Candidata do PT, que conta com apoio do PSOL, fez proposta num encontro com Sindicato da Guarda Municipal do Recife. Cabe lembrar que essa proposta é embandeirada pela direita e extrema direita.
sábado 22 de agosto de 2020 | Edição do dia
Com a campanha eleitoral a pleno vapor, os candidatos começam a apresentar suas "propostas". Marília Arraes, neta do falecido Miguel Arraes, disputa a prefeitura do Recife pelo PT, se colocando contra a extrema direita bolsonarista e contra o PSB, que teria perdido o rumo original. Nessa empreitada, conta também com o apoio do PSOL.
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No entanto, uma das primeiras propostas de Marília são dignas da extrema direita bolsonarista. Em um encontro com o Sindicato da Guarda Municipal do Recife, Marília disse que poderia armar a guarda municipal. Vale lembrar que tal possibilidade foi aberta pelo Estatuto Geral das Guardas Municipais, sancionado em agosto de 2014 pela então presidente Dilma Rouseff.
Tal proposta é comumente vista nas bocas de personalidades de direita e extrema direita, como Bolsonaro, Crivella e Doria. Onde tal medida foi implementada, não diminuiu a violência e aumentou a repressão. Em Niteroi, a população rechaçou o armamento da Guarda Municipal em plebiscito realizado em 2017. Além disso, as "forças de segurança" são uma importante base do bolsonarismo e seu fortalecimento pelos governos está diretamente ligado a ascensão da extrema direita na região Nordeste, como vimos no motim miliciano no Ceará no início do ano.
Num momento em que vemos o fortalecimento das milícias no país e aqui na região, em que as massas dos EUA questionam a violência policial e pedem pelo fim da polícia, a política petista e de Marília Arraes vai no sentido contrário de tudo isso e abre o caminho para a extrema-direita avançar ainda mais no Nordeste, região onde era mais débil. Vale lembrar que Camilo Santana, governador petista do Ceará, também reprimiu as manifestações antifascistas e antirracistas. Nesse sentido, é desastrosa a decisão do PSOL de abrir mão de uma candidatura própria para apoiar Marília, decisão que contou com apoio de correntes que se revindicam trotskystas como a Resistência e a Insurgência.
Chamamos os companheiros dessa corrente a rever essa política, assim como também convocamos o Bloco de Esquerda Radical do PSOL e o PSTU a colocar de pé um polo de independência de classe que possa realmente enfrentar a extrema-direita.