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II SEMINÁRIO DE NEGROS | Depoimentos para o II Seminário de Negros e Negras da CSP

sábado 23 de abril de 2016 | Edição do dia
  •  A UERJ, uma universidade pioneira no sistema de cotas hoje se encontra em mais um processo de luta que tem como uma das reivindicações o pagamento dos salários atrasados dos terceirizados que são e, em sua maioria, mulheres negras. Aos negros que furam o filtro social do vestibular a universidade reserva uma bolsa com um valor baixíssimo, impossível de garantir a permanência dentro da universidade, que por sua vez também se encontram atrasada. Essas são algumas das questões enfrentadas pelos negros, que na cidade do Rio de janeiro enfrentam cotidianamente desde claros "pedágios raciais’, como ficou conhecida a mudança nas linhas de ônibus da cidade ao assassinato constante exercido pela PM e pelos batalhões especiais, como o BOPE. (Isabela – CASS UERJ)
  •  Como mulher negra universitária, vejo a importância de ocupar o espaço da universidade pública e que a organização dos estudantes a partir de suas ferramentas de luta, que são as entidades estudantis como Centros Acadêmicos, núcleos de resistência etc. faz da nossa luta contra a estrutura de poder racista da universidade, por cotas raciais já e pelo fim do vestibular, mais forte e potente. Desde o CACH-UNICAMP [Centro Acadêmico de Ciências Humanas] travamos duras batalhas para transformar o caráter dessa universidade branca e racista, que não adere as cotas raciais e que perpetua o racismo institucional no seu modelo de ensino, em sua composição e na exploração do trabalho precário terceirizado de negras e negros. (Rebeca – CACH UNICAMP)
  •  Falar da mulher negra é falar de mim mesma, nós negros sempre temos os cargos menores, sofremos discriminação no emprego, no ônibus, em uma loa quando entramos, pois por mais que a pessoa tenha dinheiro é sempre humilhada e sofre com o racismo. Por exemplo, por mais que uma mulher negra tenha muito estudo, cursado uma faculdade ela nunca vai ganhar o mesmo que uma mulher loira e branca, ela sempre ganha um salário inferior ao das pessoas brancas e sempre nos sobre os piores serviços principalmente quando essa mulher negra não tem estudo e aí só tem serviço como terceirizada, que pagam menos, nos humilham é isso que nos sobra. (Vilma – trabalhadora do bandejão da USP)
  •  O governo do PT abriu espaço para essa direita hoje querer atacar ainda mais os direitos dos trabalhadores, sabemos que nessa briga de “GIGANTES” quem sofre ainda mais são os negros, que morrem assassinados pela policia, com a falta de emprego ou trabalhos precários, que entraram nas universidades, mas não conseguem permanecer e mesmo com planos do governo vão adquirindo uma divida gigantesca. Queremos abolir a divisão social do trabalho e controlar os meios de produção, basta que políticos corruptos e com mentalidades medievais. Nossa história é a história da luta de classes e da luta nós mulheres negras nunca nos retiramos por osso precisamos nos organizar junto aos trabalhadores e a juventude negra e branca, para acabar com o capitalismo e arrancar nossos direitos! ( Tristan Jenifer – Executiva nacional da ANEL)
  •  Sou um dos coordenadores da secretaria de negras e negros e combate ao racismo aqui do Sindicato dos trabalhadores da USP, a gente vem impulsionando essa secretaria principalmente depois da greve de 2014 uma das maiores da universidade e nesse momento vários trabalhadores (as) negros aqui da USP lutando contra o governo e começaram a se dar conta da importância do combate ao racismo cotidiano que a gente vive. Os trabalhadores negros nacionalmente recebem um salário inferior ao e um trabalhador branco, mesmo fazendo as mesmas funções, isso se expressa no nível absurdo de exploração com o trabalho terceirizado onde o racismo é sim utilizado pelo capitalismo para poder ampliar a exploração de mais de 12milhões de trabalhadores em todo o país. E é por isso que o racismo precisa ser ago que os trabalhadores do conjunto da classe assumam para si a tarefa de combater e destruir. A nossa perspectiva é de entender que só é possível acabar com o racismo se a gente ataca a sociedade na qual ele se desenvolveu (o capitalismo) e justamente por entender que essa é a única perspectiva de um combate consequente ao racismo é que é fundamental que os trabalhadores assumam em suas mãos essa demanda. Pois os trabalhadores são uma classe estratégica que se paralisa a produção pode colocar de joelhos a burguesia, essa classe dominante racista que no nosso país é herdeira dos latifundiários e escravocratas. Por isso é importante que na secretaria de um sindicato os trabalhadores assumam essa luta, no ano passado fizemos uma serie de atividades no nosso sindicato entre elas uma campanha de solidariedade aos nossos irmãos haitianos e por essa via levamos roupa, alimento e a nossa solidariedade política e material, esse ano é ainda mais importante aprofundar esse debate, pois os efeitos da crise econômica/ ajustes seja de um governo do PT ou um governo golpista que tende a assumir o governo do país nos próximos dias, a nossa classe vai ter que cerrar fileiras para combater cada uma dessas medidas pois ela vai atacar em primeiro lugar os negros e principalmente as mulheres negras. (Marcelo Pablito - diretor do SINTUSP)


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