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Editorial do MRT - São Paulo | Unificar a classe trabalhadora paulista para derrotar Tarcísio e Nunes

Diante dos inúmeros ataques do governo de extrema direita de Tarcísio de Freitas e do prefeito bolsonarista Ricardo Nunes é preciso unificar a nossa classe e o povo pobre para derrotar todos os seus planos. Isso não vai se dar com conciliação. Cada pacto com a extrema direita apenas a fortalece.

Thiago FlaméSão Paulo

Grazi RodriguesProfessora da rede municipal de São Paulo

terça-feira 23 de abril | Edição do dia

Várias categorias estão se movimentando em lutas parciais contra os ataques do governo e da prefeitura. Os professores da rede estadual de São Paulo estão convocando um dia de paralisação para enfrentar os ataques de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e defender a educação da ofensiva reacionária da extrema direita institucional do governador e seu aliado Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo. Também os metroviários, professores e servidores municipais e outras categorias vêm lutando contra os ataques da extrema direita em São Paulo. Mas as centrais sindicais, em especial os sindicatos da CUT em São Paulo, precisam romper com os pactos entre o governo da frente ampla e Tarcísio e organizar uma paralisação e um plano de lutas unificado de toda a classe trabalhadora paulista para derrotar nas ruas a extrema direita. Do contrário os ataques vão seguir.

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O que Tarcísio e o bolsonarismo oferecem são inúmeros ataques à educação especialmente aos professores Categoria O e agora querendo substituir professores por ChatGPT, mais precarização do trabalho, privatização da água - como vimos com a aprovação da privatização da SABESP em primeiro turno na Câmara dos vereadores -, privatização do Metrô, da CPTM, e do conjunto dos serviços públicos, um ensino robotizado e escolas precárias, junto com uma brutal repressão como estamos vendo na Baixada Santista - cujo número de mortes permite dizer que é uma das maiores chacinas da história de São Paulo, revelando todo o racismo do governador e da sua polícia assassina. Com visita a Israel em meio ao genocidio brutal do povo palestino, Tarcísio mostra claramente o que ele representa. Ao contrário dos que tentam apresentá-lo como moderado e racional, ele é a versão paulista, bem vestida e bem comportada, da extrema direita bolsonarista e trumpista.

E para todos esses ataques, Tarcísio se apoia em medidas e na política de conciliação do governo Lula. Como ele mesmo disso, foi o governador que recebeu “o maior cheque do governo Lula”, com R$10 bilhões justamente para a privatização da CPTM e do Metrô. O arrocho em SP se apoia no arrocho imposto por Lula aos servidores federais, como manda o Arcabouço Fiscal. Sobre as chacinas em SP, nem uma palavra de Lula. Trata-se de um verdadeiro pacto entre Lula e Tarcísio, como o editor do Esquerda Diário, Danilo Paris, desenvolveu no artigo “Fim da lua de mel do governo Lula-Alckmin”, disponível aqui.

Assim, em São Paulo vemos como a promessa de conter a barbárie que Bolsonaro e Tarcísio representam com o “mal menor” tem o efeito contrário, e acaba fortalecendo estrategicamente e abrindo caminho para um novo fortalecimento da extrema direita, na sua versão institucional representada por Tarcísio.

O papel que está cumprindo o governo Lula, e o pacto com o governador de São Paulo, é o de garantir a estabilidade do regime e todo o legado dos brutais ataques dos governos golpistas de Temer e Bolsonaro. Em torno do arcabouço fiscal e da manutenção da reforma do ensino médio, do PL da uberização, da manutenção da reforma trabalhista e da reforma da previdência, o que Lula e a Frente Ampla, junto com o STF, mas também nestes pactos com a extrema direita institucional, busca é estabilizar um novo regime político.

É nesse contexto que a pactuação de Lula com Tarcísio cumpre um papel fundamental. Os dois representam a esperança para a burguesia do retorno a condições mais normais, de alternância de poder, mas em condições de exploração muito superiores. A Frente Ampla, em nome de uma paz social que blinda os interesses das elites, dá apoio para Tarcísio e demais governadores da oposição.

As eleições de outubro, nesse contexto, não trazem a esperança de algo mais que o menos pior. A grande “novidade” de São Paulo, Guilherme Boulos, que pelo PSOL encabeça a aliança com o PT com chances de vitória, já mostrou que é a cara paulistana da frente ampla, ou seja, mais do mesmo. Muitos poderiam ter a esperança de que o militante do MTST poderia vir para polarizar à esquerda a disputa política e uma eventual gestão municipal, mas o silêncio de Boulos frente à greve justamente dos trabalhadores municipais de São Paulo contra Nunes (link) já mostrou o contrário. Boulos, ao trazer a Marta como vice, uma apoiadora do golpe de 2016 e da reforma trabalhista, já deixou evidente que o caminho é exatamente o mesmo de Lula. Se Tarcísio apoiasse Boulos, esse já deixou claro que aceitaria.

Basta de paralisia das centrais sindicais, exigimos uma paralisação unificada já contra todos os ataques

A paralisação dos educadores estaduais, marcada para esta sexta-feira, dia 26/04, não é um ponto isolado. As greves das universidades federais e as diversas greves da educação e outros setores em curso no país são uma pequena mostra de que existem forças e disposição de luta, a exemplo da recente greve das educadoras e do funcionalismo municipal de São Paulo - uma dura luta travada contra o também bolsonarista prefeito Nunes. Como mostram também os movimentos que começam a se fortalecer em vários estados contra a repressão policial, que tem em São Paulo a força das mães de Paraisópolis na linha de frente dessa batalha.

Durante a greve das e dos servidores municipais, que aconteceu entre 8 e 28 de março, nós do Movimento Nossa Classe batalhamos por um caminho que consideramos decisivo para que as lutas pudessem ser vitoriosas: a unificação das lutas em curso, unindo a nossa classe, para golpear Tarcísio e Nunes com um só punho. Em cada categoria que atuamos lutamos por essa perspectiva e exigimos dos sindicatos uma luta unificada.

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A CUT, Central petista à qual são filiados o SINPEEM, SINDSEP e a APEOESP - as entidades envolvidas nesse processo - impediu que essa unificação fosse votada em assembleia durante a greve dos municipais, da mesma forma que no ano passado se negou a convocar uma paralisação unificada ao lado dos metroviários, da CPTM e da Sabesp, para unir a luta em defesa da educação, e a luta contra as privatizações. Agora que está convocada a paralisação dos professores estaduais e os metroviários estão sob forte ataque do governo Tarcisio, com demissões, perseguições ao Sindicato e lutadores, e anúncios de mais privatização. Se coloca então mais uma vez a necessidade e a oportunidade para avançar na unificação das lutas.

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E é na perspectiva de batalhar para que as e os trabalhadores possam se organizar com independência política, dar o combate aos sindicatos pela exigência de uma luta unificada e superar essas direções, que nós do Movimento Nossa Classe viemos batalhando em cada local de trabalho onde estamos, a exemplo do 14º Congresso dos Metroviários de São Paulo, onde atuamos como ala minoritária da diretoria, em defesa da independência de classe, das e dos trabalhadores terceirizados, pela necessidade de lutarmos de forma unificada contra Tarcísio e a precarização de nossa classe, chamando também a unidade para barrar a ofensiva repressiva contra o sindicato e os que lutam contra a privatização. Também na Subsede da APEOESP em Santo André, onde somos parte majoritária da diretoria, onde realizamos recentemente o lançamento do Manifesto contra a Terceirização e a Precarização do Trabalho, com a participação de Jorge Luiz Souto Maior - Professor da USP e juiz do trabalho, localizando as dezenas de milhares de professores Categoria O e a necessidade da sua efetivação imediata e sem concurso, por dentro da luta contra a precarização. Com a mesma perspectiva nos preparamos para o 8o Congresso das(os) Trabalhadoras(os) da USP, para manter a aprofundar a tradição de classismo e independência do sindicato e construir a unidade na luta contra Tarcísio.

Não há alternativas para enfrentar Tarcísio que não seja unificando nossa classe. Por isso, chamamos todos a batalhar pela exigência a que as centrais sindicais convoquem, para além das lutas em curso, uma paralisação unificada contra Tarcísio, Nunes e todos os ataques, denunciando o pacto Lula-Tarcísio que fortalece a extrema direita, mostrando que o caminho para derrotar os ataques é na ruas.




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