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Estados Unidos | Os acampamentos universitários pela Palestina nos EUA precisam se unir contra a repressão

Acampamentos estudantis em solidariedade à Gaza estão surgindo por todos Estados Unidos e enfrentam intensa repressão por parte da polícia, que atua em nome das reitorias. Defender as ocupações exige unir a indignação com os ataques ao direito de protesto com o amplo apoio à Palestina entre o movimento estudantil e operário. Editorial do Left Voice, organização da Fração Trotskista - Quarta Internacional nos EUA.

domingo 28 de abril | Edição do dia
Foto: Michael M Santiago/Getty Images

Quando a presidente da Universidade de Columbia, Nemat “Minouche” Shafik, convocou a polícia de Nova York em 18 de abril para varrer o “Acampamento de Solidariedade à Gaza” do gramado central da universidade, prendendo e posteriormente suspendendo mais de 100 estudantes, a reitoria da universidade fiz uma aposta de alto risco. Pensavam (esperavam) que essa repressão rápida e brutal poria fim ao protesto e desencorajaria ações semelhantes num momento em que as críticas ao apoio contínuo da administração Biden a Israel ameaçam a sua reeleição, por um lado, e as manifestações que trouxeram dezenas de milhares de pessoas às ruas contra o genocídio diminuíram, do outro. Foram forçados a apostar na probabilidade de que uma posição linha-dura contra a ocupação estudantil seria suficiente para silenciar a militância pró-Palestina e defender o apoio firme dos EUA a Israel no longo prazo.

Em vez disso, a repressão foi recebida com uma onda de apoio aos estudantes atacados ​​e ao acampamento, bem como com a indignação generalizada pela redução flagrante do direito de protesto. Numa semana, mais de 30 acampamentos foram erguidos em universidades de todo o país para se solidarizar com a luta do povo palestino, exigir o fim do financiamento e dos lucros das universidades dos EUA com o projeto colonial israelense, e em repúdio à repressão de um movimento estudantil que ressurge no país. Usando a Columbia como exemplo, esses estudantes estão resistindo a ataques cruéis da polícia que age em nome das universidades e o número de novas ocupações cresce a cada dia.

A tenacidade, a determinação e a profunda solidariedade dos estudantes com o povo palestino comoveram toda a sociedade norte-americano. A unidade de palestinos, judeus e jovens de todas as raças que protestam contra o genocídio perpetrado por Israel e financiado pelos Estados Unidos – estudantes dispostos a serem presos colocando os seus corpos e futuros em risco – coloca a possibilidade e a necessidade de colocar o movimento estudantil de pé, ao lado da classe trabalhadora, com uma perspectiva antiimperialista.

Os acampamentos – e a manifestação de apoio e solidariedade que tem os acompanhado – representam uma mudança no movimento que explodiu em apoio à Palestina quando Israel lançou a sua mais recente ofensiva genocida em outubro passado. Embora tenham apenas começado e já enfrentem imensos desafios, essas ocupações poderiam desempenhar um papel fundamental na orientar e amplar o movimento – se apropriando da imensa oposição latente ao genocídio e transformando-a em combustível para o movimento, motivando novos setores se embandeirarem dessa luta. As ocupações que se espalham rapidamente podem se converter em locais de coordenação de base desse sentimento pró-palestino e unir o movimento estudantil com setores da classe trabalhadora em defesa do direito de protesto e contra o apoio dos Estados Unidos a Israel.

Uma nova onda de repressão em meio à crescente oposição ao genocídio

Os acampamentos surgem num momento inoportuno para o regime dos EUA. "Joe Genocida” enfrenta um caminho difícil pela frente para ganhar a reeleição contra Donald Trump. O governo Biden supervisionou e apoiou um dos ataques mais mortais de Israel na Palestina; enviou armas, financiamento e apoio político a Israel desde o primeiro dia (como tem feito desde 1948), deixando claro para milhões de pessoas em todo o mundo quão profundos são os laços entre a potência imperialista e o seu buldogue no Oriente Médio.

Biden recebeu um alerta com os resultados das primárias, especialmente nos redutos do Partido Democrata e nos estados pendulares. À medida que a guerra de Israel contra Gaza se prolongou com atrocidades após atrocidades contra o povo palestino, Biden sofreu uma hemorragia de apoio entre os árabes-americanos e os mais jovens. Isso se demonstrou claramente no surgimento de campanhas de “não compromisso” ou “voto em branco” em estados de todo o país, nas quais os eleitores estão recusam o apoio a Biden nas eleições presidenciais, a menos que o governo mude seu apoio incondicional a Israel e trabalhe para alcançar o exigência mais básica do movimento, um cessar-fogo.

Essas campanhas permanecem no marco de, em última análise, “salvar” e relegitimar tanto Biden como o Partido Democrata, mas também revelam o abismo cada vez maior entre o Partido Democrata e setores da sua base eleitoral. As críticas ao papel dos Estados Unidos – e particularmente ao papel do Partido Democrata – no genocídio na Palestina são mais difundidas do que essas iniciativas eleitorais e até mesmo que as dezenas de milhares de pessoas que já saíram em protesto até agora. O apoio público a Israel atingiu novos mínimos nos Estados Unidos, caindo para apenas 36% desde outubro. Num contexto de descontentamento com qualquer uma das duas opções oferecidas pelo regime bipartidário e de mudanças históricas na consciência da juventude e da classe trabalhadora, Biden teve que levar a sério esses avisos.

Desde esses resultados, o governo Biden mudou sua retórica em relação à guerra na Palestina, distanciando-se de Benjamin Netanyahu, chamando um cessar-fogo e sinalizando que o cheque em branco que ofereceu a Israel em nome da “defesa” já não é aplicável, com as tensões disparando na região e à medida que os protestos continuam em todo o mundo. Isso é um sinal do declínio da influência dos Estados Unidos na região e uma resposta às críticas internas – uma tentativa de reconstruir alguma estabilidade no funcionamento do imperialismo norte-americano; no entanto, não pretende de forma alguma alterar fundamentalmente o apoio dos Estados Unidos a Israel. É óbvio, uma vez que os Estados Unidos continuam vendendo armas para Israel a portas fechadase que o governo concedeu essa semana 17 bilhões de dólares em ajuda a Israel.

Num esforço para os Estados Unidos salvarem as bases de apoio a Israel e reforçarem o seu autoproclamado papel como “farol da democracia” em todo o mundo, o esfriamento das relações entre os EUA e o governo de Netanyahu é acompanhado de uma repressão às críticas a Israel e aos Estados Unidos com o pretexto de defesa contra o “anti-semitismo”. Como sabemos, isso significa um endurecimento da posição contra o ativismo pró-palestina e uma ofensiva macarthista contra aqueles que se manifestam contra Israel ou o papel dos Estados Unidos no genocídio.

Isso resultou numa intensificação da repressão contra militantes estudantis nos campi universitários, particularmente contra os acampamentos, que representam uma escalada e um ressurgimento dos protestos em solidariedade à Gaza, que remontam aos protestos anti-guerra dos anos 60 e 70 contra a Guerra do Vietnã. Além dos mais de 100 estudantes da Universidade Columbia e do Barnard College que foram presos, a polícia invadiu o acampamento na Universidade de Minnesota em apenas duas horas; dezenas de estudantes foram presos na Universidade de Yale; a polícia espancou e prendeu manifestantes (incluindo membros do corpo docente) na NYU. A repressão foi particularmente dura na Universidade do Texas-Austin, onde as tropas estaduais perseguiram e atacaram estudantes. Na Emory University, na Geórgia, a polícia foi flagrada atirando um estudante no chão e mais de 100 pessoas foram presas no Emerson College, em Boston. Os estudantes dessas diferentes universidades enfrentam suspensão e acusações criminais e, consequentemente, correm o risco de perda potencial de empregos, moradias, bolsas de estudo e muito mais.

As universidades têm sido epicentros do movimento de apoio à Palestina desde que Israel iniciou a sua mais recente campanha genocida. As universidades têm sido alvo de protestos estudantis devido aos seus profundos laços com o Estado de Israel, incluindo grandes investimentos em empresas que fazem negócios com Israel, desde o Google até a Lockheed Martin. As universidades dos EUA têm uma longa história de censura às vozes palestinas e de supressão das críticas a Israel, servindo como pilares materiais e ideológicos de sustentação do projeto sionista. Desde 7 de outubro, as reitorias ​​universitárias reprimiram esmagadoramente a militância pró-Palestina, incluindo o encerramento de organizações de solidariedade à Palestina de longa data, como os Estudantes por Justiça na Palestina (SJP), e a criação de leis ultrajantes para suprimir o direito de protestar no campus. As reitorias ​​universitárias estão enfrentam pressão do Estado para manter os protestos sob controle, fazendo o trabalho sujo do regime bipartidário para cortar as asas de um movimento anti-guerra ressurgente. Essa pressão tem sido visível para todo o mundo, com presidentes de universidades sendo chamados ao Congresso para prestar contas pelo seu fracasso em reprimir o movimento estudantil com eficiência. Alguns renunciaram; outros, como Shafik, intensificaram a repressão e cederam à pressão dos lobistas de direita e dos republicanos do MAGA.

Da solidariedade à expandir o movimento pela Palestina

Mas parece que as universidades – e o regime que sustentam – estão cavando suas próprias covas. O que pretendia restringir o movimento pela Palestina ameaça, em vez disso, atrair mais setores para a luta, unindo o movimento pela Palestina com uma luta para proteger a liberdade de expressão e o direito de protesto. O corpo docente e o pessoal de diversas universidades se manifestam em defesa dos seus estudantes e contra a utilização, por parte das reitorias universitárias, de policiais armados para reprimir manifestações pacíficas. Estão se levantando contra as demissões de seus colegas de trabalho por se manifestarem contra o genocídio. O corpo docente da NYU cruzou os braços para impedir que os policiais avançassem sobre seus alunos. Os professores da UT-Austin organizaram uma paralisação de 24 horas em protesto contra a repressão no seu campus, desafiando as leis que os impedem de se organizar.

Os sindicatos também estão entrando na luta, embora seja urgente que mais sindicatos – e sindicatos de fora do meio acadêmico – se levantem contra a repressão com a força do movimento operário e seus métodos. Uma declaração de solidariedade dos Trabalhadores de Columbia obteve dezenas de assinaturas de sindicalistas de todo o país que estão indignados com a repressão no campus de Columbia e que exigem da universidade reintegrar todos os estudantes suspensos. A 9ª região do UAW convocou ações em solidariedade aos membros que enfrentam a repressão na cidade de Nova York.

A reação à repressão colocou o Partido Democrata na posição no limite entre reprimir definitivamente o movimento para apaziguar setores sionistas da sua base e, ao mesmo tempo, tentar não comprometer ainda mais as suas perspectivas eleitorais com um movimento nacional contra a repressão. Os chamados setores “progressistas” do Partido Democrata fazem declarações públicas em apoio aos estudantes e aos acampamentos, denunciando tanto o genocídio como a decisão das reitorias universitárias de enviar a polícia de choque para esmagar os acampamentos. Entretanto, outros setores do partido estão explicitamente alinhados atrás da Casa Branca, que chamou o acampamento de Columbia de “anti-semita, inescrupuloso e perigoso”. Se aproximam cada vez mais da posição do Partido Republicano, que torna o reforço da repressão contra os manifestantes uma parte fundamental do seu perfil – incluindo o chamdo aos governadores para que convoquem a Guarda Nacional aos campi universitários, uma referência velada ao BLM e até ao espectro do Massacre de Kent.

Mas existe um sentimento democrático generalizado entre uma grande parte da sociedade dos EUA – não apenas no movimento pró-Palestina mobilizado – em setores que estão indignados com a redução flagrante da liberdade de expressão por parte de um governo que tenta esmagar a oposição política e dissuadir os protestos; e entre esses setores existe uma imensa simpatia pelas exigências dos estudantes e pelas críticas ao apoio dos Estados Unidos ao genocídio de Israel na Palestina.

Nesse sentido, a indignação e a solidariedade que surgiram em resposta à repressão nos campi universitários é uma das armas mais fortes no arsenal do movimento pró-Palestina, porque – se for organizada e desenvolvida – tem o potencial de expandir o movimento, atraindo mais setores para a luta. Por um lado, a questão da repressão dos acampamentos e da censura ao discurso pró-Palestina é uma questão existencial para a continuação da luta por uma Palestina livre e para todas as lutas futuras travadas contra as reitorias universitárias, os patrões e o Estado.

Por outro lado, o desenvolvimento dessa solidariedade tem o potencial de unir a luta contra a repressão com as exigências dos acampamentos para boicotar Israel e defender Gaza. Em vez de ser uma “distração” ou “descentralização” da situação em Gaza, poderia dar aos acampamentos um megafone a partir do qual divulgar suas exigências e servir de base para uma ação coordenada em todo o país com a perspectiva de expandir os protestos.

As sementes de um novo movimento anti-guerra que une estudantes e trabalhadores

Expandir os acampamentos e “ativar” o apoio ao seu redor é uma tarefa crucial nos próximos dias e semanas, quando os acampamentos provavelmente enfrentarão maior repressão, por um lado, e o final do semestre e tudo o que isso acarreta, por outro. É a melhor forma de defender os protestos tanto contra a repressão como contra a cooptação, precisamente porque pode limitar o raio de manobra tanto das universidades como do Estado. Já vimos em Columbia como a indignação pública face à repressão deteve a mão das reitorias, mesmo que apenas a curto prazo. Poucas horas depois de mil manifestantes terem inundado o gramado da universidade em resposta às ameaças de desocupação por parte da reitoria, Columbia e Barnard começaram a fazer concessões para estudantes suspensos e adiaram os prazos para “negociações” com representantes estudantis.

Não se trata de colocar mais pessoas em risco; expandir o movimento requer transformar os acampamentos em locais de organização e deliberação que discutam o caminho a seguir para atrair mais setores para a luta e para se defenderem contra a repressão e garantirem a continuação dos protestos. Muitas das ocupações já desenvolveram órgãos que discutem o funcionamento dos acampamentos, os desafios que a ocupação enfrenta e a tomada de decisões diárias; alguns até realizam “assembleias” para divulgar informações e votar resoluções. Estas formas de auto-organização a partir de baixo estão livres das reitorias e dos políticos que trabalham contra as exigências do movimento; tornam os acampamentos verdadeiramente “nossos”, no sentido de que são os membros do acampamento que tomam as decisões.

Ao assumirem uma nova escalada na luta pela Palestina, os acampamentos – auto-intitulados “Universidades Populares” – estão expondo a exploração do sistema universitário que serve como pólo ideológico para o regime imperialista. Com muitos corpos estudantis tendo aprovado resoluções bem-sucedidas de desinvestimento a Israel, a repressão dirigida pelas reitorias contra os acampamentos é um sinal claro de que as universidades, tal como estão, estão firmemente ao lado dos capitalistas e dos seus políticos que apoiam o genocídio para proteger seus interesses - não do lado de seus alunos, professores ou funcionários. São instituições que forçam os estudantes a se endividarem profundamente apenas para serem atirados de volta para a máquina capitalista da obtenção de lucros, ao mesmo tempo que exploram professores e funcionários cada vez mais precários. Os acampamentos são um vislumbre da possibilidade de universidades libertas destas amarras: universidades abertas a todos, verdadeiramente acessíveis a todos, onde todos os estudantes recebem os recursos para se concentrarem nos seus estudos, e onde o conhecimento produzido nessas instituições serve aos interesses dos trabalhadores, dos oprimidos e da sociedade em geral, não dos capitalistas e do seu impulso para destruir o planeta.

À medida que os acampamentos crescem, órgãos de auto-organização devem se expandir para incluir todos os setores representados nos protestos – incluindo professores, funcionários e a comunidade – a fim de responder às circunstâncias em rápida mudança e de expandir as possibilidades das ocupações e das ações que realizam. Com a vantagem de limitar o espaço físico, as ocupações têm a possibilidade de servir como centros para organizar uma ampla solidariedade na luta contra o financiamento ao genocídio em Gaza pelo imperialismo norte-americano. O apoio à Palestina toca os corações de centenas de milhares de pessoas nos Estados Unidos – pessoas que estão indignadas com a máquina imperialista de obtenção de lucros, que protestam contra a repressão policial e pelo direito de defender os nossos movimentos sociais – garantir o poder de permanência do movimento pró-Palestina exige reunir esses setores numa luta comum.

Isto significa que assembleias e espaços de reunião não podem ser apenas órgãos administrativos que tomam e executam decisões com base nas necessidades imediatas e que estão no terreno todos os dias. Além de abordar assuntos específicos do funcionamento diário da ocupação, essas assembleias poderiam ser espaços para discutir como levar o movimento adiante com propostas ousadas e amplo apoio. Isso requer converter as assembleias em locais onde os participantes debatem posições e propostas com a mais ampla democracia e participação possível. Essas assembleias devem eleger representantes para coordenar a luta no acampamento; seriam responsáveis ​​por organizar os passos importantes que precisam ser dados pelos acampamentos de acordo com as discussões e deliberações das assembleias, incluindo a articulação de demandas e negociação com eventuais dirigentes universitários. Esses representantes devem ser responsabilizados perante as assembleias.

Os acampamentos surgiram espontaneamente, principalmente como resultado dos esforços de organizações universitárias que lideram ações de solidariedade pró-Palestina. Um passo para expandir a luta que ocorre nos campi universitários poderia ser a criação de uma rede no movimento estudantil que se dedicasse a discutir o caminho a seguir para o movimento - incluindo campanhas comuns e um plano de ação para proteger o movimento da repressão e para partir para a ofensiva com suas demandas. Isso poderia facilitar ações comuns entre campi da mesma região, bem como em todo o país.

Está nas nossas mãos coordenar a luta pela Palestina e contra o genocídio a nível municipal, regional e nacional nos EUA. Os estudantes poderiam discutir as bases pelas quais isso pode acontecer, elegendo representantes para se reunirem com membros e representantes de outros acampamentos para discutir como implementar as decisões votadas nas assembleias, criando um plano de ação nacional para unificar e mobilizar o apoio à Palestina, não apenas entre o movimento estudantil, mas que abarque todos aqueles que se opõem ao genocídio.

Esse último ponto requer iniciativas ousadas em termos de expansão do movimento, indo além dos limites dos campus universitários que, em última análise, representam apenas uma pequena parte da população que apoia a Palestina. No espírito da Primeira Intifada na Palestina e das revoltas dos movimentos estudantis na década de 1960, é necessário unir o movimento estudantil com o movimento operário e com a classe trabalhadora em geral. É essa unidade que pode organizar o apoio à Palestina e contra a cumplicidade dos Estados Unidos no genocídio em grande escala, um genocídio que abala a estabilidade internacional e não pode ser facilmente silenciado.

A solidariedade dos sindicatos de professores e funcionários, bem como do movimento operário em geral, em resposta à repressão dos acampamentos – para além de numerosas declarações sindicais chamando um cessar-fogo – aponta nessa direção. Muitos dos militantes que participam nos acampamentos ou que protestam ao lado deles em solidariedade provavelmente pertencem a sindicatos, fora e dentro da academia. De dentro destes sindicatos - e provavelmente na luta contra as suas lideranças com ligações ao Partido Democrata - as bases podem mobilizar os seus locais de trabalho para participarem nas ocupações e organizarem a solidariedade de fora, preparando para se mobilizarem sempre que as ocupações enfrentem repressão, e convocando o movimento operário mais amplo para que tome uma posição contra a repressão estatal e contra a utilização do seu trabalho para travar uma campanha assassina contra o povo da Palestina. Isso requer espaços democráticos para as bases organizarem sua solidariedade.

Nos últimos anos, a classe trabalhadora ganhou uma nova consciência do seu poder de fazer a sociedade funcionar; uma nova geração chegou à conclusão de que podemos lutar pelos nossos direitos quando estamos organizados nos nossos locais de trabalho e nas escolas. Os acampamentos podem articular e amplificar essas mudanças e dirigir o poder da classe trabalhadora e dos movimentos sociais contra o regime imperialista sangrento que oprime a classe trabalhadora e os pobres em todo o mundo, dos EUA à Palestina. Podemos definir os nossos horizontes na retomada das nossas universidades e no boicote a Israel, sim, mas também na retomada do nosso trabalho nesse regime sangrento, nos recusando a produzir e transportar as ferramentas da opressão de Israel ao povo palestino.

A expansão dos acampamentos para universidades em todo o país e a sua resposta à imensa repressão do Estado poderia mudar qualitativamente o curso do movimento por uma Palestina livre. Agora, mais do que nunca, frente à imensa repressão das universidades e do Estado, é necessário expandir o movimento e tomar nas nossas próprias mãos a organização da luta que se segue. A unidade do movimento estudantil com o movimento operário poderia desferir um duro golpe na ordem mundial imperialista e abrir caminho à luta por uma Palestina livre, secular e socialista, onde árabes e judeus possam viver em paz.




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