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LAVA-JATO E OS TUCANOS | FHC teria recebido propina de US$ 100 milhões em venda de petrolífera

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou que a venda da empresa petrolífera argentina em 2002, Pérez Companc, envolveu uma propina ao Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) de US$ 100 milhões. As informações constam de documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT/MS) preso em exercício, em 2015, e ex-líder do governo no Senado.

terça-feira 12 de janeiro de 2016 | 00:05

O papel apreendido é parte do resumo das informações que Cerveró prestou à Procuradoria-Geral da República antes de fechar seu acordo de delação premiada. O documento foi apreendido no dia 25 de novembro, quando Delcídio foi preso sob acusação de tramar contra a Operação Lava Jato. O senador, que continua detido em Brasília, temia a delação de Cerveró.

Carlos Menen

Neste documento, o ex-diretor não explica para quem teria ido a suposta propina ou quem teria feito o pagamento. Cerveró citou o nome "Oscar Vicente", que seria ligado ao ex-presidente argentino peronista Carlos Menem (1989-1999).

"A venda da Pérez Companc envolveu uma propina ao Governo FHC de US$ 100 milhões, conforme informações dos diretores da Pérez Companc e de Oscar Vicente, principal operador de Menem e, durante os primeiros anos de nossa gestão, permaneceu como diretor da Petrobrás na Argentina", relatou Cerveró.

“Prêmio” de US$ 1 milhão

Em outubro de 2002, a Petrobras comprou 58,62% das ações da Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc. Na época, a Pecom, como é conhecida, era a maior empresa petrolífera independente da América Latina. A Petrobras, então sob o comando do presidente Francisco Gros, pagou US$ 1,027 bilhão pela Pérez Companc.

No documento, o ex-diretor citou valores que teriam feito parte da negociação. "Cada diretor da Pérez Companc recebeu US$ 1 milhão como prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente, US$ 6 milhões. Nós juntamos a Pérez Companc com a Petrobras Argentina e criamos a PESA (Petrobras Energia S/A) na Argentina."

Tucanos, também mergulhados na Lama da Lava-Jato

Cerveró já foi condenado na Lava Jato. Em uma das ações, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da operação na primeira instância, impôs 12 anos e 3 meses de prisão para ex-diretor da Petrobras. Em sua primeira condenação, Cerveró foi condenado a 5 anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.

Sabe-se que Delcídio Amaral, tem uma trajetória política ligada ao PSDB antes migrar de para o PT em 2002, como já afirmamos em outro artigo: “Delcídio do Amaral é parte dos setores empresariais e políticos de outros partidos que correram para aderir ao PT e ao governismo quando havia claros sinais de que o PSDB perderia as eleições em 2002. Numerosos empresários fizeram isto. Políticos também. Dilma pulou do PDT ao PT, o salto de Delcídio foi maior, do PSDB para o PT.”

Delcídio, em meados do governo FHC, assumiu uma importante diretoria da Petrobrás. Daí também sua ligação, que ficam explícitas na delação de Cerveró, com políticos e empresários ligados ao PSDB. Estas denúncias, se somam a outras que relacionam a lama de corrupção da lava-jato com os tucanos, atingindo desde a cúpula de SP até MG, de Alckmin (via cartel dos trens) até Aécio.

A cada nova denúncia, em meio às investigações da Lava-Jato, fica evidente o quanto PT, PSDB e todos demais partidos da burguesia estão envolvidos até o pescoço na sujeira da corrupção junto a empresários, bancos, grandes multinacionais locais e estrangeiras e até mesmo, envolvendo políticos e empresários de países vizinhos como a Argentina.

O PSDB vem se utilizando porém da estratégia de buscar impor a agenda do impeachment de Dilma, buscando também aparecer enquanto partido "limpo". Porém, as últimas denúncias da Lava-Jato novamente envolvendo o PSDB, apontam o quanto a investigação está respingando no próprio PSDB que, inclusive, se apoiava nos resultados da Lava-Jato para justificar o impeachment. O que se conclui de toda esta lama, é que a corrupção é necessária para que a burguesia possa garantir seus interesses de lucros e ao mesmo tempo em que favorece os privilégios dos políticos, estes mesmos governam para os ricos.

Por isto, a única saída capaz de defender, contra todos os partidos envolvidos nos esquemas de corrupção e que controlam o Congresso, a justiça e as estatais; os trabalhadores e o povo pobre do ajuste que ataca suas condições de vida e seus direitos, é preciso que os trabalhadores e a juventude sejam sujeitos políticos e reorganizem o país. Para esta tarefa a luta por uma Assembleia Constituinte imposta pela mobilização popular, independente dos governos, da oposição de direita e do PT.

Esquerda Diário com informações da Agência Estado.




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