domingo 21 de abril | Edição do dia
Recentemente o Comitê em Defesa das Terceirizadas, frente de ação que atua na Unicamp desde 2019, recebeu diversas denúncias de precarização do trabalho. Nós, do Esquerda Diário e da Faísca Revolucionária, reproduzimos essas denúncias abaixo de forma anônima, com o fim de expor as contradições presentes nesta universidade que é a Unicamp, que ao mesmo tempo que produz ciência de ponta com um acelerador de partículas e estudos sobre sociologia do trabalho, também é responsável pela produção de conhecimento em parceria com universidades do Estado de Israel que é responsável pelo genocídio do povo palestino, e também tem como empresa filha o iFood, que é uma das principais empresas que avançam com a uberização no Brasil.
Confira as denúncias:
- Os restaurantes no final de semana estão funcionando com 50% menos funcionários do que o necessário
- A empresa não está cumprindo o pagamento das horas extras
- Há trabalhadores que não recebem o vale alimentação desde ano passado
- Trabalhadora gestante está recebendo serviços pesados sendo que deveria estar afastada
- Atrasos de 10 minutos para iniciar o expediente implicam corte no Vale Alimentação e na cesta básica
- O fretado foi cortado, dificultando que trabalhadores cheguem no horário e possam ir embora
- O transporte público no final de semana é muito mais difícil no campus, há linhas que só passam durante a semana, dificultando a volta pra casa
- Não há participação nos lucros e resultados, apesar da empresa lucrar milhões
- Trabalhadores tem que trabalhar 7 dias na semana, em mais de um emprego, pois a renda é insuficiente
- É necessário pedir permissão para ir ao banheiro, sob risco de advertência
- O vale transporte por vezes é pago com 15 dias de atraso
- A empresa demite por justa causa injustificadamente apenas para não pagar recisão
- O plano de saúde é descontado em um valor superior ao descrito em contrato, e quando os trabalhadores ficam doentes e vão usar o benefício descobrem que o cartão está bloqueado
- Trabalhadoras não tem um representante da CIPA para fiscalizar os abusos e segurança no local de trabalho
A Unicamp sabe de tudo que acontece ali dentro, eles tão ali todos os dias conosco
Essa é a realidade nos bandejões da Unicamp. Enquanto se empilham denúncias das mais absurdas a reitoria da universidade é conivente com a empresa Soluções, e busca dividir estudantes e trabalhadores, pois se a abertura do restaurante universitário no final de semana é uma demanda legítima e que foi uma conquista da greve de 2023, ao mesmo tempo isso não pode significar uma grande intensificação da precarização do trabalho para os funcionários .É preciso que es estudantes, professores e trabalhadores se unam numa luta por mais contratações para que atendam a demanda sem sobrecarga de trabalho, pelo direito ao fretado e garantia de ida e volta também aos finais de semana, pelo pagamento de todos os benefícios atrasados e por ao acesso pleno ao CECOM (Centro de Saúde da Comunidade, serviço médico gratuito disponível a todos es funcionáries, docentes e discentes), e inclusive justamente para podermos garantir a consolidação dessa conquista fundamental para a permanência estudantil. E precisamos denunciar que isso não é um caso isolado, é a realidade da terceirização, por isso defendemos o fim terceirização e a efetivação de todes trabalhadores terceirizades, com mesmos salários, benefícios e direitos des trabalhadores efetivos, sem necessidade de concurso púlico.
Fazemos um chamado para todas as organizações do movimento estudantil, como o DCE, composto pelo Juntos!, Correnteza e PCB, e também setore do movimento estudantil como o Afronte, componham essa luta junto ao CDT. Apenas a unidade entre estudantes e trabalhadores pode garantir com que a conquista des estudantes não implique em mais precarização para os setores terceirizados que constroem nossa universidade.
