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RACISMO NOS ESTADOS UNIDOS | 82 mil pessoas pedem liberdade para Jasmine nos EUA

quarta-feira 8 de junho de 2016 | Edição do dia

O racismo persegue negros em todas as partes do mundo. Perseguidos desde que os traficantes de escravos perceberam que os negros eram mais valiosos do que o algodão ou o café que plantavam. Desde que perceberam que ao nos desarticular e dividir, nos enfraquece, desde que perceberam que ao colocar que nossos rivais e inimigos são os outros povos, sejam eles brancos, indígenas ou asiáticos, e não aqueles que empunham os chicotes, as armas de pólvora ou que enriquecem às custas das nossas vidas. Assim nós estaremos sempre perdendo enquanto eles ganham, pois até os dias de hoje, quando os grandes burgueses perceberam que os negros organizados são um elemento explosivo, seguimos sendo perseguidos.

O Black Lives Matter surge com resposta ao silêncio perante a morte dos jovens negros nos EUA, e agora, seus militantes estão na mira da perseguição policial. Jasmine “Abdullah” Richards, 28 anos, ativista do BLM foi presa em Pasadena, Califórnia por “crime de linchamento” (“Felony Crime” em inglês). Para além do absurdo destra acusação, felonia, era um termo usado no Brasil durante a época da escravidão para descrever “REBELIÃO DE VASSALO PARA COM O SEU SENHOR”. Sim você leu certo. Apenas este termo já marca o quanto racista é esta acusação, porém é importante destacar que É A PRIMEIRA VEZ QUE UMA NEGRA É ACUSADA DE LINCHAMENTO NOS ESTADOS UNIDOS. A lei de linchamento foi criada para combater a perseguição sistemátia que os negros sofriam durante o príodo da segregação racial nos EUA. Vamos aos fatos: Ao impedir uma mulher negra de ser presa pela polícia durante um ato pacífico em setembro de 2015, Jasmine foi presa por, segundo os policiais, incitar a multidão a agir contra aos policiais e tentar libertar a mulher que estava sendo algemada. Esta acusação pode fazer Jasmine pegar uma pena de até 4 anos de prisão, em uma prisão estadual. Ela também está sendo acusada de ameaças terroristas, assalto, invasão de propriedade, não cumprimento de ordens de oficiais de paz , perturbando a paz , não ter uma licença para som amplificado os pequenos furtos. Nenhuma dessas acusações possui qualquer prova que justifique a prisão de Jasmine. No mesmo dia um rapaz branco, Taylor, de 20 anos, estudante da Universidade de Stanford, foi preso acusado de estuprar uma estudante do campus da universidade aonde o jovem estudava, ao encontrá-la embriagada e desacordada. Em vez de procurar ajuda ou acompanhá-la para casa ou para uma sala de emergência, ele a estuprou. Porém, diante de um simpático juiz Aaron Persky, que se identificou com o aluno branco da elite local, Taylor conseguiu escapar à pena máxima - um período de 14 anos na prisão estadual - e, em vez , servirá de três a seis meses na cadeia do condado, que pode ser considerado no Brasil o regime semiaberto, mostrando que a cultura do estupro, tão presente no cotidiano das mulheres no Brasil e no mundo e escancarado no caso da jovem que foi violentada por 33 homens no Rio de Janeiro.

MOMENTO DA PRISÃO DE JASMINE

Imediatamente o BLM iniciou uma campanha pela libertação da ativista, que é reconhecida com uma das lideranças do movimento na Califórnia, que chegou a conseguir U$90.000, para pagar uma possível fiança e os advogados que iriam acompanhar o caso. Conforme o caso foi tomando espaço e conhecimento público através da internet, foi lançada a campanha #freejasmine, que desde a última sexta-feira até a tarde de ontem havia conseguido reunir cerca de 82 mil assinaturas em uma carta de intenções que questionava a juíza responsável pelo caso, Elaine Lu.

"Obviamente , a polícia, a promotoria pública, e todo o sistema está tentando fazer do caso de Jasmine um exemplo, usando esta acusação ultrajante para intimidar outros militantes de lutar pelo fim do terror policial e outras formas de violência do Estado contra o povo negro", disse, que previu "Não vai funcionar"

Em carta, o Black Lives Matters colocou "Se houver uma recusa para a revisão da condenação, queremos a sentença mais justa possível sem tempo de prisão", o grupo exigiu. "Queremos que todas as outras acusações pendentes sobre Jasmine Abdullah (Richards) e todos os outros manifestantes do Black Lives Matters, seus ativistas e organizadores e todos os outros presos políticos sejam descartadas imediatamente."

Esta é a carta que foi enviada para a juíza Lu:

Cara juiíza Lu,

Estou escrevendo para pedir que você não condene a ativista do Black Lives Matters, Richards Jasmine ’Abdullah’, a qualquer tempo de prisão pela absurda acusação de ’tentativa de linchamento’, pela qual ela está sendo indiciada.
Como você sabe, o crime a qual Jasmine foi indiciada sob foi criado para proteger os negros da violência baseada em raça, no auge da epidemia de linchamento da América. É extremamente insultuoso para comunidades negras de Pasadena e todas as pessoas de consciência para usar esta lei para prender uma ativista política negra não-violenta.

Como juíza, você jurou defender a Constituição, incluindo os nossos direitos de reunião pacífica e liberdade de expressão. Independentemente disso, de como você pode sentir-se sobre a causa da responsabilização da polícia, aprisionando Jasmine para o que aconteceu na Marcha da Paz que a mesma organizou em 2015 seria um precedente perigoso e apenas exacerbam a falta de confiança que ascomunidades negras têm no sistema de justiça criminal.
Por favor, não permita que o seu tribunal para ser usado como uma ferramenta de intimidação e retaliação. Recuse-se a condenar Jasmine à prisão.
Obrigado,

[ASSINE SEU NOME]

Porém os esforços para que Jasmine não fosse condenada não surtiram efeito e ela foi condenada na manhã desta terça-feira, 07 de junho, à 90 dias de prisão na penitenciária estadual e 3 anos de condicional, tornando-a a primeira mulher negra as ser condenada por "linchamento". Cerca de 200 pessoas se reuniram em frente ao tribunal hoje para mostrar apoio a Jasmine. A advogada de Jasmine, Nana Gyamfi, disse que irá recorrer da sentença, embora seja pouco provável que tenha um efeito sobre a quantidade em que Jasmine ficará detida. Entretanto, Gyamfi disse que o caso de Jasmine tem solidificado apoio ao movimento Black Lives Matters. "As pessoas que estiveram à margem agora têm pulado para o lado certo da história", disse ela após a audiência. Antes do resultado da condenação de Jasmine, a senadora estadual Holly Mitchell criticou o veredicto:

"Infelizmente , neste caso, é susceptível de contribuir para a noção de que a justiça é aplicada seletivamente ", disse ela em um comunicado.

Devemos dar todo nosso apoio a Jasmine e aos negros que lutam em qualquer lugar do mundo, e seguir este exemplo para o principal preso político que temos hoje no Brasil que é o jovem Rafael Braga, preso durante os atos contra o aumento da passagem em 2013 pelo porte de um Pinho Sol, e que segue preso até hoje e nos organizar para lutar contar este sistema seletivo, racista e machista, que nos oprime e nos divide diariamente.

Libertade imediata para Jasmine e Rafael Braga. Seus Casos não passarão em vão.




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