O Esquerda Diário abre a sua tribuna para as denúncias que os professores da rede estadual do Rio de Janeiro estão fazendo a cerca da tentativa de implementação de Ensino a Distância pela SEEDUC de forma autoritária e não dialogada com docentes, estudantes e pais de alunos.
terça-feira 31 de março de 2020 | Edição do dia
Por nossas vidas!
1- Nós, trabalhadoras e trabalhadores da educação, estamos de quarentena e não de férias. E, assim como outros setores, precisamos cuidar dos nossos filhos e dos nossos familiares, tendo que lidar com o risco de pegar o coronavírus e lidar com o confinamento;
2- Nossos filhos também estão em casa e não podemos deixá-los com terceiros para dar conta de plataformas de EaD;
3- Diante de uma emergência de saúde como esta, as escolas poderiam estar sendo usadas como centros comunitários de combate à doença, e para distribuição de cestas básicas;
Pela escola pública!
4- Além de sobrecarregar professores e excluir estudantes que não têm acesso digno à internet, a proposta de EaD que a SEEDUC quer impor é um engodo, cujo objetivo parece ser capitalizar politicamente para figuras do governo Witzel, como Pedro Fernandes, enquanto empurra o peso da crise para os estudantes e a classe trabalhadora. Prova disso, é que a plataforma está sendo lançada sem qualquer planejamento didático ou fundamento pedagógica;
5- Por excluir muitos alunos, esse processo também se torna inconstitucional, pois a nossa Constituição garante que a educação é um direito de todos;
6- Não há justificativa para se fazer convênio com uma grande corporação (Google), se o Estado já tem a plataforma de EaD do CECIERJ, que, assim como as nossas universidades públicas, conta com profissionais especializados e detém uma larga experiência de atuação na área;
Pelo nosso trabalho!
7- Sem haver qualquer debate com a categoria, Pedro Fernandes mostra o quão grande é a pressão da iniciativa privada para abocanhar uma fatia cada vez maior da educação pública estadual, que lucra cada vez mais com as terceirizações, e recebe verbas escandalosas, como a dos 500 reais para o Salão do Livro;
8- Não há garantias de que mesmo utilizando esta plataforma, não seremos forçados a repor os conteúdos e as avaliações, ou mesmo de que todo esforço que fizermos neste período irá resultar qualquer resultado positivo para os estudantes, já que não há qualquer planejamento sério para esta situação;
Pelo nosso salário!
9- Estamos com o salário congelado desde 2014, recebendo no meio do mês, com o plano de carreira atrasado e sem o 1/3 de planejamento;
10- Cada vez mais, professores e professoras pegam GLPs para compensar os baixos salários frente ao crescente custo de vida, sendo submetidos à uma chantagem da SEEDUC, que encontrou nas GLPs uma forma de reduzir a carência na rede, pagando muito pouco pela hora extra e sobrecarregando os trabalhadores.