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EDUCAÇÃO PÚBLICA | 30 das 94 escolas fechadas por Alckmin têm desempenho acima da média estadual

sexta-feira 30 de outubro de 2015 | 00:02

Das 94 escolas da rede estadual paulista que serão fechadas no próximo ano, 30 tiveram em, ao menos um ciclo de ensino, desempenho superior à média do Estado no Idesp de 2014, principal indicie utilizado pelo governo para classificar o desempenho das escolas. Além disso, 15 unidades que serão fechadas já têm só um dos três ciclos - fundamentais 1, 2 ou médio -, que é o que prevê a reorganização adotada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

O Idesp é índice utilizado pelo próprio governo do estado para criar um ranking entre as escola pública em São Paulo. Os fatores que compõe esse indicie tem, entre outros indicativos, o SARESP (avaliação estadual), percentual de evasão escolar e alunos retidos. Ainda que o Idesp seja questionado pelos professores e intelectuais da educação, em especial por criar uma lógica reformadora a partir da meritocracia e competição entre as escolas, a contradição que o governo lança contra seus próprios critérios demonstra que seus objetivos são de impor mudanças estruturais na educação pública, independente de qualquer parâmetro.

A mudança foi anunciada em setembro, mas a lista das escolas que terão todos os alunos transferidos para outras unidades só foi divulgada ontem. Segundo a Secretaria da Educação do Estado (SEE), 25 dessas escolas são da capital, 20 da região metropolitana, 45 do interior e 4 da Baixada Santista.

A pasta ainda disse que 754 colégios passarão a ter só um ciclo de ensino no próximo ano - cerca de 20% deles na capital. Com isso, 2.197 escolas terão ciclo único na rede em 2016, o que representa 43% das 5.147 escolas do sistema estadual.

Entre as escolas fechadas há unidades com desempenho muito acima da média do Estado. É o caso da Pequeno Cotolengo de Dom Orioni, em Cotia, na Grande São Paulo, que funcionava em um prédio alugado. A unidade tem os três ciclos de ensino. E em todos teve desempenho superior à média paulista. A maior diferença de resultado em 2014 foi no fundamental 2: a média do Estado foi de 2,62 e a escola atingiu a nota 3,87.

A Escola Professor João Nogueira Lotufo, na zona norte, já tem só um ciclo de ensino, o fundamental 1 (do 1.º ao 5.º ano). O colégio teve nota 6,1 no Idesp de 2014, enquanto a média estadual na etapa foi de 4,76. O argumento do governo Alckmin para reformar a rede é de que há escolas com espaços ociosos e, ao reorganizá-las, é possível melhorar a qualidade do ensino com unidades de ciclo único.

O fato de parte das escolas fechadas ter média maior no Idesp ou já abrigar ciclo único, para Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), mostra inconsistência nos argumentos da secretaria. "Não faz sentido apresentar reforma tão ampla sem um estudo detalhado."

Segundo Danilo Magrão, diretor pela oposição da APEOESP "a lógica do fechamento das escolas questiona os próprios objetivos dos índices utilizados pelo estado, como o Idesp. Está evidente que seus critérios nunca foram pedagógicos, mas da lógica privatista e empresarial de segregar escolar a partir de critérios absolutamente questionáveis."




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