de Mulheres em nosso sindicato a partir da luta e reivindicação, pela urgente necessidade da construção deste espaço para organizar também a luta contra o machismo e a misoginia.

Por isso, não aceitamos manifestações de desrespeito e machismo em nosso Congresso, tão pouco a objetificação ou toques em qualquer parte do corpo sem prévio consentimento; tão pouco qualquer prática associada a misoginia ou desqualificação das falas das educadoras presentes no Congresso.

Por fim, temos opiniões sobre os diversos temas que serão debatidos. As polêmicas e discussões são livres. Contudo, qualquer método de silenciamento, aumentar o tom de voz, levantar o dedo ou qualquer intimidação física não devem ser usados entre trabalhadores, principalmente com as mulheres, já que refletem o machismo e podem inibir a participação das trabalhadoras, o que é inaceitável, principalmente numa categoria onde sabemos que são as mulheres - da secretaria à sala de aula, da cozinha às tarefas de limpeza - que fazem as escolas funcionarem.

Da mesma forma, o combate ao machismo é uma causa muito cara, não podemos deixar que se torne arma política.

Respeitar as pessoas LGBTQIAP+ é fundamental!

A LGBTQIAP+fobia é o preconceito e descriminação que sofrem as pessoas por sua orientação sexual ou identidade de gênero, ou seja, por serem gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros ou outros. Este é um tema patente na juventude e, enquanto educadores, estamos em contato com esses debates, acompanhando e auxiliando nossos alunos em suas angústias e descobertas, assim como buscando combater as formas de violência a qual eles estão sujeitos quando passam a se enxergar como uma pessoa LGBTQIAP+.

As pessoas trans normalmente assumem um nome de acordo com a sua identidade de gênero, o que chamamos de nome social, o qual é um direito garantido por lei e deve ser respeitado em todos espaços que estivermos.

Infelizmente, ao usar os banheiros públicos, as pessoas trans ainda estão sujeitas a constrangimentos e agressões, independentemente se utilizam o banheiro conforme o gênero com o qual se identificam ou não. Nós, educadoras e educadores, não devemos incentivar as pessoas trans a usarem banheiros isolados. Isso seria reproduzir dentro de nossos espaços, o preconceito que essas pessoas sofrem na sociedade.

Esse questionamento perpassa também nossa realidade dentro das escolas. Porém, esse não deve ser o motivo para as pessoas trans não usarem o banheiro público ou serem violentadas, física ou psicologicamente. Nossa tarefa deve ser a de defender o direito de cada pessoa utilizar o banheiro no qual se sentir mais confortável e combater qualquer violência que possa surgir desta situação.

Racismo existe e não pode ser tolerado!

Num país em que prevalece a crença no mito/farsa da democracia racial, a maioria da população tende a negar a existência do racismo, minimizar suas manifestações e o impacto que ele tem sobre todos os aspectos das vidas das pessoas negras/pretas.

Nós, educadoras e educadores, devemos compreender que a opressão racial é utilizada para dividir os trabalhadores, por isso precisamos ser intransigentes em relação a qualquer forma de expressão do racismo, dentro das nossas escolas e salas de aula, mas também em nosso sindicato e categoria. É inaceitável que negras e negros se sintam discriminados ou oprimidos no nosso Congresso, seja através de atitudes, “piadas” ou de ataques e tentativas de ridicularização de tradições e culturas (inclusive a religiosidade).

Chamamos a atenção também para expressões comuns em nosso dia-a-dia que refletem o racismo construído historicamente. “A coisa tá preta”, “esclarecer”, “não sou tuas negas”, “samba do crioulo doido”, “denegrir”, são alguns exemplos de expressões carregadas de preconceitos e conotação pejorativa em relação às pessoas negras. Não devemos usá-las em nossos debates.

Por fim, conclamamos todas e todos a respeitarem o modo de vida, a organização e a luta dos povos originários, um setor que sofre ataques cotidianamente há séculos e vem assistindo o avançar do desmonte de suas terras e suas histórias, e do qual muitos alunos nossos fazem parte.

Xenofobia também é opressão!

Achamos importante fazer uma observação sobre a xenofobia, o preconceito ao estrangeiro. Este tipo de opressão, tanto quanto os outros aqui debatidos, estão a pleno serviço do capital. Faz com que se crie a ideia de que a nossa classe não é uma só, mas sim várias, com interesses diferentes em cada um dos países. Este tema também faz parte da nossa realidade no chão das escolas, pois recebemos diversos alunos migrantes e imigrantes e acompanhamos suas batalhas, assim como as violências às quais estão sujeitos todos os dias.

Muitas vezes a xenofobia é reproduzida com “piadas” ou expressões, como quando se associa um produto ruim a um determinado país, ou quando se fala de determinadas pessoas, por sua naturalidade ou nacionalidade, generalizando características. O que deve ser rechaçado e combatido, pois em nada condiz com uma prática pedagógica que alimenta o respeito e solidariedade.

A xenofobia mata e assassina os trabalhadores em todo o mundo, promovendo a violência contra os imigrantes na América e na Europa, aprofundando a crise imigratória dos últimos tempos. Por esta razão, temos a responsabilidade de repudiar qualquer ato xenofóbico reproduzido, assim como em nossas escolas. Somos venezuelanos, bolivianos, haitianos, árabes, cubanos, enfim, somos cidadãos do mundo!

Com essas orientações esperamos ter um congresso bastante vitorioso. Temos certeza de que cada delegade, observadore e convidade atenderão a esse chamado de fortalecimento e respeito de todos os setores da nossa classe!




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